O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, anunciaram nesta terça-feira (13) a redução do intervalo entre a aplicação da primeira e da segunda dose da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca, de 12 para 8 semanas.
Segundo o governo, a decisão foi tomada em conjunto com os secretários municipais de saúde, mas os municípios não estão obrigados a segui-la. É o caso da capital, que já anunciou que neste momento não antecipará a segunda dose.
Em nota, a prefeitura do Rio disse que não adotará a medida, porque busca "garantir a eficácia máxima do imunizante, seguindo assim a orientação da bula do fabricante". Em entrevista à TV Globo, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que a redução do intervalo para oito semanas diminui a eficácia da vacina de 80% para 59%.
"A gente perde 20% de eficácia na proteção individual para aquela pessoa. Então, a gente ainda está avaliando", disse ele. Soranz afirmou, ainda, que a possibilidade pode ser eventualmente considerada para os jovens, mas que não será aplicada no caso de idosos e pessoas com comorbidades.
Em entrevista à imprensa, Castro e Chieppe negaram que a antecipação da segunda dose possa prejudicar a eficácia do imunizante. "Do ponto de vista estatístico não é significativo, com diversos outros ganhos com a antecipaçao da segunda dose", afirmou o secretário estadual de Saúde.
Chieppe argumentou que a redução do intervalo permitirá usar vacinas paradas em estoque, e que garantir "uma melhor imunidade da população é essencial neste momento".
Ele lembrou que o país deve enfrentar a circulação da variante delta, mais transmissível, e que a imunização completa é necessária para combater a transmissão do vírus.
O secretário também disse que a antecipação da segunda dose em um mês irá contribuir para diminuir o número de pessoas que não comparecem para completar a vacinação.
Até segunda-feira (12), o estado havia completado a imunização de cerca de 2,5 milhões de pessoas, o equivalente a 17,7% da população adulta.
O governo de São Paulo também estuda antecipar a segunda dose da AstraZeneca, medida que gera controvérsia entre os especialistas.
Para Mauro Schechter, professor titular de doenças infecciosas da UFRJ e de epidemiologia das universidades de Pittsburgh e Johns Hopkins (EUA), é mais importante ter um número grande de pessoas vacinadas com ao menos a primeira dose.
“Quanto mais rapidamente as pessoas forem vacinadas, maiores as chances de conter uma pandemia. Não importa se a vacina é um pouquinho mais eficaz que a outra ou menos eficaz. Isso não faz a menor diferença em termos de conter a pandemia", disse à Folha.
Já a professora e epidemiologista Ethel Maciel, da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), é a favor da diminuição do período entre as doses, com o objetivo principal de conter o avanço da variante delta no Brasil.
No caso da vacina da AstraZeneca, Maciel recomenda a redução para dois meses, em vez dos atuais três. Quanto à vacina da Pfizer, ela recomenda seguir a recomendação do fabricante, que indica um período de 21 dias entre as doses.
“Tendo em vista a possibilidade do avanço da variante delta, que tem um impacto de proteção contra a infecção de pessoas que receberam apenas uma dose, é importante que a gente acelere o percentual de pessoas com segunda dose”, afirmou a professora.
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