Dois em cada cinco estudantes no Brasil precisam de apoio psicológico, diz pesquisa

Levantamento investigou impactos na saúde mental de alunos em retorno de aulas presenciais

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São Paulo

Pesquisa Datafolha aponta que dois em cada cinco estudantes no Brasil precisam de apoio psicológico, e que o grupo também tem dificuldades de controlar as emoções como raiva e frustração. Quem estuda em escolas que oferecem esse suporte e usa os serviços se diz mais integrado, mais feliz no dia a dia e mais envolvido com o ambiente escolar.

A pesquisa, divulgada em março deste ano, foi realizada pelo Datafolha a pedido da Fundação Lemann, do Itaú Social e do Banco Interamericano de Desenvolvimento BID. O objetivo era mapear a visão das famílias e de estudantes sobre o primeiro ano de retorno às aulas após a pandemia de Covid-19.

O levantamento ouviu 1.323 responsáveis de estudantes e 1.863 alunos entre seis e 18 anos matriculados em escolas públicas municipais e estaduais, de ensino fundamental e médio.

sala de aula mostra professora de costas e alunos de frente, ao fundo, com distanciamento das carteiras. todos usam máscara
Aula na escola estadual Eliza Rachel Macedo de Souza, na zona leste de São Paulo, durante retomada de atividades - Zanone Fraissat - 18.out.21/Folhapress

A necessidade de apoio psicológico é a principal questão relatada pelos estudantes (40%), segundo a pesquisa, seguido por dificuldade para controlar emoções como raiva ou frustração (38%), despreparo para atividades escolares (34%) e dificuldade para manter rotina de estudos.

De forma geral, esses problemas foram relatados por mais familiares no último levantamento, em relação a pesquisa anterior, de maio. Segundo o levantamento, 44% das escolas ofereçem apoio —23% dos estudantes desses locais disseram ter usado os serviços.

Para enfrentar problemas de saúde mental, os principais entraves são as faltas de profissionais suficientes para apoio psicológico (62%), de experiências para ensinar a lidar com emoções e de proteção da privacidade dos alunos com problemas (ambos com 11%).

Para Daniel de Bonis, diretor de conhecimento, dados e pesquisa da Fundação Lemann, questões como bullying, alunos menos integrados ou com problemas familiares encontram melhor amparo na escola, mas outros exigem uma capacidade além da que é oferecida.

"Temos visto que temas de depressão, episódios violentos e abuso de substâncias geram um contingente que escapa à capacidade que a escola tem de resolver sozinha."

Ele diz que professores podem ajudar quando formados para mediação, resolução de conflitos, mas que a solução exige uma política pública com psicólogos e assistentes sociais integrados às redes de ensino.

A pesquisa também aponta que os responsáveis pelos estudantes elegeram como prioridade do governo a educação (78%), com vantagem sobre saúde (66%) e segurança pública (21%). Segundo Bonis, isso pode ser reflexo do fechamento de escolas durante a fase mais restritiva da pandemia.

"A pandemia aproximou a família do processo educacional, porque quando as escolas fecharam, percebemos o tamanho e a complexidade disso."

Em relação a eventos extremos, como o ataque à escola Thomazia Montoro, na capital paulista, a sociedade precisa mostrar que está do lado da escola, diz Bonis. Para ele, isso é feito com políticas de saúde pública e de segurança integradas às redes de ensino.

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