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Anvisa recebe pedido de uso emergencial de tratamento com anticorpos para Covid-19

Tratamento é uma combinação dos medicamentos biológicos banlanivimabe e etesevimabe; prazo para análise é de 30 dias

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Brasília

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu nesta terça-feira (30) um pedido de uso emergencial de um medicamento para pacientes de Covid-19 desenvolvido pela empresa Eli Lilly. O tratamento é uma combinação dos medicamentos biológicos banlanivimabe e etesevimabe, que foram desenvolvidos pela farmacêutica para serem testados contra a Covid.

O banlanivimabe e o etesevimab são anticorpos monoclonais, produzidos artificialmente a partir de clones de uma única célula (daí o termo “monoclonal”, ou “um clone”). Esses anticorpos se conectam a uma única região de moléculas estranhas ao organismo para então neutralizá-la.

Recentemente, o uso desse tipo de tratamento para combater diferentes tipos de câncer, atacando apenas as células tumorais, e doenças autoimunes, tem se tornado cada vez mais comum.

A corrida para achar anticorpos que neutralizam o novo coronavírus começou logo após a descoberta do vírus. Os primeiros trabalhos foram publicados já em março de 2020 e desde então vêm se acumulando, oriundos de diversos grupos de pesquisa ao redor do mundo.

Célula infectada com o coronavírus (amarelo) - AFP

A FDA (agência que regula medicamentos nos Estados Unidos) aprovou em novembro de 2020 o uso do banlanivimabe para o tratamento de pacientes com Covid-19 com risco alto de progredir para quadros graves e internação.

Segundo a Anvisa, a avaliação deve ser feita com base em relatório técnico emitido pela FDA. Também devem ser considerados dados apresentados no processo e informações repassadas pela empresa em reunião feita no dia 15 de março. O prazo para análise do pedido é de 30 dias.

No documento, a FDA informou que o banlanivimabe ajudou a reduzir internações e idas a pronto-socorro. A segurança e eficácia, no entanto, ainda devem passar por mais avaliações, por ser um tratamento experimental. A agência norte-americana frisou ainda que o remédio não é autorizado para pacientes hospitalizados que precisem de suporte de oxigênio.

A Eli Lilly informou à Folha que a combinação do tratamento com anticorpos "reduziu significativamente" as hospitalizações e mortes relacionadas à Covid-19 em pacientes de alto risco recentemente diagnosticados com a doença.

Segundo a empresa, a avaliação ocorreu em estudo clínico de fase 3 randomizado, duplo-cego, controlado por placebo (considerado padrão ouro, porque divide os pacientes em grupos de forma aleatória, sem que médicos nem pacientes saibam quem tomou o quê) chamado de Blaze-1, com uso de 700 mg de banlanivimabe e 1.400 mg de etesevimabe.

A etapa mais recente incluiu 769 pacientes com 12 anos ou mais e Covid-19 leve a moderada. Na comparação com placebo, os resultados apontaram redução de risco de hospitalização e de morte de 87%. Outros braços do estudo com diferentes doses também mostraram resultados positivos, diz a farmacêutica.

Ainda de acordo com a Eli Lilly, o banlanivimabe em monoterapia e a combinação com o etesevimabe têm aval de uso emergencial nos EUA e na União Europeia.

O banlanivimabe, sozinho, também está autorizado para uso emergencial no Canadá, no Panamá, no Kuwait, nos Emirados Árabes Unidos, em Israel, Ruanda, Marrocos e em outros países, informa a empresa.

Em nota, a Anvisa diz que fará, nas próximas 24 horas, uma triagem dos documentos anexados no pedido de uso emergencial. Caso existam dados faltantes, o prazo pode ser suspenso.

"A análise não considera o tempo do processo em status de exigência técnica, que é quando o laboratório precisa responder questões técnicas feitas pela agência dentro do processo", informa.

Outras pesquisas

Uma pesquisa publicada na revista científica Nature no dia 25 apontou que uma molécula criada com base em dois anticorpos de plasma de pacientes que tiveram Covid-19 neutralizou o coronavírus e suas variantes preocupantes em estudo em animais.

A molécula, batizada de CoV-X2, foi testada em camundongos infectados com coronavírus e com inflamação pulmonar e os protegeu da doença.

O anticorpo "duplamente específico" faz dois ataques simultâneos: ele se liga em dois lugares diferentes da proteína spike (que forma a estrutura de coroa que dá nome à família dos coronavírus), mantendo-se potente mesmo que um dos outros pontos sofra uma mutação significante.

Anticorpos desse tipo estão ganhando popularidade no tratamento contra certos tipos de câncer (um pedaço dele pode se ligar à célula do tumor enquanto outro se liga a uma célula imune, por exemplo), mas essa é a primeira produção contra o coronavírus Sars-CoV-2.

Ainda são necessários testes em humanos para confirmar o potencial do anticorpo como tratamento contra a Covid-19.

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