Anunciados no início de junho, os testes da vacina da Covid-19 começaram em São Paulo. No final de semana, foram iniciadas as triagens de pelo menos 200 voluntários; e a aplicação da vacina ChAdOx1 nCoV-19 deve começou nesta terça-feira (23), segundo a Fundação Lemann.
A fundação, responsável por custear o estudo da vacina em São Paulo, informou também que o Crie (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais) da Unifesp já está funcionando. O centro é onde serão conduzidos os testes.
A vacina, que foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, está na terceira fase de testes, que significa que a vacina se encontra entre os estágios mais avançados de desenvolvimento.
Para esta fase, serão chamados profissionais da saúde que atuam na linha de frente do combate à Covid-19, uma vez que estão mais expostos à contaminação, como médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, além de trabalhadores que desempenham funções em ambientes com alto risco de exposição ao coronavírus, como motoristas de ambulância, seguranças e agentes de limpeza.
Além disso, é necessário ter entre 18 e 55 anos —gestantes não devem participar.
Os voluntários precisam ser soronegativos, ou seja, não ter contraído a doença anteriormente, pois estudos mostram que essas pessoas já desenvolveram uma imunidade para o novo coronavírus. Cerca de 2.300 testes sorológicos serão realizados pelo grupo Fleury, segundo anúncio realizado nesta segunda-feira (22).
Segundo Celso Granato, infectologista e diretor clínico do grupo Fleury, é preciso que o voluntário não tenha sido infectado pelo novo coronavírus para os cientistas tenham certeza que a pessoa ficou imunizada por causa da vacina.
Ele também afirma que os testes serem realizados por aqui "não é motivo de orgulho para o Brasil" e diz que o país é interessante para essas pesquisas porque a curva epidemiológica e a transmissão do vírus ainda estão altas.
A articulação para a vinda dos testes ao Brasil também contou com a ajuda de Sue Ann Costa Clemens, diretora do Instituto para a Saúde Global da Universidade de Siena e pesquisadora brasileira especialista em doenças infecciosas e prevenção por vacinas, envolvida no estudo.
A vacina de Oxford assumiu a dianteira na corrida por uma solução para a pandemia de Covid-19 e foi a primeira a atingir uma escala relativamente grande.
Assim, poderá fornecer lições sobre a natureza do coronavírus e sobre as reações do sistema imunológico que poderão informar os governos, doadores, empresas farmacêuticas e outros cientistas que buscam uma imunização.
Os voluntários serão divididos em dois grupos, um que receberá a vacina e um que receberá placebo ---a dose da vacina é única.
Eles não serão informados a qual grupo pertencem, serão acompanhadas nas semanas seguintes para que os cientistas possam monitorar possíveis efeitos colaterais e a taxa de infecção pelo novo coronavírus.
No Brasil, 3.000 pessoas devem participar —2.000 em São Paulo e 1.000 no Rio de Janeiro, onde o teste será conduzido pela Rede D'Or São Luiz e Instituto D’Or (Idor).
Nesta terça-feira (23), o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, disse que o governo deve assinar um acordo ainda nessa semana para produzir no Brasil a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela biofarmacêutica Astrazeneca.
"É o objetivo número um do SUS que a gente tenha acesso e entrada direto junto à estrutura de fabricação, para que a gente não perca o bonde e para podermos ter a liberdade de fabricar vacina. Na América Latina, só o Brasil tem essa competência de fabricação com Biomanguinhos, e não podemos ficar de fora", disse ele.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.