Descrição de chapéu Coronavírus

Sebastião Salgado e ONGs lançam iniciativas para proteger indígenas na pandemia

Como aderir à campanha do fotógrafo e a campanhas que tentam salvar comunidades nativas vulneráveis ao coronavírus

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São Paulo

A petição lançada no início de maio pelo fotógrafo Sebastião Salgado e sua esposa e produtora gráfica Lélia Salgado já alcança as 240 mil assinaturas, ante 300 mil almejadas.

O objetivo do abaixo-assinado é pressionar o Presidente da República e líderes do Congresso e do Judiciário a agir para evitar o genocídio de populações indígenas da Amazônia.

“Esses povos são parte da extraordinária história de nossa espécie. Seu desaparecimento seria uma grande tragédia para o Brasil e uma imensa perda para a humanidade. Não há tempo a perder”, escreve o casal Salgado no apelo.

Além da campanha com visibilidade internacional do fotógrafo que clicou as diferentes faces da Amazônia na última década, várias ONGs lideram iniciativas para atender comunidades nativas mais vulneráveis ao coronavírus.

A situação é duplamente crítica: além de correrem o risco de adoecer e vir a óbito, as populações têm seus territórios ainda mais ameaçados, uma vez que as autoridades brasileiras responsáveis pela proteção dessas comunidades tiveram suas atividades reduzidas devido à pandemia.

Segundo a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), a Covid-19 avança sobre os povos indígenas e tira muitas de suas vidas devido à falta de atendimento do governo brasileiro.

Dados levantados pela instituição até esta terça-feira (12) mostram que já são 217 casos confirmados de infectados pela doença e 62 mortes na região amazônica —46 óbitos a mais do que contabiliza a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).

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Alvanei Xirixana, adolescente Yanomami de 15 anos que morreu na noite de 9 de abril, em Roraima, infectado pelo novo coronavírus - Arquivo pessoal

Em informativo publicado pela Coiab, o líder indígena do Alto Solimões Eládio Kokama pede o apoio efetivo das autoridades do país. “A Sesai insiste em atender somente os aldeados. Muitos indígenas estão morrendo no hospital por não ter leitos”, lamenta. “Nós já perdemos muitos guerreiros.”

Durante a pandemia, a Coiab mantém seu propósito de defesa e garantia dos direitos dos povos indígenas do Brasil. Para contribuir com a organização, basta doar qualquer valor para Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira / CNPJ: 63.692.479/0001-94 / Banco do Brasil / Agência: 1862-7 / Conta: 15.774-0.

O​ Projeto Saúde e Alegria, integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, também atua na assistência às populações ribeirinhas em meio à pandemia. Lançada na terça-feira (5), a campanha #ComSaúdeAlegriaSemCorona traz medida de apoio aos povos do Baixo Amazonas.

O plano tem dois focos prioritários e urgentes: o primeiro volta-se às medidas de suporte ao sistema de saúde, com repasses de materiais, equipamentos e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para os profissionais que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus; e o segundo concentra-se no atendimento direto das famílias ribeirinhas, aldeias indígenas, comunidades de difícil acesso e em situação de risco.

Além do atendimento de saúde, serão distribuídas cestas básicas e kits de proteção para estas comunidades, de modo a reduzir a necessidade de deslocamento para a cidade e o consequente risco de contaminação.

Agente de saúde da Sesai mede a temperatura da indígena kokama Suzane da Silva Pereira, que deu positivo para o coronavírus - Arquivo pessoal

A iniciativa é fruto da mobilização entre parceiros do Projeto Saúde e Alegria a partir de recursos privados que permitem que o poder público destine seu orçamento para outras emergências. Com o aumento das notificações na região, a campanha prevê atuação intensiva pelas próximas 12 semanas, até o mês de julho.

Também da Rede Folha, a Kanindé lançou a campanha Ajude os Povos da Amazônia, que visa arrecadar doações para a distribuição de cestas básicas às comunidades indígenas.

Até agora foram doadas 772 cestas para os povos Uru-eu-wau-wau, Juma, Paiter Suruí, Karitiana, Kaxarari, Amondawa e Quilombolas. Contribuições podem ser feitas online ou por transferência bancária, para Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé (341) / CNPJ: 63.762.884/0001-31 / Agência: 0663 / Conta Corrente: 85087-3.

A associação também já conseguiu cadastrar 400 beneficiários para receber o auxílio emergencial de R$ 600 oferecido pelo governo, segundo a fundadora Ivaneide Cardoso.

Além disso, estabeleceu uma parceria com a Cufa (Central Única das Favelas) que vai fortalecer 50 mães indígenas da região de Porto Velho (RO) com R$ 120 durante dois meses.

A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) também está com campanha de arrecadação para distribuição de alimentos, remédios e materiais de higiene às aldeias atendidas. A entidade já angariou mais de 80% da meta de R$ 300 mil, e demais contribuições podem ser feitas via Vakinha.

Foi lançada também pela Apib uma plataforma de apuração própria sobre indígenas e coronavírus (http://quarentenaindigena.info/). Os dados são levantados com a colaboração de diversas entidades regionais e, assim como os informativos da Coiab, mostram números mais trágicos que os oficiais.

Com foco nas quase 300 famílias que vivem nas terras indígenas Baú e Menkgranoti, o Instituto Kabu busca doações para manter essas pessoas nas aldeias, em isolamento, durante a pandemia.

Eles precisam de mantimentos como óleo, arroz e sal para complementar sua alimentação, além de produtos de higiene. A meta é de R$ 60 mil e os interessados podem doar qualquer valor via Vakinha.

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