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Fisioterapia pode ajudar a prevenir piora da Covid-19 e tem papel fundamental para pacientes durante internação

Simples exercícios respiratórios podem ajudar a fortalecer a capacidade respiratória

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São Paulo

Do pronto atendimento até a pós-internação, fisioterapeutas desempenham um papel fundamental para impedir complicações cardiorrespiratórias em pacientes infectados pela Covid-19.

De acordo com profissionais ouvidos pela Folha, além do tratamento durante e depois da internação, há exercícios preventivos que podem ajudar pessoas que ainda não foram infectadas pelo novo coronavírus a fortalecer a musculatura respiratória e aumentar a capacidade pulmonar.

Rodrigo Peres, fisioterapeuta e sócio-fundador da clínica Central da Saúde, indica seis exercícios básicos, com duas séries de dez repetições de cada um e recomenda que sejam feitos de pé ou sentado sem nenhum encosto nas costa.

Peres ressalta que, apesar das atividades ajudarem a musculatura respiratória, nenhum exercício evita com que um indivíduo seja contaminado pelo novo vírus.

“Quanto mais saudável o paciente entra hospital, mais fácil é para ele sair”, diz João Naldoni Júnior, fisioterapeuta que trabalha no Hospital do Coração, em Poços de Caldas (MG). Ele explica que um pulmão com a musculatura fortalecida vai funcionar de maneira mais eficiente com menos esforço e, por isso, sobrecarregar menos o coração.

No caso de uma internação por Covid-19 ou pneumonia, a fisioterapia é essencial e com um acompanhamento correto pode ser observada uma “melhora mais rápida, uso de menos medicamentos e chance do paciente sair sem sequelas”.

Para ilustrar, Naldo Júnior explica os benefícios da pronação ---uma das manobras realizadas pelos fisioterapeutas que consiste em deixar o indivíduo a pessoa de barriga para baixo. Segundo ele, este é um exercício muito comum para pacientes com problemas respiratórios.

“A maior parte do pulmão está na parte das costas”, explica. “Com esta manobra, a secreção acumulada na base do pulmão tende a mudar de lugar e é possível ativar as vias áreas que estão deixando de funcionar. Assim, o alvéolo pulmonar começa a funcionar melhor e o paciente começa a ter menos dificuldade para oxigenar, o que reduz a sobrecarga cardíaca”.

Ele afirma que se, durante uma internação, o fisioterapeuta conseguir trabalhar bem com o paciente, é possível reduzir o tempo de hospitalização e caem as chances dele ter alguma outra infecção.

Ao receber alta da Covid-19, é comum que pacientes ainda precisem de tratamento em casa. O fisioterapeuta cita, por exemplo, vídeos que circulam pela internet de pessoas deixando o hospital e lembra que a maioria está de cadeira de rodas.

“É um procedimento de segurança, mas também está ligado ao fato da maioria ter dificuldade até para ficar de pé depois de tantos dias internados, pois a fraqueza muscular é muito grande”, conta Naldoni Junior, que calcula que pacientes podem levar até seis meses para se recuperar de internações mais severas.

Os exercícios sugeridos neste processo, segundo ele, são de atividades corriqueiras, como sentar e levantar, além de subir e descer escadas --mas que, claro, variam para cada paciente.

Nos casos mais graves, Raquel Caserta, coordenadora de fisioterapia do departamento de pacientes graves do Hospital Albert Einstein, afirma que os pacientes intubados recebem, além da sedação, um relaxante muscular que comete muito a musculatura. Por isso, muitos apresentam dificuldade de fazer atividades básicas, como escovar os dentes.

Além de recuperar a musculatura, a fisioterapia respiratória é essencial nesse período, já que durante a internação se perde muito a capacidade pulmonar e os pacientes se cansam com facilidade, pontua Caserta.

Pensando em pacientes que precisam desses serviços pós-internação, a Universidade Veiga de Almeida passou a oferecer auxílio gratuito por meio de teleconsultas.

À frente do projeto, Yves de Souza, líder do laboratório de pesquisa em reabilitação pulmonar, conta que as atividades têm como objetivo a recuperação pulmonar e servem tanto para quem foi hospitalizado quanto para quem apresentou um quadro brando, tratou em casa, mas ainda sente dificuldades respiratórias.

Ele também relembra que ainda não se sabe se problemas desenvolvidos no pulmão durante a Covid-19 tem característica estática, uma sequela que vai ficar ali para sempre, ou é regressiva, ou seja, com tratamento tratamento vai melhorando, ou ainda progressivo, o pior dos cenários, que piora ao longo do tempo e encurta a qualidade de vida da pessoa.

“É difícil afirmar qualquer coisa dentro de uma realidade em que a gente não conhece tudo, mas os pacientes menos graves também evoluem uma dificuldade respiratória significativa, que afeta a parte funcional”, avalia Sousa.

Nas teleconsultas, os fisioterapeutadas avaliam os pacientes e dividem eles em grupos de quatro a seis pessoas. Ele conta que é a mesma forma que universidade aplica fisioterapia quando é presencialmente, pois um paciente dá muito suporte para o outro.

Segundo ele, os exercícios são parte de uma pesquisa que está sendo desenvolvida pela faculdade para saber de que forma essa fisioterapia vai impactar positivamente a melhora desses pacientes, como na qualidade de vida, nível de depressão e volta ao mercado de trabalho.

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