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José Dias

Origem, consequências e caminhos de mitigação da crise hídrica

Reúso da água, mudança de matriz energética e educação são caminhos possíveis para a sustentabilidade no sertão

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José Dias

Formado em ciências econômicas, é coordenador e captador de recursos do Centro de Educação Popular e Formação Social (Cepfs). É empreendedor social da Ashoka e da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

A crise hídrica vinha sendo anunciada há vários anos por estudiosos do assunto. Evidências revelam que ela tem origem nas mudanças climáticas. Mas qual a origem dessas mudanças? No Brasil, o desmatamento do bioma Amazônia é considerado o principal motivo.

Sabemos que práticas equivocadas no uso dos recursos naturais, em quaisquer biomas, trazem como resultado o desequilíbrio ambiental. Fome e sede, escassez de alimentos e de água em alguns lugares e inundações em outros, aumento da pobreza, desemprego, inflação, diminuição da produção de alimentos e de energia são algumas das consequências dessa crise.

em horta, homem joga balde de água na plantação, mulher atrás observa
Convivência sustentável com escassez de água no semiárido é proposta do Cepfs, na Paraíba - Na Lata

Os caminhos de mitigação são muitos, e um dos mais urgentes seria desenvolver práticas de cultivo da água. Plantar e cuidar de árvores nativas, desenvolver iniciativas de reflorestamento ou "recaatingamento", promover iniciativas de manejo sustentável dos recursos naturais.

A agricultura irrigada e o beneficiamento na indústria desperdiçam água. É fundamental investir no reúso de água e na mudança da matriz energética, triplicando os recursos para a pesquisa de alternativas e a implantação descentralizada de fontes de energias renováveis.

Investir em processos de desassoreamento das principais fontes de água –reservatórios e rios– e preservar as nascentes constitui-se um importante caminho para a sustentabilidade.

Outro caminho é desenvolver campanhas para evitar a poluição dos rios e os desmatamentos. Adotar medidas punitivas para aqueles que continuarem poluindo e desmatando. Ou seja, fazer valer a atual legislação vigente e aprimorá-la para ter mais eficácia quanto à punição dos culpados do desastre ambiental em curso.

Outra ação importante é investir na interligação das bacias hidrográficas visando suprir déficits e aproveitar superávits das chuvas, em determinados períodos, de acordo com cada região e suas respectivas precipitações pluviométricas.

Destaco ainda a valorização de pequenas iniciativas de cultivo da água, desenvolvidas por agricultores e agricultoras de base familiar. Não importa o tamanho do plantio de árvores e cultivos agroecológicos, o que importa é a adesão a essa importante relação com o meio ambiente, que gera impactos positivos para mitigar a crise hídrica.

Toda e qualquer iniciativa, por menor que seja, ao somar-se com outras fará a diferença no equilíbrio ambiental e na mitigação das mudanças climáticas.

Essas iniciativas precisam, urgentemente, integrar os currículos oficiais no processo educacional. Há evidências de que, a partir da educação, comportamentos equivocados quanto ao uso dos recursos naturais podem ser mudados.

É fato que a sustentabilidade humana depende da sustentabilidade ambiental do planeta. Com essa abordagem, o Centro de Educação Popular e Formação Social (Cepfs), organização social com mais de 36 anos de atuação no sertão da Paraíba, vem incentivando iniciativas como a captação de água de chuva para o consumo humano e para a produção de alimentos saudáveis.

Desenvolve ainda processos de formação, troca de experiências e potencializa saberes locais no âmbito da produção, beneficiamento e, principalmente, no aproveitamento das ofertas da própria natureza.

A partir da potencialização de saberes e conhecimentos locais, camponeses e camponesas se apropriam e reconhecem a natureza como aliada, nos processos de construção coletiva do conhecimento e nas conquistas de melhoria da qualidade de vida no semiárido da Paraíba, tornando-se mais resilientes às adversidades do clima.

Acesse cepfs.org.br/abrace-o-semiarido e conheça a campanha "Abrace o semiárido". Tome uma atitude solidária, torne-se um doador, motive outras pessoas a também abraçar a causa, faça a diferença na vida de mais 30 famílias que serão apoiadas.

Cultive a água, recurso natural vital. Faça sua parte na mitigação das mudanças climáticas, se organize em seu bairro, na sua comunidade e promova espaços de reflexão e debates para mudar hábitos e comportamentos equivocados quanto ao uso insustentável dos recursos naturais.

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