Descrição de chapéu racismo

Alunos de colégio em Brasília sofrem ataques racistas em torneio de futsal

Direção da escola Nossa Senhora de Fátima diz que estudantes foram chamados de 'pobrinho', 'macaco' e 'filho de empregada'; colégio Galois afirma investigar o ocorrido

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Brasília

A Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima afirma que estudantes do colégio Galois chamaram seus alunos de "macaco", "filho de empregada" e "pobrinho" durante uma competição esportiva em que integrantes das duas instituições de ensino se enfrentaram.

Os dois colégios são particulares e ficam no centro de Brasília. O Nossa Senhora de Fátima diz que representantes do Galois presenciaram o ocorrido dentro da própria escola e não repreenderam os agressores.

O Galois, por sua vez, afirma que iniciou investigação interna sobre o ocorrido e que lamenta o comportamento dos alunos.

Fachada de colégio nas cores prata e salmão, vista da rua
Fachada do colégio Galois na Asa Sul, em Brasília - Reprodução/Google Street View

"Vale salientar que embora tivessem diversos responsáveis no local, nenhuma providência efetiva e adequada foi adotada pelos prepostos do colégio Galois que estavam presentes nas instalações do ginásio", diz a carta do Nossa Senhora de Fátima.

O Galois publicou uma nota nas redes sociais em que afirma que iniciou uma "investigação interna rigorosa" e que está comprometido em "não apenas identificar os envolvidos, mas também aplicar medidas disciplinares e ampliar, ainda mais, ações educativas necessárias e pertinentes". O Galois é um dos colégios mais caros de Brasília.

Segundo dados do site do Galois, a mensalidade no colégio em 2024 varia entre R$ 3,3 mil e R$ 3,6 mil para o 6º, 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental. Já no Ensino Médio, o valor fixo é de R$ 4,2 mil para os três anos.

O caso ocorreu em 3 de abril numa competição de futsal do torneio intitulado Liga das Escolas, conforme texto assinado pela direção do Nossa Senhora de Fátima. "Para surpresa e indignação desta direção, durante a partida os alunos-atletas da Fátima foram vítimas de preconceito social e injúria racial", afirma.

"Os alunos do Galois proferiram diversas palavras ofensivas aos alunos do Fátima, tais como ‘macaco’, ‘filho de empregada’, ‘pobrinho’, tornando o ambiente inóspito e deixando nossos alunos abalados."

Portão de entrada do colégio, com nome escrito no alto do pórtico
Entrada do colégio Galois, na Asa Sul, em Brasília - Reprodução/Google Street View

Na carta, a direção da escola afirma que levará o caso à delegacia competente. O texto ainda afirma que a maioria dos alunos estavam com o uniforme do colégio, "ou seja, sob a guarda e responsabilidade do colégio que, neste caso, mostrou-se conivente com a situação humilhante e vexatória vivida pelos alunos da escola Fátima".

O Galois afirma que a escola concorrente está "certa na indignação". "Lamentamos profundamente o comportamento reprovável de alguns alunos durante o jogo realizado no dia 3 de abril", diz.

A instituição afirma ainda que, no intervalo do jogo, um professor que acompanhava os alunos foi comunicado pelo juiz da partida e pelo treinador do Galois quanto às ofensas.

"Nosso professor questionou o juiz do porquê não ter interrompido o jogo imediatamente aos insultos. Em seguida, nosso professor conversou com a torcida e o segundo tempo transcorreu normalmente", afirma o Galois.

Também diz que está identificando os responsáveis "para aplicação das devidas medidas disciplinares e educativas".

A escola que diz também que organizará "atos de conscientização e contrição". "A senhora [diretora do Fátima] e sua instituição podem ficar seguros; esta é apenas nossa primeira comunicação sobre o ocorrido. Manteremos vocês informados dos próximos passos e podemos até trabalhar juntos para o melhor desfecho possível."

O Ministério do Esporte publicou uma nota em que repudia o ocorrido. "São profundamente perturbadores e contrários aos valores de igualdade, respeito e diversidade que defendemos", diz o texto.

"É inaceitável que episódios de discriminação racial persistam em nossa sociedade, especialmente em um ambiente tão importante para o desenvolvimento social e pessoal como o esporte escolar", completa.

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