Antes de erro no Sisu, governo Lula também falhou na distância de prova do Enem; relembre

MEC admitiu nesta sexta (2) ter divulgado resultados parciais de seleção para federais

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São Paulo

O Ministério da Educação admitiu nesta sexta-feira (2) que houve divulgação indevida de resultados provisórios do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). Essa não foi a primeira falha no processo seletivo para o ensino superior na atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além dos estudantes que foram frustrados com a divulgação indevida dos resultados, cerca de 50 mil inscritos na prova do Enem, cuja nota é usada para acesso ao Sisu, foram alocados em locais distantes das suas casas. O edital garantia que os participantes fizessem o exame a no máximo 30 km de distância de suas residências. Estudantes relataram distâncias de mais de 40 km.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Camilo Santana - Gabriela Biló - 30.jan.24/Folhapress

Ao admitir o problema, o ministério disse que a definição dos locais de prova foi feita pelo Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos), vencedor da licitação para aplicação do Enem 2023.

Como houve relato de alunos que avaliavam desistir de fazer o exame, o MEC autorizou esses candidatos a fazerem a prova em outra data. Mas houve casos de estudantes que preferiram fazer o exame na data original e tiveram que percorrer 33 quilômetros.

Os problemas com os locais de provas do Enem ganharam contornos políticos. O ministro Camilo Santana chegou a ser convocado para prestar esclarecimentos sobre os problemas logísticos em uma audiência na Câmara dos Deputados.

A audiência ocorreu após a realização da primeira aplicação da prova e Santana foi questionado também sobre perguntas do Enem que supostamente teriam caráter ideológico.

Em resposta, o ministro afirmou que "não há possibilidade de nenhuma interferência política deste governo em relação às provas do Enem". A Frente Parlamentar da Agropecuária publicou uma nota em que pedia a anulação de duas questões sob a alegação de que os enunciados traziam uma "imagem negativa e distorcida do agronegócio".

As questões não foram anuladas. Na ocasião, Manuel Palácios, presidente do Inep, órgão responsável pela elaboração da prova, informou que 86% das perguntas do Enem foram elaboradas durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Ele também defendeu os critérios técnicos da elaboração das questões. O processo envolve a escolha de professores elaboradores por meio de edital público. O último ocorreu em 2020.

Depois dos erro na distribuição dos locais de prova, nesta sexta-feira o MEC confirmou que abriu uma "apuração rigorosa" após constatar que houve divulgação indevida de resultados provisórios do Sisu.

A consulta dos resultados dos aprovados estava marcada para acontecer na manhã de terça, mas o ministério anunciou que devido a "problemas técnicos no sistema" teve que adiar a divulgação. Alguns candidatos, no entanto, conseguiram acessar a página e viram que tinham sido aprovados nas universidades às quais se candidataram.

Logo depois, o sistema saiu do ar. Na tarde de quarta-feira (31), quando o MEC conseguiu disponibilizar todos os resultados, parte dos candidatos que viram a informação de que tinham sido aprovados descobriu que, na realidade, não tinha não conseguido a vaga.

"O que houve foi uma divulgação indevida de resultados provisórios, ainda não homologados, durante 25 minutos da manhã do dia 30 de janeiro. A ocorrência está sendo rigorosamente apurada", explicou o MEC em nota.

Apesar da sequência de problemas, o ministério afirmou que "o sistema é seguro e os resultados oficiais não serão modificados". As matrículas dos candidatos aprovados no Sisu começam nesta sexta-feira e vão até o dia 7 de fevereiro.

O Sisu oferece vagas em universidades federais a partir da prova do Enem. Ao todo neste ano, mais de 2 milhões de estudantes disputam 264 mil vagas em 6.827 cursos de graduação nas instituições publicas participantes do Sisu.

A falha e o atraso na entrega dos resultados do Sisu também trouxeram impactos para as inscrições do Prouni (Programa Universidade para Todos), que concede bolsas em universidades particulares. Em razão do atraso, o ministério decidiu prorrogar as inscrições do programa por mais um dia.

Apesar de darem acesso a universidades diferentes, as inscrições no Sisu e no Prouni estão interligadas. De acordo com o MEC, o candidato inscrito no Sisu pode se inscrever no Prouni. Porém, caso seja selecionado por ambos, tem que optar por um dos dois programas.

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