Na doença popularmente conhecida como fogo selvagem, formam-se bolhas na pele e posteriormente lesões. Trata-se de um tipo específico, endêmico da América do Sul —inclusive Brasil, na região Centro-Oeste—, da doença autoimune chamada pênfigo.
Os pênfigos são divididos, de forma geral, em dois grupos. O vulgar, que costuma ser mais grave —afeta também mucosas, como a boca— e atinge pacientes de meia idade. E a foliáceo, que só ocorre na pele e começa geralmente na face, tronco superior ou couro cabeludo --há casos em que as bolhas podem se espalhar por todo o corpo.
O fogo selvagem é uma forma do pênfigo foliáceo e ocorre em pessoas entre os 10 e 50 anos, segundo Gunter Hans Filho, assessor do departamento de doenças bolhosas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
"São lesões que ardem como fogo", diz Hans Filho. Já o "selvagem" do nome vem do fato das pessoas atingidas pela doença normalmente residirem na área rural.
O problema é causado pelo sistema imunológico que começa a atacar moléculas de adesão celular na epiderme, o que leva à formação de bolhas.
Segundo o especialista, a doença tem relação com questões de susceptibilidade genética, em alguns casos com exposição a medicamentos e também pode haver ligação com fatores ambientais.
O tratamento para o problema costuma ser agressivo, feito com corticoides e imunobiológicos.
Normalmente, o tempo mínimo de tratamento é de três anos e, depois de controlada, a condição não necessariamente terá desaparecido permanentemente.
Hans Filho diz que há pacientes com a doença controlada por mais de dez anos que apresentam recidivas. Assim, o quadro é imprevisível.
No passado, a cada dez pacientes com o quadro, nove acabavam morrendo por sepsia. Hoje, a morte é rara.
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