O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, admitiu nesta segunda-feira (15) que o presidente Jair Bolsonaro está avaliando sua substituição.
"O cargo é do presidente da República, existe essa possibilidade desde que eu entrei. Eu poderia ficar a curto, médio e longo prazo. Estamos a médio prazo. O presidente está pensando em substituição, avaliando nome, conversei com ele e Ludhmila [Hajjar, que foi cotada para o cargo] e claro que estou a disposição de ajudar a todos que vierem aqui", afirmou.
"É continuidade, não há rompimento. Os senhores não estão acostumados com isso, estão acostumados com o político largar a caneta e ir embora. Nós faremos a transição de forma correta e de continuidade quando nos for determinado", completou.
A declaração ocorre um dia após Pazuello emitir uma nota, por meio de sua assessoria, em que negava que Bolsonaro tivesse pedido seu cargo.
Pazuello negou, porém, que tenha solicitado deixar o posto e disse que a decisão cabe ao presidente.
"Eu só pedi para ir embora uma vez no curso de comandos, mas depois voltei para concluir o curso. Não vou pedir para ir embora, não é da minha característica", disse. "Isso não é um jogo, não é uma brincadeira, é uma pandemia, é salvar vidas. Não pode ser levado da forma como está sendo colocado. Se haverá substituição ou não, cabe ao presidente da República, não a mim", completou.
Embora tenha negado inicialmente haver tratativas para sua saída, o que admitiu apenas nesta segunda, Pazuello já havia participado de uma conversa do presidente com a cardiologista Ludhmila Hajjar, que atua no Incor e na rede de hospitais Vila Nova Star, uma das cotadas para o cargo.
Hajjar, no entanto, recusou a oferta nesta segunda (15). Agora, Bolsonaro deve avaliar outros nomes. Outros possíveis cotados são o do deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), médico e ex-secretário de saúde do Rio de Janeiro, e Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Ainda em discurso nesta segunda, o ministro disse "ter orgulho" da sua gestão. Nas últimas semanas, no entanto, o país tem vivido o momento mais grave da pandemia, com relatos de colapso no sistema de saúde em diferentes estados e recordes sucessivos de mortes por Covid-19, o que tem aumentado as críticas à pasta pelo atraso em adotar medidas e avançar em negociações para obter vacinas contra a doença.
Recentemente, a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal para investigar uma suposta omissão da pasta em evitar o colapso em Manaus também aumentou a pressão sobre o ministro. Ele nega as acusações.
As declarações sobre a saída do cargo ocorreram em coletiva de imprensa em Brasília. No início do encontro, a equipe da pasta disse que o ministro faria uma "síntese" das ações do ministro desde sua chegada ao ministério.
Pazuello negou se tratar de uma despedida. Pressionado, ele aproveitou a ocasião para anunciar ter fechado contratos para obter doses de vacinas da Pfizer e da Janssen.
"Não é uma palavra de despedida, quando eu tiver que me despedir, me despedirei oficialmente. Só quero deixar que realmente que é muito de orgulho em estar na frente da pasta cumprindo essa missão", disse ele, que negou se sentir alvo de pressão e fez ataques indiretos à imprensa.
"Não me sinto pressionado por nenhuma notícia, posição que venha de mídia errada, fake news. O problema é a pandemia, óbito, contaminado. Isso que é difícil, o resto é fácil", afirmou.
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