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Lentes de contato melhoram aparência dos dentes, mas devem ter indicação e manutenção corretas

Próteses são caras e duram por volta de 15 anos; competência do dentista evita resultados artificiais

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São Paulo

Na televisão e nas redes sociais, os sorrisos das celebridades estão cada vez mais parecidos. Dentes muito brancos, perfeitamente alinhados e, às vezes, um pouco exagerados nos tamanhos. Essa padronização da dentição é obtida com a aplicação de facetas de porcelana ou de lentes de contato dentais, técnicas que se popularizaram nos últimos anos.

Embora pareça uma tendência recente, a história das facetas dentárias com os famosos começou em Hollywood no final da década de 1920, conta Sérgio Brossi Botta, especialista em dentística, coordenador do curso de especialização em dentística da ABO (Associação Brasileira de Odontologia) e presidente da câmara técnica de dentística do Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo).

"Nessa época, marcada pelo início do cinema falado, um dentista da Califórnia chamado Charles Pincus encontrou um método para que os atores pudessem exibir nas telas um sorriso mais harmônico. Ele colava provisoriamente uma espécie de capa feita de acrílico sobre os dentes dos artistas e a tirava depois das gravações."

A imagem mostra a comparação de dois sorrisos de uma mesma pessoa. À esquerda, os dentes estão amarelados e apresentam manchas, enquanto à direita, os dentes estão brancos e bem cuidados, evidenciando uma diferença significativa na estética dental.
Antes e depois de dentes restaurados com facetas de porcelana - Nelson/Adobe Stock

As facetas foram evoluindo e ganhando mais adeptos nas décadas seguintes até que, em 1955, quando elas já eram feitas de cerâmica, o dentista Michael G. Buonocore descobriu que, ao aplicar um ácido sobre o dente natural, o produto adesivo ligava-se de uma forma mais estável. A nova técnica tornou esse tipo de prótese mais duradoura e com resultados estéticos melhores, que foram se aprimorando ao longo dos anos.

Lentes de contato dentais, facetas, coroas ou resinas?

"Lente de contato acabou virando um termo generalista e comercial para chamar qualquer intervenção em dentes anteriores que tenha um objetivo estético", observa Pedro Henrique Cabral Oliveira, cirurgião dentista, doutor em dentística e professor dos cursos de graduação da Anhanguera e FAOA-APCD (Faculdade de Odontologia da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas).

Na prática, ao atender um paciente, o dentista vai avaliar qual técnica é a mais adequada para o seu caso: lentes de contato, facetas de porcelana, coroas totais ou aplicação de resina composta.

As mais finas são as lentes de contato, laminados de cerâmica com espessuras que variam de 0,2 a 0,4 milímetros. "Elas são indicadas para pessoas que querem melhorar a estética dos dentes, principalmente em relação ao formato, tanto em comprimento quanto em largura, como as que têm diastemas [espaço entre os dentes]", diz Cabral.

Por serem translúcidas, as lentes mudam pouco a cor, a menos que seja feito um clareamento antes da aplicação. São apropriadas para quem tem baixo risco de cárie e que não sofre de bruxismo ou problemas relacionados à ATM (articulação temporomandibular), já que o ranger dos dentes ou a mordida com muita força pode danificar as peças.

Para que elas fiquem bem adaptadas aos dentes, com resultados mais naturais, é realizado um desgaste mínimo no esmalte dental. Esse preparo é importante para que não fique um degrau entre o dente e a gengiva que, além de gerar um resultado artificial, pode acumular placa bacteriana, causando cáries, gengivite e mau hálito.

As facetas de porcelana têm de 1,2 a 1,5 milímetros de espessura. Elas têm indicações semelhantes às das lentes de contato, mas por serem um pouco mais espessas conseguem modificar mais a cor e o melhorar o alinhamento dos dentes.

Enquanto as lentes e as facetas são colocadas apenas nas faces laterais e vestibular (frontal) dos dentes, as coroas envolvem todo o dente e exigem um desgaste severo —os dentes originais ficam bem pequenos, em forma de pinos, para receber a prótese.

Nos três casos, o dentista vai avaliar em consultório as indicações e escolher junto com o paciente o formato, tamanho e cor. É possível, por exemplo, fazer simulações digitais com uma foto da pessoa.

"Em dentes que já foram muito restaurados, com coloração diferente, talvez seja necessário tratar ou retratar o canal e realizar clareamento antes da instalação das facetas ou das lentes", ressalta Cabral. "Em casos de dentes com pouco substrato, ou seja, pouca estrutura, as coroas podem ser mais indicadas."

Quando todas essas características forem definidas, o dentista vai passar os dados para o laboratório confeccionar as próteses, que serão entregues prontas para serem instaladas nos dentes do paciente.

Já a resina composta é um material que será aplicado e modelado diretamente no dente pelo dentista, por isso também é chamada de faceta direta. "É uma boa opção para trabalhar melhor a cor, disfarçar um dente que ficou escurecido após um tratamento de canal, por exemplo", diz Cabral. "Para o paciente com menor recurso financeiro, as facetas diretas em resina podem ser uma ótima alternativa."

Como evitar resultados artificiais?

"A aparência das lentes de contato e das facetas depende de fatores como a competência do cirurgião-dentista em fazer um trabalho natural, com formato adequado e harmônico em relação ao rosto e aos lábios do paciente, tomando cuidado com a oclusão, tecidos periodontais e volume dos dentes para eles não ficarem maiores do que deveriam", afirma o especialista Sérgio Brossi Botta. "Temos vários exemplos de artistas que colocaram lentes que estão com tamanhos exagerados para seu rosto e boca."

A cor escolhida é uma decisão do paciente, mas também vai depender do direcionamento do dentista e da qualidade do laboratório que vai confeccionar as próteses.

"Uma faceta muito espessa, com cor muito branca e opaca para esconder o fundo escurecido do dente vai ficar artificial", alerta Cabral. "A cor da moda é a BL1, que eu chamo de branco Deca, da louça de banheiro. Pode até ficar bonito, mas não é um tom que existe naturalmente."

Também é preciso respeitar o desgaste necessário para a colocação das próteses. Sem ele, a sobreposição do material pode fazer com que o dente fique grosso, impedindo a movimentação e fechamento corretos dos lábios.

É um tratamento caro e que precisa de manutenção

As lentes e facetas podem durar por volta de 15 anos quando são bem feitas pelos profissionais e bem cuidadas pelos pacientes –é preciso caprichar na escovação, no uso de fio dental e evitar fazer força desnecessária com os dentes, como abrir pacotes.

"O ideal é realizar visitas anuais ou semestrais ao dentista para checar se está tudo certo", observa Botta.

Também é preciso fazer um planejamento financeiro para trocar o material quando for necessário.

"Em média, cada lente de contato bem feita, bem cimentada, custa R$ 3.000. Se você fizer em seis dentes, de canino a canino, são R$ 18 mil. Hoje você tem esse dinheiro, mas daqui a 15 anos você também vai ter? Tem que pensar nisso", ressalta Cabral.

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