Descrição de chapéu Coronavírus

Estádios de futebol e prédios fechados viram hospitais pelo Brasil

País registra 201 mortos pela Covid-19 e 5.717 casos confirmados da doença

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Rio de Janeiro , Salvador , Fortaleza , Porto Alegre , Ribeirão Preto, Curitiba e Belo Horizonte

Estádios de futebol e prédios desativados de hospitais nas capitais estão servindo de base para prefeituras e governos estaduais na montagem de leitos hospitalares para receber futuros pacientes do novo coronavírus.

O país registra 201 mortos pela Covid-19, e 5.717 casos confirmados da doença, segundo último balanço do Ministério da Saúde, divulgado na tarde desta segunda-feira (30).

No Rio de Janeiro, com o segundo maior número de casos no país, o estádio do Maracanã abrigará um dos nove hospitais de campanha contra o coronavírus, com 400 leitos. No total, serão 2.300 leitos nessas unidades (240 de UTI).

Uma delas está sendo montada pela prefeitura no mesmo espaço que abrigou as partidas de tênis de mesa durante a Olimpíada de 2016: o centro de convenções Riocentro, na Barra da Tijuca (zona oeste carioca).

Hospital de campanha sendo construído no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, para atender vítimas da pandemia de coronavírus
Hospital de campanha sendo construído no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, para atender vítimas da pandemia de coronavírus - Prefeitura de Fortaleza/Divulgação

O local deve ficar pronto em 20 dias e terá também um pequeno centro cirúrgico. Os pacientes só serão levados para lá depois que outro hospital de referência para o tratamento da Covid-19, o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, atingir 70% da sua ocupação.

As outras oito unidades, geridas pelo estado, estão previstas para até 30 de abril. Na capital, além do Maracanã, elas ficarão no Leblon (zona sul), em Jacarepaguá e no Complexo Penitenciário de Gericinó (oeste). Na região metropolitana, em Duque de Caxias e São Gonçalo. No interior, em Campos dos Goytacases e Casimiro de Abreu.

O Governo do Ceará assumiu um hospital particular em região nobre de Fortaleza, que estava desativado, para tratar exclusivamente casos da Covid-19. Hoje, segundo a Secretaria de Saúde do Ceará, estão internadas no Leonardo da Vinci 25 pessoas -- são 230 leitos no total, sendo 30 de UTI.

Já a prefeitura está construindo um hospital de campanha no estádio Presidente Vargas, no centro, em modelo parecido com o feito no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Serão 204 leitos exclusivos para pacientes diagnosticados com a Covid-19 e a previsão de entrega é até 20 de abril.

Em Salvador, o governo estadual desapropriou o Hospital Espanhol, fechado desde 2014, para implantar uma unidade de saúde para atendimento de pacientes com a Covid-19. Serão sendo instalados 160 leitos, sendo metade deles de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), que devem entrar em funcionamento em duas semanas.

O mesmo vai acontecer no Hospital Santa Clara, também fechado, que será reaberto pelo governo estadual com 59 novos leitos.

Palco de partidas da Copa do Mundo de 2014, a Arena Fonte Nova será usada para instalação de um hospital de campanha. Ainda não foi definida a quantidade de leitos que será instalada no local.

Para desafogar os hospitais da rede estadual, o governo instalou 44 leitos no antigo centro de treinamento do Esporte Clube Bahia e outros cem em um hotel em Lauro de Freitas, na Grande Salvador. Os locais serão usados para atender dos casos de baixa complexidade sem relação com o novo coronavírus

Em Goiás, um dos hospitais de campanha funcionará na Maternidade Célia Câmara, em Goiânia, que estava prestes para ser inaugurada, mas neste momento receberá pacientes com suspeita de terem contraído Covid-19 ou em tratamento da doença. De acordo com a prefeitura, a maternidade disponibilizará 186 leitos para tratamento.

Dos seis locais previstos para atender casos em todo o estado, o governo colocou em operação na última semana o HCamp (Hospital de Campanha para o Enfrentamento ao Coronavírus), na capital, que teve como primeiro paciente internado o marido da idosa que morreu na quinta-feira (26), a primeira morte na região Centro-Oeste.

O hospital de campanha tem 210 leitos instalados, 70 deles para casos críticos. Nesta segunda-feira (30) à tarde, havia 14 pacientes internados em leitos críticos ou semicríticos. No total, o estado terá 1.100 leitos em Goiânia, Luziânia, Itumbiara, Jataí e Porangatu.

Já em Mato Grosso, o estado anunciou, no final de semana, mais 147 leitos exclusivos para tratar possíveis casos graves de pacientes com Covid-19 no Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá. Do total, 30 serão leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Em Porto Alegre, equipamentos de um hospital privado fechado há cerca de quatro anos foram transferidos para o Hospital Nossa Senhora da Conceição. Os equipamentos como respiradores, eletrocardiogramas e desfibriladores tinham sido comprados com verba pública de emenda parlamentar e estavam parados.

Também na capital gaúcha, áreas novas do Hospital de Clínicas, com capacidade para 105 leitos de UTI, devem ser equipadas. O governo federal liberou R$ 57 milhões para equipar e os leitos já começaram a ser instalados.

O governo estadual descarta montar hospitais de campanha. Mas a Prefeitura de Porto Alegre tem à disposição ginásios e estádios, caso necessite. O Rio Grande do Sul tem 1.000 leitos de UTI públicos e estão previstos mais 220 exclusivos para enfrentamento do coronavírus.

Em Santa Catarina, com ajuda do Exército, tendas estão sendo instaladas junto a hospitais para triagem de pacientes que chegam com sintomas gripais. As tendas impedem que eles entrem em contato com outros pacientes. O uso de ginásios e outros prédios faz parte do planejamento, mas ainda não estão sendo utilizados.

Em Pernambuco, de um total de mil novos leitos prometidos pelo governo estadual para pacientes com a Covid-19, 278 foram abertos nos últimos dias.

As novas vagas, sendo 88 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 190 de enfermaria, foram ativadas em oito unidades de saúde distribuídas pela capital pernambucana e interior.

O hospital particular Alfa, que estava desativado desde 2018, foi requisitado administrativamente pelo governo de Pernambuco e está passando por reformas para compor a rede estadual.

Quando estiver pronta, a unidade vai atender exclusivamente pacientes infectados pelo coronavírus. Serão 230 leitos, englobando cem de UTI.

Outro hospital particular havia sido requisitado pelo governo, mas deve ser descartado por problemas na estrutura física do imóvel. Outra unidade está sendo mapeada.

Nos dois hospitais privados, vão ser instalados 290 leitos. A malha estadual de hospitais públicos em Pernambuco conta com 1.018 vagas de UTI no SUS (Sistema Único de Saúde), entre leitos próprios e contratados junto à rede credenciada.

O governo de Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, começou a preparar na semana passada um hospital de campanha com 900 leitos -- 800 comuns e 100 de alta complexidade -- para atender a pacientes infectados pelo novo coronavírus.

O hospital irá funcionar em um pavilhão de 18 mil m2, no centro de eventos Expominas, em Belo Horizonte. A Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) irá ajudar com recursos que seriam usados em feiras e eventos no local, que acabaram cancelados.

Outros hospitais, como Hospital Mater Dei Betim e o Hospital Regional de Betim, visitados por Zema, também devem ceder parte das estruturas para receber pacientes com a Covid-19. O governo também mapeia leitos no interior para atender a demanda que pode surgir com a pandemia.

No Rio Grande do Norte, o governo de Fátima Bezerra (PT) ainda está estruturando um projeto para a Arena das Dunas, mas não há previsão para a montagem da estrutura. O estádio foi construído para a Copa do Mundo de 2014.

Nesta segunda, Bezerra participou de uma reunião com a prefeitura de Mossoró (a 288 km de Natal) para falar sobre aumento da capacidade de leitos na cidade. A perspectiva é que 170 novos leitos sejam criados na região.

O governador Renato Casagrande (PSB) estuda a possibilidade de criar um hospital de campanha próximo ao Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, o maior hospital público do Espírito Santo. Antes, porém, o governo pretende usar leitos ociosos em hospitais privados, que já estão sendo mapeados. O objetivo é chegar a 300 leitos para atender a pandemia.

O Paraná ainda não prevê a montagem de estruturas hospitalares externas. O governo estadual determinou nesta segunda-feira (30) que o Centro Hospitalar de Reabilitação do Paraná, em Curitiba, funcionará exclusivamente para internamentos ligados ao novo coronavírus.

O local conta atualmente com dez leitos de UTI e 28 quartos de enfermaria que estão sendo transformados em áreas de terapia intensiva, com previsão de funcionamento total para daqui a uma semana. Além disso, possui 40 leitos para isolamento equipados com aparelhos respiratórios. Já há um paciente internado no local por causa do novo coronavírus.

Em Curitiba, o prefeito Rafael Greca descartou na semana passada a instalação de um hospital de campanha em estádios. "A estrutura de saúde de Curitiba é formidável. Um hospital improvisado é um perigo, nem sempre é indicado", afirmou em live pelas redes sociais da prefeitura. São 761 leitos de UTI na capital paranaense. A prefeitura destaca que podem chegar a mais de mil leitos com a ativação de novos leitos e a otimização da rede hospitalar.

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