Prêmio Espírito Público anuncia servidores de destaque na pandemia

Cerimônia virtual nesta quarta (15) reconhece vencedores nas categorias Pessoas que Transformam, Equipes que Transformam e Instituições que Transformam

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São Paulo

O Prêmio Espírito Público, que valoriza profissionais dedicados à promoção de serviços públicos de qualidade no país, anuncia os vencedores de sua edição 2021. Os ganhadores serão reconhecidos nesta quarta-feira (15), em cerimônia virtual no YouTube, a partir das 18h.

Criado em 2018, por iniciativa de Fundação Lemann, Instituto Humanize e República.org, o concurso elege neste ano servidores nas categorias Pessoas que Transformam, Equipes que Transformam e Instituições que Transformam.

A atriz, cantora e poetisa Elisa Lucinda apresenta a premiação na companhia de músicos da Orquestra de Rua, composta por moradores de comunidades cariocas que estudam na UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).

O Programa​ Escola Digna, do Maranhão, é o vencedor de Equipes que Transformam, categoria que se voltou à educação neste ano.

Criada inicialmente para garantir infraestrutura educacional em um estado com os piores índices educacionais do país, a iniciativa foi além. Promoveu cursos profissionalizantes, práticas de pesquisa e extensão e inclusão de alunos com deficiência.

mulher posa com crianças
Programa Escola Digna, do Maranhão, elevou status do município no Ideb ao dar infraestrutura e capacitação para escolas e incluir pessoas com deficiência no sistema - Divulgação/PEP

Foram construídos 79 centros de educação integral, atendendo 15 mil estudantes; 150 escolas foram reformadas e 92% das crianças e adolescentes com deficiência foram incluídas em classes comuns.

De 2013 a 2019, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da rede estadual subiu de 2,8 para 3,7 e o índice de aprovação no Enem e demais vestibulares alcançou os 72%.

Na categoria Instituições que Transformam, iniciativas que contribuíram com soluções em segurança alimentar durante a pandemia foram à votação popular. O vencedor será anunciado durante a transmissão ao vivo.

A categoria Pessoas que Transformam conta com três vencedores em cada um dos setores: assistência social, gestão de pessoas, meio ambiente, saúde e segurança pública.

Assistência social

Adriana Melo cresceu em Pocinhos, interior da Paraíba. Em 2005, ingressou no serviço público como médica obstetra no setor de alto risco de maternidade municipal de Campina Grande.

Em uma jornada solitária, sem reconhecimento e apoio financeiro, publicou os primeiros casos de microcefalia fetal causada por zika vírus da história. Seu trabalho é referência ao redor do mundo e resultou na denominação de uma nova doença, a Síndrome Zika Congênita.

mulher rodeada de crianças
A assistente social Adriana Melo, da Paraíba, publicou os primeiros casos de microcefalia fetal causada por zika vírus da história - Divulgação/PEP

Elder Gabrich cresceu no interior de Minas Gerais. Formado em administração pública, deu início à carreira de servidor público em 2013, e, dois anos mais tarde, entrou para a Secretaria de Desenvolvimento Social. Na pandemia, colaborou com a concepção do Renda Minas, programa que garantiu renda mínima para 2,5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza.

Nascida na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, Rosangela Pereira assumiu a gestão de um Centro Especializado de Atendimento à Mulher. Os atendimentos saltaram de 879 em 2017 para 3.074 em 2020.

A equipe da unidade, antes formada por assistentes sociais e psicólogas, ganhou apoio jurídico, garantindo atendimento ainda mais completo. O trabalho inspirou outras trajetórias e deixou um legado: auxiliou pesquisas, formações profissionais e elaboração de projetos com outras instituições.

Saúde

A auxiliar de enfermagem Giane Moeckel, de Curitiba (PR), participou do desenvolvimento de projetos que utilizam práticas integrativas e complementares para promover o bem-estar de pacientes e colegas. A partir dessas práticas —que fazem parte do SUS— ela utiliza a arteterapia para levar alegria e conforto aos seus pacientes.

mulher vestida de jaleco branco em corredor
A auxiliar de enfermagem Giane Moeckel utiliza arteterapia para levar conforto aos pacientes em Curitiba (PR) - Divulgação/PEP

Nascida no Rio de Janeiro, Iris Bessa ingressou no serviço público como professora, em 1991. Morou em diversos estados e teve contato com a causa indígena quando se mudou para Santa Catarina. Durante a pandemia, lutou para que as vulnerabilidades dos povos Guarani, Kaingang e Xokleng fossem consideradas e garantiu assistência aos mais de 12 mil indígenas residentes na região.

Rodrigo Oliveira, que nasceu no Rio de Janeiro e estudou Medicina, assumiu a Secretaria de Saúde de Niterói quando a Covid-19 chegou ao Brasil. Criou um Plano Municipal de Saúde que foi premiado na ONU e colocou Niterói como uma das quatro cidades da América Latina referência no combate à pandemia.

Gestão de Pessoas

O amor pela gestão de pessoas encontrou a prática quando o brasiliense Alex Cavalcante assumiu a superintendência de recursos humanos da Aneel em 2018. Com a pandemia, viabilizou plano para garantir saúde, segurança e bem-estar aos colaboradores.

Uma das principais iniciativas do projeto foi a implementação do teletrabalho em larga escala, modelo que se tornou referência no setor público.

Natural de Belo Horizonte (MG), Ladimir Freitas é diretor técnico da Companhia de Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Prodemge). Criou um programa de transformação digital que melhorou o clima interno, aproximou a companhia de boas práticas de mercado e colaborou para que a empresa tivesse saldo financeiro positivo após sete anos de balanço negativo.

homem de óculos e braços cruzados em escritório com pessoas trabalhando em computadores
Alex Cavalcante garantiu saúde, segurança e bem-estar de colaboradores da Aneel, em modelo que se tornou referência no setor público - Divulgação/PEP

A brasiliense Luana Silveira de Farias trabalha no Ministério da Economia e criou, em 2020, um programa para gerar soluções inovadoras em gestão de pessoas. Mais de 20 mil pessoas foram impactadas pelos serviços em 40 órgãos públicos. O programa alcançou 96% de avaliações positivas dos usuários.​

Segurança Pública

Nascida em Manhuaçu (MG), a policial civil Ana Rosa criou na pandemia o projeto 'Chame a Frida', com atendente virtual que funciona 24h no WhatsApp, e encaminha mensagens para um policial de plantão.

Com a iniciativa, há quase dois anos não ocorre nenhum caso de feminicídio em Manhuaçu. O município abraçou a Frida de tal forma que ela virou projeto de lei, com o objetivo de ser implementado em todo o estado.

A guarda municipal Cintia Aires criou em Pelotas (RS) o Observatório Municipal de Segurança Pública, banco de dados criminais que possibilitou a melhora do policiamento.

Em apenas três anos, todos os indicadores criminais monitorados reduziram. A iniciativa inspirou outros municípios a buscarem orientação para implementar seus próprios observatórios.

mulher vestida com uniforme policial está sorrindo em casa com janelas e quadros
Cintia Aires criou o Observatório Municipal de Segurança Pública, banco de dados criminais que diminuiu a ocorrência de crimes em Pelotas (RS) - Divulgação/PEP

Felipe Scarpelli, de Belo Horizonte (MG), elaborou um método de gestão de riscos para terminais portuários do país, evitando crimes como tráfico e contrabando de drogas, armas e pessoas, pirataria e atos terroristas.

Em parceria com a Conportos, criou a metodologia Aresp (Análise de Riscos com Ênfase em Segurança Portuária), que permitiu a criação de novas medidas de proteção nesses locais.

Meio Ambiente

A geóloga Cleane Pinheiro, de Peixe-boi, interior do Pará, criou um sistema de regulação do uso da água. Agora, os moradores podem regularizar o uso da água de suas casas através da internet, têm maior segurança jurídica com a documentação e a garantia de que o recurso será melhor distribuído para todos.

Com recursos de uma emenda parlamentar, o piauiense Marcos Lira ajudou a levar água para 80 famílias no semiárido brasileiro. O projeto foi premiado pela ONU. Em 2018, participou da concepção do 'Escolas Solares' iniciativa pioneira que levou sistema de energia solar para uma escola na zona rural do Piauí.

homem de camisa azul clara posa perto de cadeiras amarelas
Marcos Lira desenvolveu 'Escolas Solares', projeto pioneiro que leva energia solar para escola na zona rural do Piauí - Divulgação/PEP

A servidora pública Natália Coelho, de Ponta Nova (MG), participou da fundação do Projeto Arboretum, do Serviço Florestal Brasileiro, com o propósito de criar parceria entre a floresta e as pessoas que vivem em seu entorno.

O projeto capacitou comunidades indígenas, rurais e assentamentos para coleta e produção de mudas e sementes. Hoje, o viveiro florestal do Arboretum tem uma das maiores diversidades de espécies do mundo.

Júris e comitês setoriais compostos por notáveis do setor público, da academia e do terceiro setor, além de ganhadores de edições anteriores, avaliaram os candidatos.

Critérios como diversidade, impacto social, contribuição técnica, capacidade de mobilização e efeito multiplicador, iniciativa e integridade foram observados pelos jurados.

"O serviço público é fundamental para a modernização do Brasil. Os países que mais admiramos, que são espelhos do nosso futuro, são aqueles em que os profissionais públicos têm o devido reconhecimento pela importância de seus trabalhos", diz Guilherme Coelho, fundador da República.org.

Ele destaca a relevância de profissionais públicos durante a crise sanitária. "Em um cenário no qual a pandemia agravou as desigualdades sociais e deteriorou as condições econômicas, os profissionais públicos brasileiros foram essenciais para que o país pudesse atravessar o caos e se preparar para dias de recuperação. Reconhecer e valorizar esse trabalho é o objetivo do Prêmio Espírito Público."

Além dos prêmios em dinheiro, de R$ 5 mil para os servidores e R$ 15 mil para a equipe, os vencedores poderão participar de uma imersão em gestão pública e compor uma rede formada pelos ganhadores do Prêmio nas três edições anteriores.

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