'A periferia tem fome, e não só de comida', diz líder de iniciativa cultural da maior favela de MG

Iniciativa concorre na Escolha do Leitor em que público poderá, além de votar em suas preferidas, doar para ações de enfrentamento à Covid-19

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São Paulo

Na maior favela de Minas Gerais, foi um centro cultural que alimentou 70 mil pessoas durante o período mais crítico da pandemia em 2020. Com a escassez de recursos neste ano, a iniciativa liderada pelo artista Kdu dos Anjos se volta a produções culturais e ações que possam empregar e fortalecer o Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte.

A Frente Humanitária Lá da Favelinha e ACM Cafezal foi um dos destaques no Prêmio Empreendedor Social do Ano em Resposta à Covid-19, distribuindo 178 toneladas de alimentos aos moradores das oito vilas que compõem o Aglomerado em 2020.

“Temos a consciência de que a periferia continua desassistida”, diz Kdu. Com apoio de financiamento coletivo e editais públicos, neste ano o Centro Cultural Lá da Favelinha criou uma série de projetos focados na juventude.

Empreendedores sociais da Frente Humanitária Lá da Favelinha e ACM Cafezal, de Aglomerado da Serra, MG - Renato Stockler

O Favelinha em Ação, por exemplo, reúne todo domingo shows com artistas locais, desfile de moda e entrevistas –tudo virtual, transmitido ao vivo da laje da associação. “Os artistas passam por uma quarentena para não perder os trabalhos”, afirma Kdu.

A Disputa Nervosa Municipal, também online, mobilizou uma competição amistosa entre dançarinos de funk da região, premiando as melhores performances do estilo da capital mineira.

Com as doações que chegam, a associação tem conseguido distribuir 500 cestas básicas por mês. O desejo do artista é retomar a produção e distribuição de marmitas na comunidade, mas desta vez de maneira sustentável. “Pensamos em criar um restaurante popular com refeições a um ou dois reais”.

Para Kdu dos Anjos, ficaram dois legados da Frente Humanitária. O primeiro é a certeza de que apoiar mulheres negras, que são chefes de família na favela, é um ato revolucionário. “Elas sustentam e carregam nas costas a periferia. E a periferia tem fome, e não só de comida. Tem fome de alimento crítico, político, ideológico”, diz.

O segundo legado é a gestão de recursos. “Soubemos aplicar as doações de uma forma que trouxe impacto direto para reduzir os efeitos da fome, do desemprego e da violência doméstica”. Nos três meses da campanha, o comércio e o empreendedorismo locais foram fortalecidos e todo o patrocínio conquistado para a ação foi investido na favela.

Como finalista na categoria Ajuda Humanitária do prêmio, a Frente Humanitária vai à votação popular, concorrendo com outras nove iniciativas na Escolha do Leitor.

O público poderá eleger seu finalista favorito em cada uma das categorias ao longo de três meses, em formato inovador no qual a enquete, no site da Folha, torna-se também plataforma de doação.

Os vencedores da Escolha do Leitor, tanto os recordistas de votos quanto os líderes na captação de doações, serão anunciados em um dos eventos de comemoração aos 100 anos do jornal ao longo de 2021.

COMO VOTAR NA ESCOLHA DO LEITOR

Passo 1 Acesse folha.com/escolhadoleitor2021 e escolha a iniciativa que mais fez seus olhos brilharem

Passo 2 Clique no botão "Quero votar" e aguarde a confirmação

Passo 3 Faça uma doação para uma delas clicando em "Doar agora"

Passo 4 Preencha seus dados, valor da doação e clique em "Enviar"

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