Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
31/05/2011 - 17h12

Empresa social, capital social

Publicidade

BRUNA AUGUSTO PEREIRA *
MARCUS VINICIUS BRANCAGLIONE

Há quem critique que o termo capital social veio para resgatar algo que há muito tempo já deveria estar extinto. Salvo em tudo o que esta crítica procede, a ampliação do conceito do capital para além da redução financeira foi um dos maiores adventos não apenas do terceiro setor, mas também daqueles que se dedicam ao estudo deste --ensinando e aprendendo com a sociedade civil, ou mais precisamente, com as "comunidades cívicas" da democracia.

Capital social essencialmente ligado ao associativismo, presente em comunidades formadas pela associação de pessoas livres para os mais diversos fins, onde o nível de compartilhamento de um bem comum e a qualidade destas relações mútuas determinam seu valor real que não pode ser reduzido só ao econômico. Apontando para o fato de que não é toda riqueza que pode ser mercantilizada, consumida, ou mesmo usufruída individualmente.

O capital social é riqueza viva e dinâmica que não pode ser arrancada do meio e trancada em cofres sem que a matemos. Não é um outro capital, nem a negação dos demais, mas sua afirmação em cada uma das esferas da sociedade. E como tudo que é essencial é mais facilmente valorizado em sua falta, percebido muito mais por sua negação, ou precisamente privação, a pobreza.

Assim se por um lado a pobreza cultural e política gera pobreza econômica e reduz o capital social, por outro, o inverso também é verdadeiro: num mundo monetarizado a ausência de qualquer renda significa invariavelmente não apenas menos liberdade e oportunidades, mas perdas do capital com a redução dos níveis de confiança e reciprocidade que redundam invariavelmente em tensão, exclusão, e por fim, ruptura da teia social.

É, portanto, perfeito do ponto de vista estratégico, o foco atual do empreendedorismo social de buscar a sustentabilidade não apenas como um conceito ambiental, mas também econômico, e com um objetivo claro: tornar estas iniciativas de interesse público capazes de se bancar.

Contudo uma empresa social não é apenas aquela que se nega a reproduzir mais desigualdade socioeconômica, ou supera esse dilema da exploração do trabalho e crescimento insustentável, mas aquela que também supera as limitações sociais no plano cultural e político.

Aplicando processos que vão desde o empoderamento dos trabalhadores no acesso, controle e fluxo da informação e processos de decisão, até a democratização de fato da empresa, com autogestão e substituição das contra-produtivas estruturas hierárquicas por sistemas dinâmicos de redes distribuídas. Redes que são as fontes do capital social que não floresce sob o poder corporativo, mas sim nestas livres associações democráticas.

Frente a essa multiplicidade de valores para o capital social, não é apenas a visão unidimensional do sentido do desenvolvimento humano que capitula, escancarando de vez a obsolência do homo economicus. É o despertar da percepção de todas as dimensões da realidade social que emerge da tomada da ciência da integralidade do capital que circula nas esferas econômica, cultural e política da sociedade.

Não uma percepção artificialmente compartimentada e rarificada de valores contraditórios e irreconciliáveis; mas um novo paradigma onde as sociedades e a riqueza que flui pelas redes não estão só interconectadas por um mercado liberal internacional, mas são interconexas em comunidades livres globais --duas coisas tão distintas quanto um homem e sua sombra. O renascimento do homo solidarius ou talvez simplesmente o reencontro do homem com sua natureza humana ou solidária, termos que na riqueza da língua que compartilhamos, não por acaso, são quase sempre sinônimos.

*Bruna Augusto Pereira - bióloga; presidente fundadora da ReCivitas; sócia-diretora da TVONG; professora de "Associativismo e redes sociais" no IATS - Instituto de Administração para o Terceiro Setor Luiz Carlos Merege.
Marcus Vinicius Brancaglione - diretor e coordenador de projetos da ReCivitas; sócio-diretor da TVONG; professor de "Associativismo e redes sociais" no IATS - Instituto de Administração para o Terceiro Setor Luiz Carlos Merege. Contatos: bruna@recivitas.org.br e marcus@recivitas.org.br


 
Patrocínio: Coca-Cola Brasil e Portal da Indústria; Transportadora Oficial: LATAM; Parceria Estratégica: UOL, ESPM, Insper e Fundação Dom Cabral
 

As Últimas que Você não Leu

  1.  
  • Realização
  • Patrocínio
    • CNI
    • Vale
  • Parceria Estratégica
  • Parceria Institucional
  • Divulgação
    • Aiesec
    • Agora
    • Brasil Júnior
    • Envolverde
    • Endeavor
    • Ideia
    • Make Sense
    • Aspen
    • Semana Global de Empreendedorismo
    • Sistema B
    • Avina

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página