Descrição de chapéu Agenda Davos 2021

Líderes brasileiros apontam desigualdade como responsabilidade coletiva durante Agenda Davos

Debate promovido por Folha e Fundação Schwab reafirma compromisso de empresas, organizações e poder público no combate à desigualdade social

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São Paulo

"Somando a força da sociedade civil, das ONGs e da iniciativa privada conseguimos ampliar o impacto social, derrubando muros e construindo pontes”. A frase de Edu Lyra, da ONG Gerando Falcões, ilustra o debate promovido hoje pela Folha e pela Fundação Schwab na Agenda Davos 2021.

Com a presença de empreendedores sociais e lideranças dos setores público e privado brasileiros, o painel reafirmou a responsabilidade de empresas, organizações e poder público no combate à desigualdade exacerbada pela pandemia.

"Essa pode ser a década do combate à desigualdade”, diz Lyra, reforçando que seria preciso ter coragem para tomar decisões duras tendo em vista os problemas sistêmicos do Brasil. “Se não fizermos a coisa certa hoje, vamos precisar pedir desculpas aos mais pobres”.

A afirmação ecoa a fala de Peter Grauer, presidente do Conselho de Administração da Bloomberg, em um dos painéis principais da Agenda Davos neste ano.

Grauer chamou a atenção para a responsabilidade de empresas no combate à desigualdade: “Não devemos esperar que as coisas mudem do dia para a noite, mas devemos ser julgados pelo impacto que teremos nesses problemas críticos", disse.

O apoio financeiro a pequenos empreendedores, que representam mais da metade dos empregos formais no país, foi consenso entre os participantes.

Patricia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, citou medidas que o governo paulista criou para apoiar pequenos empresários durante a crise econômica. “Fizemos o maior aporte da história em crédito e microcrédito através do Banco do Povo e da Desenvolve São Paulo”.

A mobilização solidária, segundo a secretária, fica como legado positivo para a sociedade. “Mobilizamos mais de R$ 1,8 bilhão em doações, de cestas básicas a respiradores, no estado de São Paulo”, diz.

Ela citou a construção da nova fábrica do Instituto Butantan, que também recebeu recursos provenientes de doações.

Seis pessoas aparecem em janelas, em um fundo preto.
Painel na Agenda Davos 2021 discute papel do empreendedorismo social brasileiro na promoção de soluções inclusivas - Divulgação

Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta e do Preta Hub, apoiou financeiramente mais de 600 negócios pelo país, 80% deles liderados por mulheres negras. “Para essas mulheres, empreender é sinônimo de sobreviver. Precisamos fazer uma transição para que seja sinônimo de qualidade de vida”, aponta.

A empreendedora social também apontou a necessidade de rever critérios de negativação da população pobre e preta. "Dar crédito e não reconhecer que muitas pessoas estão negativadas é algo que bancos precisam olhar", disse.

Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, trouxe a perspectiva da iniciativa privada durante a pandemia. “Eu nunca vi empresários se unirem tanto, trouxe consciência social”, diz.

Diante da sensação de que pequenos empreendedores estavam com dificuldades em entender as concessões de crédito anunciadas pelo governo, Trajano se articulou em rede. “Fiz diversas lives, fui a pequenas rádios do interior, trabalhei com a Caixa Econômica, o Sebrae e o grupo Mulheres do Brasil para reforçar as medidas”.

A responsabilidade pela desigualdade social brasileira, segundo Trajano, é de toda a sociedade. Ela deu o exemplo do recorte racial para ingresso no programa de trainee do Magazine Luiza. “Não podemos continuar com premissas antigas, temos que trabalhar a desigualdade e o racismo estrutural”.

Para Edu Lyra, as organizações sociais foram marginalizadas por um bom tempo no país e, durante pandemia, ao unir forças com outros setores, o cenário mudou. “As ONGs mostraram que são eficientes ao trabalhar com inovação social, tecnologia e capacidade de execução na ponta”, diz.

Com cestas básicas digitais, a organização Gerando Falcões mobilizou mais de 25 milhões de reais, impactando 500 mil pessoas em favelas brasileiras em 2020.

Em parceria com a iniciativa privada, distribuiu R$ 3 milhões para microempreendedores. Lyra foi um dos destaques no prêmio Empreendedor Social do Ano com a iniciativa Corona no Paredão – Fome Não.

“Para enfrentar esse grande desafio e fazer a retomada pós-pandemia com mais inclusão, vamos precisar de colaboração entre todos os setores”, afirmou Eliane Trindade, editora do Prêmio Empreendedor Social e mediadora do encontro.

Patricia Ellen acrescentou: “Políticas públicas só fazem sentido se funcionarem na ponta e se fizermos uma checagem de realidade. Temos muito trabalho pela frente e precisamos estar juntos”.

A reprodução da transmissão ao vivo pode ser acessada na TV Folha.

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