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Saiba o que é metástase, que ocorreu com Glória Maria no tratamento do câncer

Jornalista morreu na manhã desta quinta-feira (2) após tratar doença no pulmão que evoluiu para o cérebro

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Ribeirão Preto

Cobertura de invasão de terroristas, reportagens em desertos, contato com povos nômades, entrevista com ditadores, salto do mais alto bungee-jump do mundo, nada disso foi páreo para Glória Maria, pioneira da TV brasileiro. A jornalista morreu na manhã desta quinta-feira, aos 73 anos. Segundo a TV Globo, o tratamento que Glória fazia para combater as metástases que existiam em seu cérebro deixaram de fazer efeito nos últimos dias.

Glória Maria estava em tratamento oncológico desde 2019 após receber o diagnóstico de câncer de pulmão e, após o êxito do tratamento de imunoterapia para o sistema respiratório, passou por cirurgia para conter o avanço da doença no cérebro. A operação também foi bem-sucedida, mas a sequência do tratamento não avançou, de acordo com nota divulgada hoje pela emissora.

Glória Maria
A jornalista Glória Maria morreu na manha desta quinta-feira (2), no Rio - Marcus Leoni/Folhapress

A TV Globo afirma que "em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias." A apresentadora e repórter carioca morreu no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

O radio-oncologista Flávio Guimarães, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), afirma que o termo metástase indica a implantação de um tumor à distância. Isto é, uma nova lesão tumoral surge a partir da evolução de células do primeiro ponto cancerígeno.

No caso especifico da metástase cerebral ocorre quando alguma neoplasia maligna (câncer) de determinada região do corpo solta pequenos fragmentos microscópicos, que através da corrente sanguínea, se implantam no cérebro", pontua Guimarães.

Maria Ignez Braghiroli, oncologista clínica e membro da Sboc (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), afirma que alguns tumores, como o de pulmão, favorecem a disseminação da doença pelo corpo devido ao seu perfil molecular.

"Dessa forma, é recomendado que, para algumas doenças, o cérebro seja avaliado mesmo quando a pessoa não tem sintomas neurológicos", diz a médica.

A oncologista aponta ainda que o fato de ser uma lesão metastática, fora do local no qual o tumor apareceu inicialmente, dificulta o tratamento, pois indica uma doença mais avançada.

"Quando falamos de uma metástase no cérebro, é bem mais complexo. Precisamos avaliar o local das lesões, as características do tumor e perspectivas com tratamentos para então decidir como proceder", afirma Braghiroli.

Isso ocorre porque algumas terapias oferecem melhor penetração no cérebro, enquanto outras podem não ter resultado satisfatório para o perfil do paciente.

"Depende também dos sintomas que estejam causando: se levam a hipertensão no cérebro, se causam sangramento… Tudo isso é levado em conta na decisão de iniciar um tratamento sistêmico –quimioterapia ou terapia alvo–, cirurgia ou radioterapia", reforça a médica.

O neurocirurgião Hugo Sterman Neto, médico do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), aponta que alguns tumores malignos apresentam maior capacidade de entrar no sistema nervoso, cujo acesso é difícil.

Sterman afirma que a chamada barreira hemato encefálica tem como objetivo impedir a entrada de agentes infecciosos e células prejudiciais. O câncer de pulmão, entretanto, pode acometer o cérebro com maior frequência por ter células mais eficientes em vencer esse obstáculo do corpo.

"É um câncer muito frequente na população. Ele possui células mais ‘capazes’ de entrar no sistema nervoso. [Além disso], os tratamentos tornaram-se mais eficazes e os pacientes sobrevivem mais tempo, aumentando o risco de disseminação para o cérebro", diz o médico.

O câncer de pulmão no Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do governo federal, é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres, com cerca de 30,2 mil casos ao ano no país.

É também o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres, sendo o de mortalidade mais alta para eles e o segundo mais mortal para elas – dados globais indicam 2,12 milhão de casos novos anuais, sendo 1,35 milhão em homens e 770 mil em mulheres.

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