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Apenas 58% das escolas no Brasil têm computador e internet para alunos

Pesquisa do Comitê Gestor da Internet com colégios públicos e particulares constata também a baixa qualidade do sinal

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São Paulo

Mesmo após a pandemia, apenas 58% das escolas brasileiras de ensino fundamental e médio possuem computadores e internet para os alunos. A maior parte (94%) tem alguma conexão à rede, mas não com qualidade suficiente para ser utilizada pelos estudantes como ferramenta educacional.

Os dados fazem parte da pesquisa TIC Educação 2022, divulgada nesta segunda (25). O estudo é feito anualmente desde 2010 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, que reúne representantes governamentais e da sociedade civil para estabelecer as diretrizes do uso da internet no país. Para esta edição, foram realizadas 10.448 entrevistas presencialmente, entre outubro de 2022 e maior de 2023 com gestores, coordenadores, professores e alunos de 1.394 escolas públicas e particulares.

"É bom ressaltar que, quando falamos em 58% das escolas, estamos nos referindo àquelas que possuem pelo menos um computador conectado para utilização dos alunos", disse à Folha Daniela Costa, coordenadora da pesquisa. "Muitas escolas, em especial as rurais, municipais e localizadas no interior, nem chegam a ter um único computador para os estudantes", afirmou.

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Alunos durante aula no Fieb (Fundação Instituto de Educação de Barueri), Unidade Alphaville, em Barueri - Danilo Verpa/Folhapress

Costa pondera que "a sociedade hoje é toda mediada por tecnologias digitais". "A gente não pode deixar a educação apartada disso. A escola precisa ter uma boa conectividade, mas não apenas isso. Ela deve oferecer uma educação para um uso crítico e responsável da tecnologia."

O levantamento deixa claro que a realidade das escolas brasileiras é a de um acesso precário à internet. Apenas 52% das escolas estaduais possuem mais de 50 Mbps de velocidade em seu principal ponto de conexão. Para se ter noção do que isso representa, a velocidade ideal para se utilizar a internet como ferramenta pedagógica é de 1 Mbps por aluno (considerando o turno com mais estudantes), de acordo com o Grupo Interinstitucional de Conectividade na Educação, formado por órgãos governamentais, operadoras, empresas de tecnologia e ONGs. No caso das particulares, são 46% as que tem mais de 50 Mbps, e no das municipais, somente 29%.

Os resultados desta edição, contudo, revelam que houve um avanço pós-pandemia. Em 2020, o número de escolas estaduais com essa velocidade mais alta de conexão era de 22%, o de particulares, 32%, e o de municipais, apenas 11%.

O desempenho das escolas estaduais é melhor também quando se avalia quais instituições possuem, simultaneamente, computador e acesso à internet para alunos. São 82%, enquanto, nas particulares, o número é de 73%, e nas municipais, de 43%.

Não se pode, contudo, considerar que as escolas estaduais são as melhores no uso da tecnologia. Apesar de lideraram na presença de internet e de computadores, elas são também as recordistas em reclamações de que o sinal da internet chega com baixa qualidade na sala de aula e que não suporta muitos acessos ao mesmo tempo.

Engana-se também quem pensa que os professores não utilizam tecnologia apenas pela falta de internet ou de computadores. Quase metade deles (46%) revelou que prefere abrir mão desses recursos porque os alunos ficam mais dispersos.

A falta de formação para a utilização da tecnologia em atividades educacionais foi citada por 75% dos docentes. Pouco mais da metade (56%) disse ter participado de algum curso com esse fim nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa.

Já para os estudantes, entre os motivos para não utilizar internet da escola, a proibição do uso de celular foi citada por 61%. O fato de a internet não ser utilizada por professores em atividades educacionais foi mencionado por 64% dos alunos.

A pesquisa também evidencia a necessidade de se investir em uma educação para o uso das mídias com um dado alarmante: 61% dos professores disseram ter ajudado alunos a lidar com alguma situação difícil online, entre elas o uso excessivo de jogos e tecnologia (46%), ciberbullying (34%), discriminação (30%), disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento (26%) e assédio (20%).

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