Professores e técnicos de universidades federais assinam acordo e encerram greve

Governo Lula avalia desfecho como vitória; sindicalistas saem frustrados

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São Paulo

Entidades representativas de professores e técnicos-administrativos das universidades e institutos federais de educação assinaram nesta quinta-feira (27) um acordo com o governo Lula (PT) para encerrar a greve. A categoria estava paralisada há 70 dias.

Os termos foram firmados pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, pelo Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e pelo Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica).

Manifestantes na plateia levantam faixas e erguem as mãos diante de parlamentares sentados no palco na comissão
Manifestação de servidores técnico-administrativos de universidades e institutos federais na Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara - Bruno Spada - 16.abr.2024/Câmara dos Deputados

No caso dos docentes, a proposta apresentada pelo governo prevê a reestruturação da carreira, com ganhos médios de 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.

Para os técnicos, a proposta prevê reajuste médio de 31,2% em quatro anos, além de ganhos com progressão na carreira, que aumentarão dos atuais 3,9% para 4% em janeiro de 2025 e 4,1% em abril de 2026.

Além da proposta salarial, o Ministério da Educação prometeu a revogação da portaria 983, que amplia a carga horária dos docentes. Também foi oferecida a criação de um grupo permanente de trabalho para discutir a restruturação da carreira acadêmica.

O Andes avaliou que a decisão pela assinatura do acordo, tomada a partir da decisão da esmagadora maioria das assembleias de sua base, "não significa, em hipótese alguma, o fim da mobilização e da luta pela retomada de direitos que nos foram retirados e pelo atendimento de diversas pautas de reivindicações" disse, em nota.

A ministra da Gestão, Esther Dweck, ressaltou que "este é um governo que jamais será contra os sindicatos. As discordâncias são parte do processo democrático".

Já o ministro da Educação, Camilo Santana, celebrou o acordo como uma vitória do governo. "O MEC tem trabalhado sob a liderança do presidente Lula na reconstrução da Educação. E hoje aqui é a vitória de uma construção fruto do diálogo", disse.

Negociações

O fim da greve ocorreu após tentativas de Lula de se aproximar da categoria. Nas últimas semanas, o presidente realizou um encontro com reitores, escutou suas demandas e prometeu agir. Depois, o governo anunciou um pacote de investimento nas universidades e fez, por meio do Ministério da Gestão, nova proposta para o encerramento da greve.

Porém, não foi apresentada proposta de reajuste salarial ainda em 2024. Por isso, o Andes ficou contrariado e inclinado a continuar a paralisação, mas convocou assembleias nas universidades para discutir os termos do governo. Dessas assembleias, veio o veredito: encerrar a greve.

Nas instituições, houve muita negociação. Segundo membros do PT, Lula pediu para alguns correligionários mais próximos conversarem com servidores e enfatizarem todos os benefícios oferecidos pelo governo, além de fazer promessas por melhorias futuras. Surtiu efeito.

O saldo do movimento, porém, deve ser ruim para o presidente e seu governo, na avaliação de sindicalistas, professores e reitores. Todos saem incomodados com as falas de Lula sobre a greve, consideradas agressivas pelos profissionais da educação.

O petista afirmou, por exemplo, num evento em São Luís, que não tem medo de reitor e comparou a relação de seu governo com os dirigentes universitários com a gestão do antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

"Vocês estão lembrados de um presidente que nunca recebeu um reitor na vida dele? Nunca recebeu um reitor. Eu, em apenas um ano e sete meses, já convidei duas reuniões de todos os reitores do Brasil, das universidades e dos institutos federais, porque eu não tenho medo de reitor", disse Lula.

"E esse dedo que falta não foram eles [os reitores] que morderam. Esse dedo eu perdi numa fábrica. Portanto, quero ter uma relação mais democrática possível", afirmou, em referência ao dedo mindinho que perdeu num acidente de trabalho em 1964.

Com Agência Brasil

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