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Governo de SP considera ter respaldo para reabrir escolas, mas avalia estratégia para conter pânico

Projeção de matemático da FGV estima a morte de 17 mil crianças com a retomada das aulas presenciais no Brasil

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São Paulo

Diante do pânico gerado pela projeção de um matemático que estima a morte de 17 mil crianças com a retomada das aulas presenciais no Brasil, o governo de SP chegou à conclusão de que tem respaldo científico para manter o plano da educação, que estipula que as escolas serão reabertas quando todas as regiões do estado tiverem completado 28 dias na fase amarela, a terceira da retomada, com uma previsão de que isso se dê em 8 de setembro.

O governador João Doria convocou o secretário de Educação, Rossieli Soares, para participar da entrevista coletiva sobre a pandemia que acontece hoje, às 12h45, a fim de conter a crise. Na quinta-feira (17), o membros do governo fizeram uma reunião para debater o tema.

Nesta manhã, a partir das 11h, haverá o encontro para alinhar a pauta da entrevista coletiva e o peso político de manter o plano.

Um discurso que contemple a eventualidade de algum recuo poderá ser adotado por ora para amainar o pânico. Rossieli, no entanto, segundo a Folha apurou, acredita que, até setembro, se as regiões avançarem na saída da pandemia, será possível reabrir as escolas, apesar do medo natural que pais, alunos e professores terão de enfrentar na retomada.

Nesta semana, o hit dos grupos de WhatsApp foi a declaração do matemático Eduardo Massad, da Fundação Getúlio Vargas, estimando que a reabertura das escolas no Brasil levaria 17 mil crianças a morrer.

Nesta quarta-feira, diante da repercussão do estudo, João Gabbardo, coordenador executivo do centro de contingência Covid-19 de São Paulo, afirmou que o governo iria reavaliar o plano de retomada das escolas.

No final de junho, a Folha perguntou a Rossieli sobre um outro estudo matemático, realizado em diversos países e publicado pela revista científica “Nature”, que aponta que as crianças têm baixa chance de se contaminarem com o vírus e que isso pode explicar o fato de o fechamento das escolas não ter contido o avanço da doença.

Ele ponderou que o estudo era quantitativo, que há muitas pesquisas sendo feitas e que o governo não poderia se basear em algumas delas, apesar de realmente haver muitos indícios de que o risco seja baixo para crianças. “Imagine eu na entrevista coletiva dizendo que iria reabrir porque vi esse estudo na Nature”, afirmou.

Já a projeção da FGV, que segue na contramão e fala em morte de crianças, ainda que não cancele a reabertura das escolas, certamente dará respaldo ao governo para conter a pressão de colégios particulares para voltarem às aulas presenciais antes do prazo estipulado pelo plano, com o argumento de que têm mais condições de implementar os protocolos de segurança.

O medo gerado por esse cálculo deve também reforçar a resistência dos pais, 76% deles favoráveis a se manter as escolas fechadas durante a pandemia, segundo Datafolha realizado no fim de junho.

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