Descrição de chapéu câncer

Mamografia precoce reduziria diferença de mortalidade entre mulheres negras e brancas, revela estudo

Se exames fossem feitos a partir dos 40 anos, disparidade cairia 57%, calculam pesquisadores

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Reuters

A disparidade racial no índice de sobrevivência ao câncer de mama nos Estados Unidos poderia ser reduzida em mais da metade se as mulheres negras fizessem mamografias de dois em dois anos a partir dos 40 anos de idade. A conclusão está em um estudo publicado na segunda-feira (18).

Em comparação com as mulheres brancas nos EUA, as mulheres negras são mais jovens quando recebem o diagnóstico de câncer de mama. Além disso, elas recebem diagnósticos mais frequentes de cânceres difíceis de tratar ou em estágio avançado e têm probabilidade maior de morrer de câncer de mama, destacaram os autores do estudo.

Em um fundo branco, há uma fita com de rosa, símbolo da campanha do outubro rosa
Símbolo da campanha outubro rosa que visa conscientizar a população da importância do diagnóstico precoce e prevenção do câncer de mama - Marijana1/Pixabay

A Força-Tarefa Americana de Serviços Preventivos (USPSTF, na sigla em inglês), financiada pelo governo e responsável por diretrizes que são seguidas comumente por médicos, convênios médicos e formuladores de políticas públicas de saúde, pede que todas as mulheres façam mamografia regularmente a cada dois anos a partir dos 50.

A entidade indica que mulheres na casa dos 40 anos devem consultar seu médico quanto à necessidade de iniciar as mamografias regulares antes disso.

Para o novo estudo, publicado no Annals of Internal Medicine, os pesquisadores utilizaram um modelo computadorizado para estimar o impacto da realização regular de mamografias digitais a partir de idades iniciais diferentes e com intervalos diferentes, para mulheres nascidas nos Estados Unidos em 1980.

O modelo comparou os benefícios da realização dos exames regulares aos potenciais efeitos prejudiciais, como resultados falsos negativos que podem levar à realização de exames adicionais desnecessários.

Para avaliar as estratégias de realização regular de mamografias, o modelo empregou dados sobre densidade mamária, subtipos moleculares de cânceres de mama, idade e estágio em que o tratamento é iniciado, além da mortalidade não devida a câncer de mama.

Para substituir o fator do racismo —que, destacam os autores, é parcialmente responsável pelas disparidades—, o modelo levou em conta fatores como acesso a medicamentos, demora em iniciar tratamento, reduções de doses de medicamentos e suspensão de tratamento.

O modelo estima que a realização de mamografias bienais por mulheres negras a partir dos 40 anos reduziria em 57% a disparidade entre sua mortalidade por câncer de mama e a das mulheres brancas. O estudo concluiu que o risco adicional de falsos positivos de mamografias precoces é compensado pelos benefícios da detecção precoce do câncer de mama nesse grupo.

Mais especificamente, se todas as mulheres começassem a fazer mamografia aos 50 anos de idade, ocorreriam 14,3 mortes por câncer de mama a cada mil mulheres brancas, contra 17,6 mortes por câncer de mama a cada mil mulheres negras, segundo estimativa dos pesquisadores.

Se o programa de mamografias regulares de mulheres negras começasse aos 40 anos, o número de mortes a cada mil mulheres desse grupo cairia para 15,7, segundo o estudo.

As diretrizes sobre mamografias diferem. A American Cancer Society diz que as mulheres com nível médio de risco devem começar a fazer mamografias anuais a partir dos 45 anos, mas “devem ter a oportunidade” de começar aos 40.

O American College of Obstetricians and Gynecologists recomenda que a mamografia seja oferecida às mulheres aos 40 anos e que o programa de mamografias regulares seja iniciado aos 50 anos, no máximo.

“As mulheres negras, especialmente, são encorajadas a conversar com seu médico sobre quando é o momento mais indicado para iniciarem os exames regulares”, afirmou Carol Mangione, vice-diretora da USPSTF. Segundo ela, não houve dados suficientes para que fossem feitas recomendações específicas para diferentes grupos raciais e étnicos.

O autor de um editorial publicado no periódico médico juntamente com o estudo disse que, embora o racismo na medicina não possa ser ignorado, a classificação de pacientes como negras ou não negras pode ignorar diferenças de linhagem genética e sociodemográficas.

“As disparidades de saúde são onipresentes na medicina. Se quisermos erradicar a iniquidade, precisamos estudar a questão de raça e o racismo”, escreveu no editorial David Jones, professor de ética médica na Universidade Harvard.

Tradução de Clara Allain.

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