Agenda Pública quer inspirar debate em 2022 com plano de retomada econômica inclusiva

'Não deixar ninguém para trás na pandemia significa trabalho, renda e proteção social', diz cientista político

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São Paulo

A Agenda Pública vem dando sua contribuição ao debate sobre caminhos mais inclusivos para a recuperação econômica brasileira. A organização criou um repertório de iniciativas globais para inspirar governos e empresas. E elenca trabalho decente e mecanismos de proteção social como instrumentos de inclusão.

Durante a pandemia, a predominância do trabalho informal nos setores de comércio e serviços e o aprofundamento das desigualdades sociais no país dão a dimensão do desafio que gestores públicos enfrentarão nos próximos anos.

“Não deixar ninguém para trás significa trabalho, renda e proteção social”, diz Sergio Andrade, cientista político e fundador da Agenda Pública. Na prática, será preciso gerar riqueza sem deixar que populações vulneráveis fiquem de fora das atividades produtivas.

homem de óculos segura microfone em evento
Sergio Andrade, fundador da Agenda Pública - Keiny Andrade/Folhapress

“A crise deixa claro que precisamos de serviços públicos que funcionem bem, como na saúde e na assistência social, mas também precisamos que governos atuem para a recuperação econômica”, afirma Andrade.

No final de maio, a Agenda Pública convocou líderes como Rodrigo Maia, Flávio Dino e Luiza Trajano para discutir crescimento econômico e trabalho decente —temáticas alinhadas a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A partir de exemplos práticos de gestão, desenvolvidos durante a pandemia, o Festival ODS trouxe um repertório de possibilidades.

“O festival retratou diferentes escolhas políticas e garantiu um panorama prático”, diz o cientista político. “São experiências que olham para vetores como infraestrutura, economia de baixo carbono, digitalização e geração de empregos de qualidade.”

A conferência virtual, dividida em dois dias, passou por assuntos como inserção da economia informal e do empreendedorismo, produtividade com diversificação, inovação tecnológica, requalificação da força de trabalho e atração de investimentos.

Tiveram destaque a atuação dos governos europeus e dos Estados Unidos na crise sanitária, com medidas de investimento público que desencadearam ações do setor privado.

“É preciso combinar políticas públicas e ações de incentivo econômico com mecanismos que assegurem direitos, oportunidades e cuidados à população”, diz Andrade.

Ele argumenta que países vêm se conscientizando de que é preciso combater a desigualdade –não apenas em nome de uma justiça social, mas como maneira de garantir coesão e sobrevivência democrática.

“Como nós reagimos ao déficit social, aos 35 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil? Olhar para a agenda de crescimento é olhar para a proteção social”, afirma.

Para a organização, a mensagem que ficou do Festival ODS é a urgência de um plano nacional para enfrentar os problemas decorrentes da pandemia. “Sempre que debatemos desafios de difícil solução, há uma sensação de imobilidade, mas o festival trouxe uma gramática para além das ideias”, diz Andrade.

Em 2020, a Agenda Pública criou o movimento Reset em parceria com Estratégia ODS, Covid Radar, Rede Brasil do Pacto Global e com cofinanciamento da União Europeia.

A proposta é reunir ações conjuntas entre Estado, setor público, setor privado e sociedade civil, com um olhar local e estratégias integradas, baseadas em dados e evidências.

E, a partir delas, construir um movimento de recuperação econômica inclusiva que possa inspirar o debate político em 2022.

“Os impactos da crise serão duradouros e não sairemos dela sem um plano”, diz Sergio Andrade. “A Europa tem um plano, os Estados Unidos têm um plano; qual é o plano do Brasil?”

Fundada em 2009 para oferecer serviços públicos mais simples, humanos e inteligentes, a Agenda Pública incentiva a participação da população na construção de políticas públicas.

Nesta agenda de crescimento do país, Andrade considera a sociedade como protagonista. “O cidadão tem o protagonismo da agenda política de 2022 e cabe a nós escolher projetos mais inclusivos.”

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