Descrição de chapéu USP

Estudantes fazem vigília para impedir instalação de grades em moradia da USP

Reitoria pretendia começar obras na quarta-feira (14), mas funcionários foram recebidos com protestos; manifestantes cobram diálogo

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São Paulo

Moradores do Crusp (Conjunto Residencial da USP) fazem vigília no local há nove dias. Eles guardam as entradas dos blocos G e F para impedir a instalação de grades visando o controle de acesso aos apartamentos.

Os manifestantes se revezam em colchonetes jogados nos saguões dos blocos. São grupos pequenos, de quatro a cinco membros. Porém, a qualquer sinal de perigo, eles convocam outros estudantes num grupo de WhatsApp.

Tudo começou na manhã de quarta-feira (14), data em que a reitoria pretendia colocar portões e realizar adequações —câmeras, pintura e mobiliário— na portaria dos prédios. Quando os funcionários chegaram para isso, foram recebidos com protestos.

A imagem mostra um espaço interno com uma área de descanso. À esquerda, uma pessoa sentada em uma cadeira plástica branca, usando roupas escuras. No chão, há um colchão com cobertores e travesseiros, cercado por um tapete vermelho. Ao fundo, uma escada leva a um andar superior, e há bicicletas estacionadas em um canto. O ambiente é iluminado por lâmpadas fluorescentes e possui paredes de vidro.
Alunos ocupam bloco do Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo) para impedir a reitoria de instalar grades no local - Zanone Fraissat/Folhapress

A guarda universitária foi acionada para manter a ordem, e há relatos de agressões aos residentes. A Prip (Pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento), responsável pelas habitações, diz investigar os fatos.

Com a confusão, os funcionários da USP deixaram o conjunto. Logo depois, os manifestantes iniciaram sua vigília, que "vai se manter, ao menos, até o fim de semana", diz Daniel Lustosa, presidente da AmorCrusp (Associação de Moradores do Crusp).

O projeto das grades gera discórdia desde o início do ano. De um lado, a Prip diz querer apenas melhorar a infraestrutura do conjunto e promover maior segurança para os universitários. Estes, por sua vez, afirmam que a instituição ignora a opinião dos moradores e planeja a obra para fazer uma varredura nos apartamentos, onde também vivem clandestinos.

Residem hoje cerca de 1.600 pessoas no Crusp. Destas, 300 estão irregulares, segundo a AmorCrusp.

"Acreditamos, sim, ser necessária uma política de proteção mais eficaz para dar conta dos casos de assédio, violência, agressão e furtos. Porém, acreditamos que ela deve ser debatida profundamente. Isso não aconteceu", afirma Lustosa.

A universidade afirma ter realizado três debates com os moradores —em 17 de maio e nos dias 1º e 4 de julho. Nos encontros, afirma, todas as principais preocupações dos presentes foram sanadas, principalmente sobre possível uso da fiscalização para barrar a entrada de moradores irregulares, com ou sem matrícula vigente, do conjunto.

Muitos matriculados foram acolhidos ali por outros estudantes por não terem sido contemplados com vaga nos editais da universidade; os sem vínculo podem já ter sido alunos e optado por seguir no apartamento após conclusão do curso. Há ainda aqueles totalmente estranhos à rotina acadêmica, que invadiram o espaço.

É defendida pela AmorCrusp a análise caso a caso, sem expulsão compulsória dos ocupantes irregulares.

A USP, contudo, afirma não haver relação entre a instalação do novo acesso e o monitoramento de moradores clandestinos. O acesso aos apartamentos, diz, seguirá como sempre: aluno apresenta carteirinha, e visitantes são anunciados por interfone aos moradores.

A Prip diz manter-se aberta às opiniões dos moradores. "Decidimos continuar construindo um diálogo democrático para definir as ações a serem realizadas."

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