Descrição de chapéu Beleza

Anvisa condena racismo após reunião com fabricantes sobre pomadas modeladoras

Fabricantes alegaram que problemas oculares ocorreram devido à suposta falta de higiene de usuários de tranças

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São Paulo

A Anvisa divulgou, na última terça-feira (28), uma nota condenando "qualquer forma de discriminação, em especial o racismo" após uma reunião em que fabricantes de pomadas modeladoras afirmaram que os problemas de visão atribuídos aos produtos seriam de responsabilidade de trancistas e das vítimas

No encontro, que ocorreu no dia 17 de fevereiro, representantes também declararam que os problemas decorrentes das pomadas teriam supostamente ocorrido por falta de higiene. De acordo com eles, os usuários passariam vários dias sem lavar os cabelos.

As falas foram vistas como racistas por usuários das redes sociais que tiveram acesso ao conteúdo da reunião. Os internautas também destacaram a presença majoritária de pessoas brancas no evento, que ocorreu por meio de videoconferência.

Mulher trançando o cabelo
Fabricantes alegaram que afeitos adversos causados pelas pomadas estariam ligados a falta de higiene das tranças e cabelos afro - Tércio Teixeira/Folhapress

O uso e a venda de todas as pomadas foram proibidos pelo órgão no início de janeiro após casos de cegueira temporária e outros efeitos adversos relacionados ao seu uso. A retirada total dos produtos do mercado ocorreu após diversas resoluções da agência que miravam diferentes fabricantes.

Enquanto a medida estiver em vigor, nenhum lote pode ser comercializado e os produtos não devem ser utilizados por consumidores e profissionais de beleza enquanto são realizados testes e análises.

Em nota, a Anvisa afirma que "não há alegações técnicas de que os eventos adversos graves estejam relacionados ao uso por pessoas negras e mais especificamente à prática de trançar cabelos".

"A Agência rejeita e abomina qualquer forma de discriminação, em especial o racismo", diz o texto.

A trancista Cláudia Talita, do Quilamú Ateliê de Tranças, aponta que as falas vêm de uma concepção prejudicial e racista sobre penteados e cabelos afro. "É muito revoltante."

Ela reforça que "não é uma pomada exclusiva para tranças e que [o produto] sempre foi usado em outros penteados".

Talita também destaca que as tranças são apenas uma estilização, ou seja, não há mudanças químicas na estrutura do cabelo. "A responsabilidade de regulamentar os produtos é da Anvisa e de quem comercializa, não é nossa."

A profissional conta que sempre orienta os clientes a seguir bons cuidados para evitar problemas com os penteados, além de procurar um profissional da saúde em caso de irritações.

As tranças podem ser lavadas normalmente com água e shampoo, e a frequência pode depender do tipo de cabelo, afirma. Talita recomenda que a higienização seja feita de uma a duas vezes na semana.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto dizia que a Anvisa condenava falas vistas como racistas de fabricantes de pomadas modeladoras. A agência, porém, afirma desaprovar "qualquer forma de discriminação, em especial o racismo"

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