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Nada substitui o professor, diz Tarcísio após decidir usar ChatGPT na produção de aulas em SP

Secretaria de Educação vai usar inteligência artificial para produzir material didático

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São Paulo

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse nesta quarta-feira (17) que a decisão de usar inteligência artificial para produzir o material didático que será distribuído nas escolas estaduais paulistas não substitui o papel do professor em sala de aula.

A Folha mostrou que a Secretaria de Educação, comandada pelo empresário Renato Feder, vai usar a ferramenta ChatGPT para produzir aulas digitais.

Até então, o material didático era produzido por professores curriculistas, ou seja, especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. Agora, os docentes terão apenas a função de "avaliar a aula gerada [pela inteligência artificial] e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos", diz documento enviado aos professores com as novas orientações para a produção do material do 3º bimestre.

"A gente não pode deixar de usar a tecnologia por preconceito, mas [temos que] usar com parcimônia com todas as reservas necessárias. Nada vai substituir o papel do professor, até porque a responsabilidade dentro da sala de aula é do professor", disse o governador na manhã desta quarta.

O governador Tarcisio de Freitas ao lado do secretário de educação, Renato Feder - Danilo Verpa - 23.out.23/Folhapress

Assim como já havia dito em outras ocasiões, Tarcísio defendeu que o trabalho dos docentes é feito com entusiasmo e paixão, por isso não pode ser substituído por ferramentas de inteligência artificial.

"No fim das contas, quem sabe o que vai ministrar e vai fazer com entusiasmo é o professor. Porque ele é um vocacionado, é um apaixonado", disse o governador.

Segundo Tarcísio, o ChatGPT vai ser apenas um "facilitador". "É uma ferramenta que facilita o esforço inicial, mas vai passar por revisão, pelo olhar e pela inteligência dos nossos professores."

A decisão de usar o Chat GPT foi do secretário Renato Feder para agilizar a produção do material didático que é usado pelos 3,5 milhões de alunos da rede estadual paulista.

Até o segundo bimestre deste ano, os professores tinham que entregar quatro aulas por semana. Com o uso da ferramenta, eles passam a ter que entregar três aulas a cada dois dias úteis —ou seja, pelo menos seis por semana.

As aulas digitais passaram a ser produzidas e distribuídas para as escolas no ano passado. Elas são a principal aposta de Feder para melhorar os indicadores educacionais de São Paulo —a estratégia é a mesma que ele usou quando foi secretário do Paraná.

Feder defende que o material produzido sob sua orientação é mais adequado para as aulas, já que prioriza os conteúdos que são cobrados em avaliações nacionais, como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

No ano passado, Feder chegou a decidiu abrir mão dos livros didáticos impressos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), e as escolas teriam à disposição apenas os slides.

Depois de uma série de críticas sobre a inviabilidade de restringir o material a versões digitais e após diversos erros serem encontrados nas aulas produzidas pela secretaria, o governo Tarcísio anunciou um recuo parcial. Ele decidiu que São Paulo voltaria a aderir ao programa nacional para continuar recebendo livros impressos, mas manteve a produção e o envio de slides para serem usados nas aulas.

Especialistas e professores encontraram diversos tipos de erros no material distribuído pelo governo Tarcísio —erros gramaticais e conceituais—, além de atividades em desacordo com o que deveria ser ensinado para cada série. Uma das aulas, por exemplo, dizia que a Lei Áurea, de 1888, foi assinada por dom Pedro 2º e que a cidade de São Paulo possui praias.

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