Plataformas de compras levam socorro a pequenos negócios na pandemia

Apoie o Local, Pertinho de Casa e Apoie o Pequeno foram lançadas para estimular o comércio de bairro e dar suporte a varejistas menores

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São Paulo

Comprar da quitanda da esquina ou da farmácia do bairro, entre outros estabelecimentos de pequeno e médio porte, é uma atitude simples que pode ajudar pequenos negócios a sobreviver à pandemia do Covid-19.

É a lógica de novas plataformas como Pertinho de Casa, Apoie o Local e Apoie o Pequeno.

Elas lançadas para incentivar os consumidores a comprar do comércio mais próximos de suas residências ou de pequenos produtores impactados pelo isolamento social e ameaçados pela crise.

“Os mercadinhos, açougues e papelarias de bairro estão obviamente em dificuldades. Comprar dos pequenos é uma ótima saída para pulverizar a economia e manter empregos”, diz Ivan Hussni, diretor técnico do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

De acordo com o Sebrae, o varejo brasileiro é dominado pelos pequenos estabelecimentos. São 13 milhões de empresas de pequeno porte, que empregam 21,5 milhões de pessoas e injetam na economia só em salários mais de R$ 611 bilhões anuais.

Diretor técnico do Sebrae-SP, Ivan Hussini
Diretor técnico do Sebrae-SP, Ivan Hussini - Ricardo Matsukawa/Divulgação

São Paulo tem 4,2 milhões de pequenos negócios, que representam 5 milhões de vagas formais –o equivalente a 49% dos empregos no Estado.

Levando em conta o universo geral dos pequenos negócios paulistas, o Sebrae avaliou que as micro e pequenas empresas têm, em média, 12 dias de caixa, para bancar emergências. Já as EPPs (Empresas de Pequeno Porte (EPPs) contam com 21 dias antes de zerar o capital de giro.

Nesse contexto de sufoco geral, tecnologia e solidariedade são aliados. O Pertinho de Casa é uma das iniciativas que conecta vendedores e compradores que estão “próximos uns dos outros”.

A plataforma foi idealizada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo e tem entre os parceiros o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), o Sebrae e o Facebook. Sem fins lucrativos, entrou no ar esta semana e ainda está em fase de ajustes.

Ao se cadastrar, os vendedores assinalam o tipo de negócio e a região onde podem entregar. Os compradores fazem o pedido pelo site e são conectados aos comerciantes pelo WhatsApp, para que ambos combinem os detalhes de pagamento e entrega.

Prestigiar o comércio do bairro também é a proposta do portal Apoie o Local, criação de um coletivo para auxiliar especialistas, artistas e empresas a oferecer seus serviços.

Apoie o Local divulgação
Peça de divulgação da plataforma Apoie o Local, que apoia empreendedores - Divulgação

A partir de um cadastro gratuito, os prestadores de serviço entram para a lista de profissionais da plataforma que, a partir de 21 de abril, estará aberta para que os potenciais clientes os encontrem.

“Unimos de forma simples as pontas entre o empreendedor e o cliente, para que realizem suas transações em um ambiente seguro”, explica o empresário Christiano Ranoya, idealizador do projeto.

Em uma semana, o portal Apoio o Local contabilizou 800 cadastros, entre costureiras, manicures, psicólogos, dentistas, eletricistas e comerciantes de todas as partes do país.

“É bom saber que tem alguém se preocupando com a gente”, diz o empreendedor Victor de Oliveira, 26, da “Moço Quero Bolo”, no Capão Redondo, zona Sul da cidade.

Victor, da marca "Moço, quero bolo!"
Victor, da marca "Moço, quero bolo!" - Divulgação

Ele viu o número de pedidos despencar de 300 unidades para 100, por causa da quarentena. Nem mesmo o bolo de leite ninho com Nutella, o mais pedido entre 12 sabores, alavancou as vendas.

Ao ver um post sobre o Apoie o Local, no Instagram, logo se cadastrou. “É claro que quero vender mais bolos, mas o que mais gostei foi da ideia de agregar as pessoas", diz.

Com o objetivo de fortalecer o pequeno varejista, a Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo (ABIESV) e a Confederação Nacional de Jovens Empresários - (CONAJE ) lançaram, nesta quarta-feira (15) o programa Apoie o Pequeno.

Trata-se de um canal pelo qual os pequenos empresários poderão comercializar seus produtos e serviços gratuitamente. O programa tem a parceria da plataforma de e-commerce Vtex, por meio de sua Loja Integrada.

Apoie o Pequeno divulgação
Interface da loja virtual da plataforma Apoie o Pequeno - Reprodução

A iniciativa tem ainda o apoio da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) , Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Associação Brasileira dos Lojista Satélites (ABLOS), entre outras entidades do varejo.

Segundo dados recentes do IEMI – Inteligência de Mercado, quase 90% dos pequenos empreendimentos não têm presença digital,

“O fechamento das lojas apenas antecipa a necessidade destes varejistas em se atualizar”, afirma Marcos Andrade, presidente da Abiesv.

O propósito do Apoie o Pequeno é justamente dar a oportunidade de sobrevivência ao varejista ausente do e-commerce. “Uma iniciativa como essa tem entrega pronta, queimando etapas do processo, eliminando barreiras e agilizando o trabalho”, reforça Marcelo Quelho, presidente da CONAJE.

Com foco em bares, pizzarias e restaurantes que passaram a trabalhar apenas com serviços de entrega durante a pandemia, a Menu criou o coronavirus.menu.com.br com dicas práticas para ajudar pequenos e médios comerciantes a superarem a crise.

“Grandes empresas dependem desses comerciantes, portanto, mais do que nunca, precisamos encontrar soluções para limitar os efeitos da pandemia”, afirma Leonardo Almeida, diretor-executivo da Menu, startup que tem como foco simplificar o comércio de bebidas e alimentos.

Além da criação da página, a startup está propondo a flexibilização no prazo padrão para pagamentos após finalizarem as compras na plataforma.

As orientações para inspirar comerciantes a enxugar as contas e iniciar um planejamento para os próximos meses conversa com as diretrizes do Sebrae, que resume o enfrentamento a crise em cinco pontos: renegociar dívidas, reavaliar e enxugar o custo fixo, voltar a vender, buscar recursos de crédito e compreender como lidar com leis e impostos.

Hussni reforça que o Sebrae dispõe de um “exército” de consultores para dar conselhos por telefone, chat e canais online. Segundo ele, é quase uma consulta médica, uma tutoria.

“Ouvimos a dor do pequeno empreendedor e podemos apontar saídas e encorajá-lo. Esse momento está obrigando que muitos façam, em cinco meses, o que fariam em cinco anos, no sentido de se reinventar e tirar a burocracia da frente.”

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