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Escola do grupo Vitamina em SP amanhece fechada e pais são surpreendidos

Funcionários afirmam que estão com salário atrasado; OUTRO LADO: Em comunicado aos pais, escola pede desculpas e diz que permanecerá fechada na quarta

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São Paulo

Nesta terça-feira (9), pais de alunos de uma escola do Brooklin (zona sul de São Paulo) encontraram os portões fechados ao levarem os filhos pela manhã. O colégio, chamado Espaço Singular, tem alunos de quatro meses a cinco anos e é uma das 36 instituições de educação infantil adquiridas pelo grupo chileno Vitamina.

Isso aconteceu porque os funcionários da unidade decidiram não comparecer —fizeram isso porque dizem estar com os salários atrasados. Procurado na tarde desta terça, o Vitamina não respondeu até a publicação desta reportagem.

Em meio a falta de pagamento, escola de educação infantil amanhece fechada sem que pais soubessem
Em meio a falta de pagamento, escola de educação infantil amanhece fechada sem que pais soubessem - Reprodução/Site

A maior parte das aquisições feitas pelo grupo no Brasil aconteceram na capital paulista, em um processo que ganhou força a partir de 2019.

A Folha mostrou que após serem compradas, diversas escolas passaram a registrar problemas no atendimento. A lista inclui fragilização do trabalho docente, rotatividade de profissionais, redução de funcionários, falta de material didático e de limpeza, além de ausência de manutenção predial e escassez de alimentos para os alunos.

No Espaço Singular, o número de alunos matriculados caiu de 130 antes da pandemia para 45 no ano passado. Em 2023, após um problema com a cozinheira, só sobraram 12 crianças.

Pais afirmam que houve cortes de professores e troca constante de diretores. Eles dizem que o grupo sempre afirmou que a ideia era revitalizar a escola e contar com novos alunos.

Além disso, os pais ouvidos pela reportagem afirmam que confiavam nos funcionários, apesar dos problemas.

Um dos pais relata que em algumas ocasiões encontrou o porteiro da escola ajudando a cuidar das crianças e as pessoas responsáveis pela limpeza realizando o atendimento no portão.

Após encontraram a escola fechada nesta terça-feira, os pais descobriram sobre a denúncia de atraso nos salários dos funcionários. Uma professora informou que a diretora foi comunicada na noite de segunda-feira (8) da falta coletiva.

Ao menos uma família decidiu tirar o filho da escola depois do que aconteceu. O grupo Vitamina encaminhou um comunicado aos pais apenas no fim de tarde desta terça-feira na qual avisa que a escola permanecerá fechada também na quarta (10).

"Em função de uma limitação administrativa que esperamos ter solucionado ao longo do dia amanhã, não poderemos receber as crianças com a qualidade e segurança que sempre prezamos", informou a escola.

Na nota, a escola diz ainda que está ciente do impacto que a interrupção gera na rotina das famílias e crianças. Por isso, a instituição pede desculpas pelo ocorrido e reforça o compromisso em solucionar os problemas de forma urgente.

Sala de unidade da rede Vitamina no Chile, com cadeiras de descanso para bebês e berços
Sala de unidade da rede Vitamina no Chile, com cadeiras de descanso para bebês - Reprodução

Vitamina no Brasil

O Vitamina chegou ao Brasil com aporte financeiro da Península, da família de Abílio Diniz. O projeto era chegar a mais de cem escolas no país. A relação da Península com o grupo começou a ter problemas, no entanto, e o fundo de investimentos brasileiro se retirou do negócio em meados do ano passado.

No Brasil, o Vitamina encontrou um cenário de escolas de educação infantil com dificuldades financeiras por causa da pandemia e do fechamento das escolas. Como o ensino a distância faz pouco sentido nos primeiros anos de escolaridade, muitos pais retiraram os filhos das escolas, deixando proprietários em situação difícil. Isso facilitou aquisições.

No Chile, o grupo tem 69 escolas voltadas também para os anos iniciais da educação básica, mas opera em um modelo bem particular. Grande parte dos alunos é de famílias de funcionários de empresas conveniadas, modalidade pouco comum no Brasil.

Escolas dessa etapa são, em geral, pequenas. Isso representa um desafio para atuação em rede, como prevê o modelo do Vitamina, segundo relatos de empresários do setor.

Desde meados de 2021 os professores das escolas adquiridas começaram a enfrentar problemas com a retirada de direitos. O grupo passou a mudar a categoria de contratação, não mais configurando-os como professores mas, sim, como educadores —o que cria uma dificuldade de representação sindical e respeito a convenções coletivas.

Isso levou a pisos salariais mais baixos e redução de direito de férias, por exemplo. Há casos de parcelamento dos pagamentos de vales-transporte e alimentação, tentativas de parcelamentos de verbas rescisórias de demissionários, além da falta de depósito do FGTS —situação agravada a partir de setembro do ano passado.

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