Descrição de chapéu Coronavírus

Em pior momento da pandemia, paulistano aglomera ao longo do dia

Desde dezembro, cidade não atinge índice de adesão ao isolamento social de 50%

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Em meio a pior fase da pandemia, SP tem

Em meio a pior fase da pandemia, SP tem "vida normal" Karime Xavier/Folhapress

São Paulo

O trânsito pesado nas ruas de São Paulo, na terça-feira (23), deixava claro que o índice de adesão ao isolamento social na cidade não devia andar lá muito alto. Naquele dia, de acordo com dados do governo do estado, apenas 38% dos moradores da capital ficaram em suas casas.

Tem sido assim em praticamente todos os dias úteis. Aos fins de semana, neste ano, esse índice chegou a, no máximo, 48%. Desde o dia 27 de dezembro a cidade não tem ao menos a metade de sua população longe do possível contato do novo coronavírus.

Nesta quarta (24), o Brasil chegou a 250 mil mortes em decorrência da doença, de acordo com dados do consórcio dos veículos de imprensa formado pela Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1.

Agora, com o recorde de internações em UTIs devido à Covid-19 desde o começo da pandemia, em fevereiro do ano passado, e a maior circulação de variantes mais transmissíveis do novo coronavírus, a gestão João Doria (PSDB) tenta conter a disseminação da doença com a restrição das aglomerações das 23h às 5h.

A medida, no entanto, não elimina o que se vê, durante o dia na cidade: aglomerações em bairros de comércio popular, como o Brás, centros de compras, e nas ruas do centro. "Está voltando ao normal. Durante o dia é isso: trânsito e gente na rua", diz a motorista de aplicativo Amanda Correa, 25.

Dirigindo pelo Brás, ela diz que o bairro de comércio popular —repleto de ambulantes e compradores— até costumava ser mais cheio, mas da forma como está já é o bastante para em alguns trechos carros e pedestres disputarem os espaços no asfalto.

"Eu uso máscara aqui sempre. Um amigo que ficava o dia inteiro ao meu lado, sem máscara, está no hospital. Deve ter pegado Covid aqui", afirma Rogério Francisco Jr, 23. Na frente de uma loja de roupas, ele passa os dias distribuíndo propaganda de um restaurante e chamando novos clientes.

Por ali, pessoas sem máscaras são tão comuns quanto as que usam o item de proteção. Não raro, andando pela calçada, pode-se sentir a presença de alguém como ele gritando a seu lado —sem máscara. "Minha mãe é idosa então eu tento usar, mas não é todo mundo que pensa assim", diz.

Mas não só em bairros de comércio popular as aglomerações tem lugar. Nas ruas do centro da cidade ou na avenida Paulista, por exemplo, o fluxo é intenso. No cartão-postal da cidade, os centros de compra costumam reunir mais pessoas. Exceção ao uso das máscaras, é como se fosse um dia normal, sem pandemia.

A medida de restrição noturna anunciada pelo estado nesta quarta-feira (24) muda pouco em relação ao que já existe. Ela determina fiscalização, pela Polícia Militar, Vigilância Sanitária e pelo Procon, para coibir aglomerações "de grande porte".

As multas, segundo Doria, caberão aos promotores dos eventos, como donos de bares e restaurantes, mas supõe-se também que donos de locais em que haja festas clandestinas.

Durante a noite, o risco de contaminação sobe com o consumo de álcool, que leva ao menor uso de máscaras e da prática de distanciamento, segundo o Centro de Contingenciamento da Covid-19, comitê de 20 especialistas e autoridades que aconselha Doria.

Na prática, as aglomerações nas ruas de São Paulo caem à noite. Na região central, vias como a rua Augusta em nada fazem lembrar os dias em que ficavam cheias de jovens. Bares fechados, cinema com restrições e poucas pessoas circulando.

Perto dali, o fluxo, na terça, só era maior na praça Roosevelt. Ali, cerca de uma centena de pessoas aproveitavam a noite de calor a céu aberto. "Não acho que estamos seguras em lugar nenhum, mas não estava mais aguentando ficar em casa nesse calor e viemos para cá", diz Regina Pereira, 40, comerciária.

Ao lado da sobrinha Milena Lohane, 20, resolveu ir à praça para conversar e espairecer. Aparentemente a mesma ideia das pessoas que enchiam o local parcialmente. Em alguns cantos, pequenos grupos de jovens sem máscaras, assim como eles, conversavam e bebiam sem preocupação.

"Mas isso aqui não está cheio, não", diz Bruna Santos, 20. Moradora da zona sul, na região da represa de Guarapiranga, ela resume o tamanho do problema. "Lá, sim, já voltou ao normal. Aqui está bem tranquilo." ​

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