Três vírus se espalharam pelo mundo em 2020. Um deles, tão conhecido dos brasileiros, ficou ainda mais evidente: o da desigualdade social, ocupando uma marca histórica jamais vista antes. Os outros dois são o coronavírus e as fakenews. E o mundo acordou para isso.
O racismo virou a pauta da vez nessa pandemia, com casos como o do americano George Floyd, barbaramente assassinado em plena luz do dia por policiais americanos, e o do brasileiro João Alberto Silveira Freitas, morto por agentes de uma empresa de segurança, dentro do Carrefour.
Os dois casos foram gravados por quem assistia. Fotos e vídeos da brutalidade dos ocorridos espalharam-se por todos os lados. De revirar o estômago.
O caso George Floyd deflagrou uma onda de manifestações nos Estados Unidos. No Brasil, manifestantes fizeram protestos e uma filial do Carrefour, em São Paulo, foi destruída.
Afinal de contas, como nós, cidadãos, podemos olhar pra tudo isso pacificamente? Não estou incitando a quebradeira geral, mas percebo que os nervos estejam à flor da pele.
Fato é que passeatas e manifestações, além de posts em redes sociais, ajudam, sim, chamam a atenção e mostram, mais que tudo, a indignação e a inquietude da população. Porém, atitudes mais concretas e palpáveis deveriam ser tomadas.
O que efetivamente está sendo feito para o combate ao racismo? Divulgar nas redes sociais a nossa aflição e pesar frente a atitudes racistas é um passo, embora ainda pequeno.
Num tributo a George Floyd e à onda mundial dos protestos Black Lives Matter, alguns canais da ViacomCBS, entre eles Comedy Central e MTV, interromperam a sua programação e deixaram a tela da TV preta com os dizeres: "Não consigo respirar", que piscava no ritmo do som da respiração.
Foram 8 minutos e 46 segundos – tempo em que o policial asfixiou Floyd. Quem sintonizou os canais do grupo nesse dia certamente sentiu uma enorme agonia com essa mensagem.
Desde esses ocorridos, algumas empresas tem se mostrado bastante abertas a mudar seu cenário. É o caso do Magazine Luiza, que encarou uma iniciativa extremamente positiva e abriu um processo seletivo exclusivo para admissão de trainees negros.
Um ato concreto, que possibilita privilegiar quem nunca teve privilégios. E ainda teve gente dizendo que dona Luiza Trajano estaria aplicando um racismo ao reverso.
O Brasil está entre os países mais desiguais do mundo. Convivemos há mais de 500 anos com racismo e desigualdade social, mesmo sendo os negros e pardos a população com maior representatividade, com 56%; e brancos com 43% no país.
Uma multidão que é minoria mesmo sendo maioria.
Segundo o IBGE, 29% dos negros no Brasil são trabalhadores subutilizados (sem emprego ou trabalhando menos do que gostariam) versus 19% dos brancos. A renda mensal domiciliar per capita de um negro é de R$ 934 e a de um branco é de R$ 1.846.
Os cargos de gerência são ocupados por 69% de brancos enquanto apenas 30% são preenchidos por negros. Já uma pesquisa inédita realizada em janeiro pela rede de escolas de informática Microcamp, com 2.624 alunos, destacou que quase 100% dos jovens brasileiros acham o Brasil um país racista, mas apenas 3,7% assumem preconceito.
A maioria (77%) também concorda que faltam políticas públicas para enfrentar o preconceito racial com seriedade no país e 51% pensam que as redes sociais causam discórdia e pouco avanço na solução do problema.
Esse é o momento, talvez, de empresas privadas assumirem seus papéis e implementarem planos de reais de combate às desigualdades sociais. E desigualdade social inclui não apenas oferecer oportunidades a pretos, mas também à representantes LGBTQIA+, além de deficientes físicos e intelectuais e pessoas gordas.
Com o objetivo de desenvolver projetos nessa área, a ViacomCBS Brasil acaba de firmar parceria com o CEERT - Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades para promover a equidade e combater a discriminação racial.
Criada em 1990, a ONG produz conhecimento, desenvolve e executa ações para a igualdade racial e de gênero.
A parceria visa abordar diversos temas nas áreas de juventude, educação, justiça e de estímulo à equidade racial. Segundo Daniel Teixeira, diretor de Projetos do CEERT, é fundamental pautar o racismo e a promoção da equidade nos meios de comunicação, principalmente naqueles focados no público jovem.
É preciso que a conscientização sobre a temática racial e o desequilíbrio social seja a mais ampla possível e que os meios de comunicação cumpram sua função social ao contribuir para isso.
Há, mais do que nunca, uma necessidade emergencial de se dedicar à uma mudança estrutural e cultural. E a ViacomCBS está aberta para parcerias que visem combater essa disparidade.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.