Descrição de chapéu Coronavírus

Bolsonaro faz apelo por reabertura e fala em 'exagero' no enfrentamento da pandemia

Desde sábado (20), quando Brasil chegou a 50 mil mortos pela Covid-19, presidente não falou sobre a marca

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Brasília

Mesmo com o Brasil registrando mais de 50 mil mortos pelo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro fez nesta segunda-feira (22) um novo apelo para que governadores e prefeitos comecem a reabrir o comércio.

Segundo ele, "talvez tenha havido um pouco de exagero" na forma como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e outras autoridades lidaram com a pandemia do novo coronavírus.

"O campo não parou, mas as cidades e muitos estados pararam. Não vai ser fácil fazer essa economia pegar no tranco novamente. Então a gente apela que os governadores e prefeitos que, obviamente com responsabilidade, comecem a abrir o comércio", disse o presidente, em entrevista ao canal AgroMais, lançado nesta manhã.

Desde que o Brasil chegou a 50 mil mortes, no sábado (20), o presidente não falou sobre a triste marca.

O Brasil registrou nesta segunda 748 óbitos e 24.358 novos casos de Covid-19, segundo relatório do consórcio de veículos de imprensa.

O país tem 1.111.348 pessoas infectadas com a Covid-19 e um total de 51.407 óbitos

Os dados são compilados pelo consórcio entre Folha, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL. O levantamento é feito com a coleta de relatórios das Secretarias de Saúde dos estados.

O Ministério da Saúde divulgou relatório nesta segunda com o registro de 21.432 novos casos e 654 novas mortes confirmadas pela Covid-19 no Brasil. O total chega a 51.271 mortes e 1.106.470 casos pelo novo coronavírus, segundo o governo federal.

Na sua décima sexta semana de pandemia, o Brasil tem uma taxa de 24 mortos por 100 mil habitantes.

O presidente Jair Bolsonaro participa de solenidade em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro participa de solenidade em Brasília - Marcos Corrêa/PR

"Porque novas informações vêm do mundo todo, da OMS através da seus equívocos, que talvez tenha havido um pouco de exagero no trato dessa questão. Lá atrás sempre falei: vida e emprego, uma coisa está completamente atrelada à outra. E não podemos em alguns locais isolados aqui no Brasil fazer com que o efeito colateral do tratamento da pandemia seja mais danoso que a própria pandemia. Então volta, no meu entender, aos poucos. Por mim teria mais agilidade [a reabertura] do comércio", acrescentou.

O presidente não especificou quais seriam os equívocos cometidos pela OMS e por outras autoridades.

No domingo (21), um dia depois de o Brasil atingir a marca de 50 mil mortes, Bolsonaro foi ao Rio de Janeiro para participar do velório de um jovem paraquedista que morreu em um acidente durante treinamento.

No vídeo do discurso, publicado por Bolsonaro nas redes sociais, ele conforta os pais do jovem e diz que "todos nós, assim como o soldado [Pedro Lucas Ferreira] Chaves, devemos nos preparar se assim um dia a nação o pedir" e se emociona ao final, ao prestar continência à vítima.

O mandatário tem sido criticado por ter minimizado em diversas ocasiões os efeitos da pandemia e por não ter prestado de forma enfática e mais frequente condolências e homenagens às vítimas do vírus e seus familiares.

Recentemente, Bolsonaro explorou uma declaração feita pela chefe do programa de emergências da OMS para pregar a retomada da atividade econômica.

No início de junho, a epidemiologista Maria van Kerkhove afirmou que a transmissão da doença por pacientes sem sintomas parece ser rara. A declaração foi baseada em um estudo pequeno e não alterou a recomendação do órgão de saúde de manter o isolamento social.

Após a fala, a organização realizou uma entrevista para esclarecer que pessoas com coronavírus mas sem sintomas também transmitem o patógeno.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro se contrapôs a prefeitos e governadores e criticou medidas adotadas para aumentar o isolamento social, como o fechamento de comércios.

O mandatário tem pregado a volta à normalidade e a reativação dos negócios, sob o argumento de que os efeitos da crise econômica decorrentes da paralisia podem ser tão danosos quanto a própria crise sanitária.

Os administradores locais se amparam numa decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que determinou que eles têm competência para tomar ações como o fechamento de comércios.

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