EUA devem lançar alerta sobre vacina da Janssen aumentar risco da síndrome de Guillain-Barré

Chances, porém, são baixas, e benefícios superam os riscos

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Sharon Lafraniere Noah Weiland
Nova York | The New York Times

A FDA (agência que regula medicamentos nos EUA) está planejando lançar um alerta dizendo que a vacina da Janssen contra a Covid pode aumentar o risco da síndrome de Guillain-Barré.

Apesar de as chances de desenvolver a síndrome serem baixas, elas parecem ser de 3 a 5 vezes maiores entre as pessoas que receberam a vacina da Janssen do que na população geral dos EUA, segundo pessoas com conhecimento da decisão

A agência concluiu que os benefícios da vacina em prevenir a Covid-19 ainda superam os riscos.

A síndrome é um distúrbio autoimune —o sistema imunológico do corpo ataca parte do sistema nervoso— que provoca fraqueza progressiva dos membros e pode levar à morte. As possíveis causas incluem infecções por vírus, traumas, gravidez e linfomas.

Através de acompanhamento de relato de efeitos adversos pós-imunização, as autoridades federais americanas identificaram cerca de cem casos suspeitos da síndrome de Guillain-Barré entre as pessoas que tomaram a vacina da Johnson & Johnson por meio de um sistema de monitoramento federal que depende de pacientes e profissionais de saúde para relatar os efeitos adversos das vacinas.

Os dados ainda são considerados preliminares e a maioria das pessoas que desenvolveu a doença se recuperou.

“Não é de se espantar a observação desses tipos de eventos adversos associados à vacinação”, disse Luciana Borio, que fazia parte da FDA no governo do presidente Barack Obama. Os dados coletados até agora pelo FDA, ela acrescentou, sugeriram que os benefícios da vacina "continuam a superar os riscos".

Os dados indicam que os sintomas da síndrome se desenvolveram cerca de três semanas após a vacinação.

O governo Biden deve anunciar o novo aviso já na terça-feira. A FDA concluiu que os benefícios da vacina na prevenção de doenças graves ou morte pelo coronavírus superam o risco, mas planeja incluir o aviso nas fichas de dados do imunizante para provedores e pacientes.

Os reguladores europeus podem seguir o exemplo em breve. Nenhuma ligação foi encontrada entre a síndrome de Guillain-Barré e as vacinas contra Covid desenvolvidas pela Pfizer-BioNTech e Moderna, outros fabricantes com vacinas autorizadas nos EUA e que possuem uma tecnologia diferente de produção.

Segundo a Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações), são raros os casos em que a síndrome de Guillain-Barré ocorreu após a aplicação de vacinas, como as que previnem tétano e gripe. Desde 1976, muitos estudos têm sido realizados, mas até hoje não foi estabelecida relação de causa entre a síndrome e as vacinas. "O que se sabe de fato é que a chance de uma pessoa desenvolver SGB [síndrome de Guillain-Barré] em decorrência da infecção pelo vírus da gripe (influenza), por exemplo, é muito maior do que pela vacina que protege da doença", diz a entidade em publicação em seu site.

Ainda no começo da pandemia, pesquisadores observaram quatro pacientes na Itália que desenvolveram síndrome de Guillain-Barré após contrair o novo coronavírus. O caso foi descrito em um estudo no periódico científico The New England Journal of Medicine.

Um outro artigo, publicado na revista The Lancet, relatou o caso de uma mulher que desenvolveu síndrome de Guillain-Barré devido à infecção pelo Sars-CoV-2 antes mesmo de apresentar sintomas respiratórios.

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