De acordo com o último Datafolha, não vai além de um terço da população aqueles que aprovam o trabalho de Jair Bolsonaro na crise do coronavírus.
Apenas 33% consideram a atuação do presidente nesse caso como ótima ou boa.
No domingo (19), Bolsonaro participou de ato pró-golpe militar em Brasília. Foi mais um entre tantos flertes dele com o autoritarismo.
É bem possível que o leitor esteja saudoso de homens públicos de espírito abertamente democrático. E talvez sinta falta também de políticos que conciliem eficiência na gestão de crises (no Executivo, no Legislativo ou em ambos) e aptidão para articulações políticas.
Caro leitor, pode ser um consolo neste momento saber que o Brasil já teve figuras com esse perfil —e nem faz tanto tempo assim. Cometeram erros, mas foi o saldo positivo que prevaleceu ao término de suas carreiras públicas.
A seleção a seguir inclui biografias de alguns nomes públicos notáveis que tiveram o ápice de suas carreiras na segunda metade do século 20.
JK, o Artista do Impossível
Juscelino Kubitschek (1902-1976) inovou ao lançar um Plano de Metas, com prioridades claras, ao assumir a Presidência, em 1956. Incentivou fortemente a industrialização e atraiu investimentos estrangeiros. Certamente poderia ter sido mais comedido com os gastos públicos, mas o Brasil era outro —e melhor— quando JK deixou o Planalto.
Autor: Claudio Bojunga. Ed. Objetiva. 800 págs. Livro está fora de catálogo, mas pode ser encontrado em sebos online por valores em torno de R$ 30.
Tancredo Neves, o Príncipe Civil
Foi ministro da Justiça de Getúlio Vargas, governador de Minas, entre outros cargos. Depois de fazer oposição à ditadura militar, Tancredo (1910-1985) foi escolhido para assumir a Presidência pelo colégio eleitoral, mas morreu antes de tomar posse. A biografia mostra como, na geração de Tancredo, ninguém se igualava a ele no talento para a conciliação.
Autor: Plínio Fraga. Ed. Objetiva. R$ 83 (648 págs.). Ebook R$ 40.
A História de Mora - A Saga de Ulysses Guimarães
Não é uma biografia convencional. São histórias de Ulysses (1916-1992) contadas por sua mulher, Ida Malani de Almeida, cujo apelido era Mora, ao autor. Em 1973, como deputado federal, ele se lançou anticandidato à Presidência —não havia chance de ser bem-sucedido, mas o gesto serviu para denunciar a ditadura. Foi o principal articulador do texto da Constituição de 1988.
Autor: Jorge Bastos Moreno. Ed. Rocco. R$ 34 (352 págs.). Ebook R$ 24.
Senhor República
Teotônio Vilela (1917-1983) foi deputado estadual e vice-governador de Alagoas, mas se destacou mesmo como senador. Apoiou o golpe de 1964, mas logo se tornou um dos mais combativos opositores ao regime militar. Foi homenageado na canção “Menestrel das Alagoas”, de Milton Nascimento e Fernando Brant.
Autor: Carlos Marchi. Ed. Record. R$ 20 (434 págs.)
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