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Ministério da Saúde anuncia antecipação na entrega de 7 milhões de doses da Pfizer

Com a mudança no cronograma, serão 15 milhões de doses de vacinas da empresa no próximo mês

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Brasília

O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (16) que a entrega de 7 milhões de doses de vacinas da Pfizer contra a Covid-19 será antecipada.

Com a mudança, a nova previsão é de receber 15 milhões de doses da farmacêutica em julho. Antes, o cronograma apontava o recebimento de 8 milhões de doses da empresa no próximo mês.

Procurada, a Pfizer confirmou a informação divulgada pelo governo e disse que o volume fazia parte das entregas que estavam programadas para o terceiro trimestre, como agosto e setembro.

O pedido para antecipar as entregas havia sido feito em reunião com a empresa na segunda-feira (14).

Depois de ignorar emails em série da Pfizer nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou de encontro com a presidente da Pfizer Brasil, Marta Diéz, e o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo. A reunião foi acompanhada pelos ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Carlos Alberto França (Relações Exteriores).

Na ocasião, segundo membros do Ministério da Saúde e outros participantes da reunião ouvidos pela Folha, Bolsonaro pediu que a farmacêutica antecipasse para julho o maior número possível de doses. A empresa, porém, ainda não tinha dado uma definição.

A participação de Bolsonaro e o pedido para que as doses chegassem antes ao Brasil ocorreram um dia depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu adversário político, anunciar a antecipação em 30 dias de todo o cronograma de vacinação contra a Covid-19 no estado de São Paulo.

Segundo Doria, a previsão é vacinar todos os residentes do estado com ao menos uma dose até 15 de setembro. No país, o ministro da Saúde tem dito que a previsão é vacinar toda a população adulta até o fim deste ano.

De acordo com Queiroga, a confirmação das novas datas de entrega da Pfizer ocorreu nesta quarta (16). Em vídeo divulgado pela pasta, sem detalhar metas, o ministro diz que a antecipação visa "acelerar a campanha de vacinação".

Dados de cronograma divulgado pela Saúde mostram que, somados outros fornecedores, a previsão é que haja 41 milhões de doses de vacinas contra a Covid no próximo mês. Até então, a previsão era de 34,9 milhões.

O governo tem dois contratos com a Pfizer que envolvem, juntos, 200 milhões de doses. Ambos foram firmados após uma série de recusas a ofertas da empresa. O primeiro contrato foi fechado em março, e o segundo em maio.

A previsão é que as entregas, que começaram em abril, sigam até dezembro deste ano.

As negociações do governo com a Pfizer são um dos focos da CPI da Covid no Senado. Em maio, Murillo detalhou em depoimento na CPI da Covid que a empresa chegou a fazer ao menos cinco ofertas ao governo para entrega de vacinas —algumas com previsão de entrega ainda em dezembro de 2020.

Segundo dados divulgados pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao menos 81 correspondências foram enviadas pela Pfizer ao governo federal entre março de 2020 e abril deste ano. Destas, cerca de 90% não tiveram resposta da administração Bolsonaro, aponta.

Questionado na CPI, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco argumentou que algumas correspondências citadas pelo senador eram respostas de demandas da pasta e que a empresa também mandava emails repetidos.

Mensagens entregues pela Pfizer à CPI da Covid em caráter sigiloso, no entanto, mostram a insistência da farmacêutica para negociar vacinas com o governo e a ausência de respostas conclusivas do Ministério da Saúde à época, como mostrou a Folha em maio.

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