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Saúde amplia vacina contra a dengue com vencimento até 30 de abril para 4 a 59 anos; SP não terá mudança

Decisão foi publicada em nota técnica na noite de quarta-feira (17) pelo Ministério da Saúde; ampliação será definida por municípios de acordo com disponibilidade

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São Paulo

O Ministério da Saúde emitiu nota técnica na noite de quarta-feira (17) ampliando a vacinação contra a dengue para todas as pessoas de 4 a 59 anos, conforme aprovado pela bula do imunizante.

A estratégia tem como objetivo reduzir a perda das doses com vencimento no próximo dia 30 de abril e é válida somente para esse contingente próximo ao vencimento. Cabe aos municípios com doses da vacina próximas à data de vencimento a estratégia de ampliação.

A pasta diz não saber quantos dos 686 municípios que receberam o imunizante contra dengue têm doses próximas do vencimento.

A estudante Aisha Oliveira Moreira, 10, durante o primeiro dia da campanha de vacinação contra dengue na cidade de São Paulo - Adriano Vizoni - 04.abr.24/Folhapress

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo disse que, até a quarta-feira (17), possuía apenas 720 doses próximas ao vencimento e que serão aplicadas antes do dia 30 de abril. "Neste momento, a capital permanecerá com os mesmos grupos elegíveis para a aplicação da vacina contra a dengue, que são crianças de 10 a 14 anos, que residem ou estudem na cidade", disse.

O Ministério da Saúde orienta a ampliação de 6 a 16 anos. Caso os municípios permaneçam com baixa adesão na campanha de vacinação, as doses próximas ao vencimento ainda poderão ser ampliadas para toda a população de 4 aos 59 anos, conforme aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "Essa medida só deverá adotada em caso de necessidade, para que não haja perda do imunizante", diz a pasta.

Segundo o ministério, todas as pessoas que receberam uma dose devem ter a segunda dose garantida.

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou que as cidades de Poá, Guararema, Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Santa Isabel estão com doses próximas ao vencimento e poderão ampliar a imunização para crianças e adolescentes com idades de 6 a 16 anos.

A adesão à campanha de vacinação contra a dengue, atualmente recomendada só para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, é baixa no país.

A vacina Qdenga, produzida pela farmacêutica Takeda, foi aprovada em julho de 2023 para pessoas de 4 a 59 anos após estudos clínicos da vacina demonstrar eficácia geral de 80,2% na proteção contra a dengue. Os participantes foram acompanhados por 4,5 anos.

Pessoas com menos de 4 anos ou 60 anos ou mais não foram incluídas no estudo, por isso a vacina não foi aprovada para essas faixas etárias.

A vacina Qdenga contém o sorotipo 2 do vírus atenuado e modificado para apresentar também os demais tipos 1, 3 e 4, o que estimula o organismo a gerar anticorpos.

Em relação à eficácia por sorotipo, a vacina mostrou uma proteção variável para cada um, sendo de 69,8% contra o sorotipo 1, 95,1% para o tipo 2, 48,9% para o 3 e foi inconclusiva para o sorotipo 4.

Uma pessoa pode ser infectada pelo vírus da dengue, no máximo, quatro vezes, uma vez para cada sorotipo existente.

Em dezembro, após aprovação na Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), a Qdenga foi incorporada ao SUS, e o Ministério da Saúde comprou 5,2 milhões de doses para a imunização neste ano, e também recebeu a doação de 1,3 milhão de doses. Devido à limitação de produção do laboratório, o quantitativo, suficiente para imunizar aproximadamente 1,1% da população, a recomendação foi de vacinar apenas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.

Iniciada em fevereiro, a vacinação contra a dengue tem tido baixa procura do público-alvo. Com o risco de vencimento das doses, municípios que não haviam recebido as doses em um primeiro momento fizeram solicitações à pasta, que fez um remanejamento das doses na última semana. A estimativa é que 668 mil doses estejam próximas ao vencimento; porém, o ministério não sabe quantas destas já foram usadas.

Em entrevista à Folha na última segunda-feira (15), a Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel disse não haver relatos dos estados e municípios que fizeram a pasta cogitar a criação de uma segunda estratégia.

"Nós não tivemos nenhuma notícia dos estados ou municípios de que estão com excesso de doses. Não fomos informados que haveria um grande número com possibilidade de vencimento para que a gente pudesse pensar em uma outra estratégia, então no momento, permanecemos nessa estratégia", afirmou.

A situação da última quarta-feira, porém, parece ter mudado a estratégia do ministério, que decidiu pela ampliação do público-alvo.

Em nota divulgada nesta quinta-feira (18), o Ministério da Saúde diz que já havia orientado aos estados que as doses próximas ao vencimento fossem redistribuídas internamente para outros municípios. Ao todo, 930 mil doses foram distribuídas, incluindo as reposições às cidades que fizeram remanejamento.

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