Descrição de chapéu ideb São Paulo

Só dez capitais atingem meta do Ideb; São Paulo tem piora nos anos iniciais

OUTRO LADO: Gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) cita efeito da pandemia como fator e diz promover ações de recuperação contínua dos alunos

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São Paulo

A maioria das capitais do Brasil melhorou o desempenho educacional nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano), mas apenas dez conseguiram alcançar no Ideb 2023 a meta estipulada para dois anos antes.

O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação) é o principal indicador de qualidade da educação básica do país. Os resultados de 2023 foram divulgados na quarta-feira (14) pelo Ministério da Educação.

Cidade mais rica do país, São Paulo não apenas não conseguiu atingir a meta de 6,2 como ainda registrou ligeira piora no indicador. O Ideb da rede municipal paulistana caiu de 5,7, em 2021, para 5,6 no ano passado. Em 2019, antes da pandemia, a média era 6.

Com esse resultado, São Paulo ficou abaixo da média nacional das escolas públicas —que foi de 5,7. Em nota, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) atribuiu a queda no rendimento à pandemia.

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Aluna de escola municipal de São Paulo ficou sem apoio para continuar estudando durante a pandemia - Marlene Bergamo 18.dez.20/Folhapress

As outras capitais que tiveram piora nos resultados dessa etapa foram Florianópolis, Salvador, Campo Grande e Porto Alegre.

Goiânia foi a capital com o maior desempenho, com média de 6,5. Uma nota que a fez superar a meta de 6,1 para os anos iniciais. Em seguida, aparecem Teresina, Rio Branco, Palmas e Curitiba.

As redes municipais de ensino são responsáveis por 65% das matrículas dos anos iniciais do fundamental no país. Essa é a etapa em que o Brasil historicamente tem conseguido os melhores resultados.

Foi apenas nos anos iniciais que as redes municipais conseguiram alcançar a meta de 2021, que era de 6 pontos. O indicador é calculado em uma escala que varia de 0 a 10.

Ainda que o desempenho dessa etapa seja melhor do que das demais, especialistas avaliam que as metas são estabelecidas em expectativas de aprendizagem muito baixas.

Em 2023, os alunos do 5º ano das redes municipais do país obtiveram uma média de 208 pontos na avaliação de língua portuguesa —o que significa que estão no nível 4 de proficiência, em uma escala que vai de 1 a 9.

Nesse nível, os estudantes conseguem, por exemplo, entender o efeito de humor em uma piada ou identificar uma informação explícita em uma receita culinária. Eles não aprenderam ainda a identificar assunto e opinião em uma reportagem ou reconhecer a finalidade de um texto escrito em um cartaz.

Em matemática, a média foi de 219 pontos, o que também significa que estão no nível 4 de proficiência. Nessa faixa, os estudantes conseguem converter uma hora em minutos ou interpretar horas em relógios de ponteiro.

Eles não conseguem, no entanto, calcular a área de uma figura retangular ou somar quantias diferentes de dinheiro, como moedas e cédulas de real.

"É preciso discutir qual é a qualidade que está por trás do Ideb. Uma análise mais próxima mostrará que o indicador se baseia em expectativas de aprendizagem muito baixas. Que não são adequadas às exigências dos problemas que a vida coloca. De nada adianta ser campeão se o sarrafo é muito baixo", diz Chico Soares, ex-presidente do Inep, órgão responsável pelo indicador.

O Ideb é produzido a cada dois anos, com divulgação prevista sempre em anos eleitorais. Ele é calculado a partir de dois componentes: a taxa de aprovação das escolas e as médias de desempenho dos alunos em uma avaliação de matemática e português, o Saeb.

O indicador foi criado em 2007 com metas por escolas, redes e para país até 2021. Ele deveria ter sido renovado a partir desta edição, mas tanto o governo Jair Bolsonaro (PL) quanto a atual gestão Lula (PT) não construíram um novo modelo.

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo disse que "tem se empenhado em reforçar o processo de aprendizagem em virtude dos efeitos causados pela pandemia" e afirmou ter organizado ações de recuperação contínua para todos os alunos.

Também disse ter ampliado o atendimento em tempo integral, com o objetivo de melhorar a aprendizagem. "Hoje, a rede conta com 57% dos estudantes do 1º ano do ensino fundamental em tempo integral", diz a nota.

Já a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis disse ter feito um esforço, entre as duas avaliações do Saeb, para ampliar o número de escolas participantes, o que pode ter refletido na queda do indicador.

"Nos anos iniciais, passamos de 3 para 32 escolas e nos anos finais, de 1 para 25 escolas. Essa expansão reflete o esforço da Secretaria em garantir um diagnóstico mais abrangente e realista da nossa rede de ensino. Ao romper com resistências históricas que limitavam a participação das escolas, conseguimos obter uma visão mais clara dos desafios que precisamos enfrentar", diz a nota.

A Folha procurou também as secretarias de Salvador, Campo Grande e Porto Alegre, mas não obteve resposta.

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