Descrição de chapéu Coronavírus

Teich diz que não é possível flexibilizar distanciamento com casos em franca ascensão

Afrouxamento de quarentena, porém, é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro

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Brasília

O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse nesta quinta-feira (30) que uma flexibilização do distanciamento social não deve ocorrer enquanto casos do novo coronavírus estiverem em “franca ascensão”.

A flexibilização do distanciamento social é defendida enfaticamente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O assunto foi um dos pontos de tensão entre o presidente e o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta e é constantemente usado pelo chefe do Executivo para criticar prefeitos e governadores.

Os ministros Nelson Teich (Saúde) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) na coletiva de imprensa sobre o combate ao coronavírus - Pedro Ladeira/Folhapress

“A gente tem uma diretriz, a gente tem um ponto de partida, mas algumas coisas são básicas: não dá para você começar uma liberação quando você tem uma curva em franca ascendência”, disse.

“Neste momento, a gente tem uma definição clara: o distanciamento permanece como a orientação”, completou.

Ele voltou a frisar, no entanto, a intenção da pasta em fazer uma diretriz que deve recomendar parâmetros de análise a estados e municípios para o distanciamento social.

A decisão por fazer mudanças, no entanto, deve ficar a cargo de estados e municípios, afirma.

"Estamos trabalhando a parte de teste, melhorando a infraestrutura, acompanhando a evolução dos casos, tentando buscar um ponto de inflexão da curva. O dia em que todos esses critérios estiverem preenchidos, a gente vai estar dando dentro da diretriz um ok para que se possa fazer uma tentativa de flexibilizar", disse. "Mas, neste momento, ninguém está pensando em flexibilizar nada.”

O ministro reclamou ainda do que chamou de “polarização” sobre o tema. “Vejo isso muito mais como uma discussão política do que como uma discussão social. Se a gente não parar para olhar o que está acontecendo para tentar entender o que isso representa para a sociedade, e ficar polarizando para dizer se é bom ou ruim, isso não vai levar a nada.”

Em seguida, fez um apelo à imprensa para que o tema “seja tratado de forma equilibrada” e não tratar “como uma forma de questionar quem está fazendo as coisas”

“A gente conta, inclusive, muito com a parte dos repórteres para que isso seja tratado de uma forma equilibrada, de uma forma serena, e não usar isso para criticar pessoas e criticar posições.”

Questionado sobre a ocorrência de aumento de casos em regiões que flexibilizaram o distanciamento social, Teich disse ser difícil dizer “se isso é uma relação de causa e efeito”.

“Isso é uma coisa que é um trabalho de um país inteiro. Tudo o que está sendo feito, mesmo nestes lugares de hoje, que tentam flexibilizar, eles não estão fazendo isso de uma forma irresponsável. Eles fazem planejamento, veem o que está acontecendo e vão acompanhando”, disse.

Segundo ele, a pasta deve usar exemplos de outros países, mas não deve haver uma “medida milagrosa”.

“Você vê várias cidades, inclusive aquelas que nem estão ainda com a curva caindo, que já estão começando a ter algum tipo de flexibilização, você tem exemplos no mundo inteiro de iniciativas que estão acontecendo. A gente vai acompanhar isso, não é uma coisa nova, não é uma coisa Brasil”.

“Quando a gente fala em ter uma diretriz, não quer dizer que amanhã você diga 'agora pode fazer o que quiser, deixa todo mundo ir para a rua'. Não é isso.”

A respeito da diretriz, o Ministério da Saúde informou que o documento está pronto, porém, não será apresentado no momento, pois é necessário “cautela”.

“A diretriz está pronta sim, mas ela tem que ser utilizada de uma forma correta”, disse Denizar Viana, ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos na gestão passada e que se tornou assessor de Teich.

“Nesse momento, onde temos os grandes centros urbanos brasileiros, ainda em uma fase de ascensão da curva, não é o momento adequado de se colocar isso. Se não vai criar uma expectativa na própria população”, completou.

Viana acrescentou que a nova diretriz trará parâmetros para que municípios e estados possam classificar o seu grau de risco, além de sugerir um tempo necessário para se avançar para uma nova etapa do processo de flexibilização. A estrutura de saúde das cidades principais de cada região é outro fator considerado na diretriz.

“Isso é muito importante porque a decisão é multifatorial. Ela depende da capacidade instalada, por exemplo, de leitos de UTI, de recursos humanos, de como é que está a evolução da curva, se já é realmente uma tendência de queda do número de casos”, completou.

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