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Terceira dose de vacina anti-Covid não é urgente, diz centro de doenças europeu

Relatório técnico do ECDC afirma que evidências atuais só endossam dose extra para pessoas com imunidade comprometida

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Bruxelas

“Com base nas evidências atuais, não há necessidade urgente de administração de doses de reforço de vacinas a indivíduos totalmente vacinados na população em geral”, afirmou relatório técnico do ECDC (Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças).

O documento diz ainda que doses adicionais já devem ser incluídas no programa regular de vacinação de pessoas com sistema imunológico gravemente enfraquecido. A recomendação é semelhante à da OMS.

Adotada no Brasil para idosos, a imunização extra também foi anunciada por mais de 30 países no mundo.

Imagem em close mostra uma pessoa segurando uma seringa e a espetando em uma ampola de vacina.
Profissional da saúde prepara seringa para aplicação de vacina contra Covid - Rubens Cavallari - 18.fev.21/Folhapress

Segundo o ECDC, no debate sobre essas decisões é importante distinguir "entre reforço para pessoas que responderam adequadamente à vacinação primária e doses adicionais para aqueles com sistema imunológico enfraquecido, que não responderam adequadamente".


​As evidências sobre a eficácia e duração de proteção dos fármacos no "mundo real" mostram que todas os produtos autorizados na região (Pfizer, Moderna, Janssen e AstraZeneca) são “altamente protetoras contra hospitalização, doença grave e morte relacionadas com Covid”, afirma o relatório.

Com base nessa proteção e no fato de que um terço dos adultos ainda não está totalmente imunizado contra o coronavírus, a prioridade deve ser concluir a vacinação regular de toda a população, para evitar mortes e doenças graves, diz o órgão.

O relatório afirma ainda que “são necessários dados mais sólidos para tomar decisões de política pública sobre doses de reforço”. De acordo com o centro, as lacunas de conhecimento estão principalmente na proteção fornecida a diferentes grupos populacionais e no intervalo recomendado entre a série de vacinação primária e a dose de reforço.

Também não há dados suficientes sobre a duração da imunidade de acordo com diferentes idades e grupos de risco, produto de vacina, dosagem intervalo e variante de preocupação, afirma o relatório.

“Estudos prospectivos de eficácia de vacinas, bem como vigilância de infecções na população em geral e em grupos específicos, são necessários para responder a essas perguntas.”

Esses dados são necessários para avaliar melhor benefícios e riscos das doses de reforço, de acordo com o ECDC. Entre os benefícios estão maior proteção contra doença grave, doença leve a moderada, presença de Covid longa, taxas de infecção e de transmissão.

Há também riscos nas doses extras: não há conclusões definitivas sobre possíveis efeitos colaterais (segurança) e pode haver consequências para a saúde pública (o documento cita impacto na confiança e aceitação da vacina e disponibilidade global de doses).

Por outro lado, segundo o ECDC, doses adicionais como parte da vacinação primária podem ser administradas a pessoas com sistema imunológico gravemente enfraquecido, que não atingem um nível adequado de proteção com o esquema padrão de doses.

“Alguns estudos relatam que uma dose adicional de vacina pode melhorar a resposta imune em receptores de transplantes de órgãos, por exemplo cujas respostas iniciais à vacinação foram baixas.”.

A EMA (agência regulatória europeia) disse que vai analisar o relatório e emitir recomendações para os países do continente. Os governos nacionais, porém, têm soberania para tomar decisões sobre a vacinação.

Cada país está “em melhor posição para avaliar as condições locais, incluindo a disseminação do vírus (especialmente variantes preocupantes), a disponibilidade de vacinas e a capacidade dos sistemas de saúde”, declarou a agência.

A injeção de uma dose adicional, como medida de precaução, para idosos frágeis, em particular aqueles que vivem em ambientes fechados, como asilos, também pode ser considerada.

ECDC e EMA afirmaram que monitoram os dados de eficácia da vacina e infecções emergentes, particularmente entre grupos de maior risco de Covid grave e morte e entre aqueles que vivem em ambientes fechados.

“Nesse ínterim, os Estados precisam se preparar para possíveis adaptações em seus programas de vacinação, caso seja observada uma diminuição substancial na eficácia da vacina em um ou mais grupos populacionais”, afirmou a EMA.

“Para complementar os esforços de vacinação, também é crucial continuar a aplicar medidas como distanciamento físico, higiene das mãos e respiratórias e uso de máscaras quando necessário, em particular em ambientes de alto risco [hospitais e residências de idosos]”, dizem as entidades

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