Tarcísio veta programa de apoio a professores vítimas de violência em escolas

Medida de deputado do PSOL havia sido aprovada por unanimidade na Alesp; governador diz que estado já realiza ações semelhantes

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São Paulo

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) vetou um programa que criava uma série de ações de apoio psicológico e financeiro para professores e funcionários vítimas de violência escolar. O projeto de lei havia sido aprovado no fim de fevereiro por unanimidade na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

O Programa de Proteção e Apoio ao Profissional da Educação Vítima de Violência tem como objetivo assegurar direitos aos servidores, como afastamento temporário das atividades escolares, atendimento psicológico continuado, fornecimento de medicamentos e a garantia de irredutibilidade dos salários em caso de afastamento médico.

O governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Educação, Renato Feder, em frente à escola estadual Sapopemba no dia que a unidade sofreu um ataque, que deixou uma aluna morta - Danilo Verpa 23.out.23/Folhapress

De autoria do deputado Carlos Giannazi (PSOL), o programa previa o suporte a todos os profissionais da educação, independentemente da forma de contratação. Ou seja, seria válido para professores efetivos e temporários e também para funcionários terceirizados.

O governador justificou o veto argumentando que o estado já possui programas com a mesma finalidade, o Conviva e o Psicólogos na Escola.

"Registro, inicialmente, que a mesma ordem de preocupações tem orientado a política adotada pelo governo do estado com relação ao sensível assunto em pauta [...] cito, o programa Conviva, implementado pela Secretaria de Educação, para transformar todas as escolas em um ambiente de aprendizagem solidário, colaborativo, acolhedor e seguro", diz o documento assinado por Tarcísio e encaminhado à Alesp.

Apesar da justificativa do governador, nenhum dos dois programas existentes prevê amparo financeiro ou garante o afastamento sem prejuízos aos professores vítimas de violência.

A Folha mostrou que, um ano após o ataque à escola Thomazia Montoro, duas professoras feridas ficaram sem emprego, não receberam atendimento psicológico nem apoio para comprar medicamentos para os transtornos que desenvolveram após o episódio de violência.

Ana Célia da Rosa, 59, foi atingida por 17 facadas dentro de sala de aula. Ela não recebeu indenização pela violência sofrida e ficou sem emprego no início desse ano, porque é contratada de forma temporária.

Também vítima do ataque, Rita Reis, 68, não conseguiu mais voltar para a sala de aula devido a problemas psicológicos que desenvolveu após a agressão. Ainda assim, ela não pôde se aposentar ou trocar de cargo.

"Esse veto mostra o desprezo com as professoras esfaqueadas nas escolas que ficaram doentes, tiveram
gastos com médicos, psicólogos, remédios e ainda perderam os seus empregos", disse Giannazi.

O deputado diz que vai mobilizar os deputados para derrubar o veto do governador.

Vítima do ataque à escola estadual Thomazia Montoro, Ana Célia diz não ter recebido apoio psicológico nem financeiro do governo - Karime Xavier / Folhapress

O programa, vetado por Tarcísio, assegurava aos professores o direito de se afastarem das atividades escolares enquanto estivessem sob tratamento pelo dano emocional ou físico provocado pela violência. Também assegurava que pudessem pedir a transferência de cargo.

Caso o projeto já existisse, Ana Célia e Rita poderiam receber esses apoios e não ficariam sem emprego.

Outra justificativa usada por Tarcísio para vetar o programa é a de que a proposta "busca disciplinar temas atinentes a servidor público", o que não seria de competência do poder legislativo.

"A propositura contém dispositivos, que estabelecem comandos específicos destinados à administração pública, determinando ao administrador público o que fazer e como fazer, acabando por interferir no domínio exclusivo do poder executivo", diz o documento.

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