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Testagem da vacina da Covid-19 de Oxford começa em São Paulo

Aplicação da vacina deve começar até esta quarta-feira (24), segundo Fundação Lemann

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São Paulo

Anunciados no início de junho, os testes da vacina da Covid-19 começaram em São Paulo. No final de semana, foram iniciadas as triagens de pelo menos 200 voluntários; e a aplicação da vacina ChAdOx1 nCoV-19 deve começou nesta terça-feira (23), segundo a Fundação Lemann.

A fundação, responsável por custear o estudo da vacina em São Paulo, informou também que o Crie (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais) da Unifesp já está funcionando. O centro é onde serão conduzidos os testes.

A vacina, que foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, está na terceira fase de testes, que significa que a vacina se encontra entre os estágios mais avançados de desenvolvimento.

Para esta fase, serão chamados profissionais da saúde que atuam na linha de frente do combate à Covid-19, uma vez que estão mais expostos à contaminação, como médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, além de trabalhadores que desempenham funções em ambientes com alto risco de exposição ao coronavírus, como motoristas de ambulância, seguranças e agentes de limpeza.

Além disso, é necessário ter entre 18 e 55 anos —gestantes não devem participar.

Os voluntários precisam ser soronegativos, ou seja, não ter contraído a doença anteriormente, pois estudos mostram que essas pessoas já desenvolveram uma imunidade para o novo coronavírus. Cerca de 2.300 testes sorológicos serão realizados pelo grupo Fleury, segundo anúncio realizado nesta segunda-feira (22).

Segundo Celso Granato, infectologista e diretor clínico do grupo Fleury, é preciso que o voluntário não tenha sido infectado pelo novo coronavírus para os cientistas tenham certeza que a pessoa ficou imunizada por causa da vacina.

Ele também afirma que os testes serem realizados por aqui "não é motivo de orgulho para o Brasil" e diz que o país é interessante para essas pesquisas porque a curva epidemiológica e a transmissão do vírus ainda estão altas.

A articulação para a vinda dos testes ao Brasil também contou com a ajuda de Sue Ann Costa Clemens, diretora do Instituto para a Saúde Global da Universidade de Siena e pesquisadora brasileira especialista em doenças infecciosas e prevenção por vacinas, envolvida no estudo.

Cientista no Centro de Biomanufatura Clínica em Oxford, que tem estudo de vacina para coronavírus
Cientista no Centro de Biomanufatura Clínica em Oxford, que tem estudo de vacina para coronavírus - Sean Elias - 18.abr.20/Divulgação/Reuters

A vacina de Oxford assumiu a dianteira na corrida por uma solução para a pandemia de Covid-19 e foi a primeira a atingir uma escala relativamente grande.

Assim, poderá fornecer lições sobre a natureza do coronavírus e sobre as reações do sistema imunológico que poderão informar os governos, doadores, empresas farmacêuticas e outros cientistas que buscam uma imunização.

Os voluntários serão divididos em dois grupos, um que receberá a vacina e um que receberá placebo ---a dose da vacina é única.

Eles não serão informados a qual grupo pertencem, serão acompanhadas nas semanas seguintes para que os cientistas possam monitorar possíveis efeitos colaterais e a taxa de infecção pelo novo coronavírus.

No Brasil, 3.000 pessoas devem participar —2.000 em São Paulo e 1.000 no Rio de Janeiro, onde o teste será conduzido pela Rede D'Or São Luiz e Instituto D’Or (Idor).

Nesta terça-feira (23), o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, disse que o governo deve assinar um acordo ainda nessa semana para produzir no Brasil a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela biofarmacêutica Astrazeneca.

"É o objetivo número um do SUS que a gente tenha acesso e entrada direto junto à estrutura de fabricação, para que a gente não perca o bonde e para podermos ter a liberdade de fabricar vacina. Na América Latina, só o Brasil tem essa competência de fabricação com Biomanguinhos, e não podemos ficar de fora", disse ele.

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