Descrição de chapéu The New York Times

O que coloca uma pessoa em risco de contrair a varíola dos macacos?

Estudos sugerem que vírus é transmitido pelo contato direto com a erupção cutânea de infectado, com objetos contaminados ou por gotículas respiratórias

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Knvul Sheikh
The New York Times

Com a varíola dos macacos se alastrando pelos Estados Unidos, as pessoas podem ter flashbacks de quando ficavam limpando balcões e embalagens de mantimentos para evitar o coronavírus. Mas o risco de contrair a varíola dos macacos ainda é baixo para a maioria das pessoas. Quase todos os casos no surto atual da doença —98% do total— ocorreram em homens adultos que fazem sexo com homens.

Então como o vírus está se espalhando? Estudos de surtos anteriores sugerem que o vírus da varíola dos macacos é transmitido de três maneiras principais: pelo contato direto com a erupção cutânea de uma pessoa infectada, pelo contato com objetos ou tecidos contaminados ou por gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. Também há evidências de que grávidas podem transmitir o vírus a seus fetos através da placenta.

Pessoas fazem fila para vacinas contra varíola dos macacos em clínica de saúde sexual no bairro do Harlem, em Nova York - Victor J. Blue/The New York Time

Cientistas ainda estão tentando entender se o vírus pode ser transmitido pelo sêmen, fluidos vaginais, urina ou fezes e se as pessoas podem ser contagiosas antes de apresentarem sintomas visíveis.

Vários fatores podem determinar seu risco de contrair a varíola dos macacos, seja por cuidar de uma pessoa que está com a doença ou simplesmente por ter relações sexuais, passando por ir a festas com muitas pessoas.

A proximidade física com uma pessoa doente, quão infecciosa ela está, quanto tempo você passa perto dela e sua própria saúde pessoal, tudo isso pode afetar sua suscetibilidade ao vírus, segundo o médico Jay Varma, especializado em doenças infecciosas e epidemiologista na Weill Cornell Medical School, em Nova York.

Veja o que especialistas estão pensando sobre interações cotidianas, como o vírus é transmitido nessas interações e quais comportamentos encerram mais risco.

Alto risco

As atividades que colocam uma pessoa no maior risco de contrair o vírus envolvem contato íntimo com outro indivíduo afetado. Isso inclui o tipo de contato pele a pele que ocorre durante o sexo e também quando as pessoas se abraçam, beijam ou massageiam. Camisinhas provavelmente fornecem alguma proteção durante o sexo, mas é improvável que impeçam o contato com lesões na virilha, coxas, nádegas ou outras partes do corpo de uma pessoa infectada.

Colegas de quarto e familiares que convivem na mesma casa também correm risco significativamente maior de contrair a varíola dos macacos, comparados com quaisquer outros indivíduos com quem um paciente possa ter contato estreito, disse o Dr. Bernard Camins, diretor médico de prevenção de infecções no Mount Sinai Health System.

Pessoas que dividem uma casa ou visitam a de um paciente podem contrair a varíola dos macacos por meio de roupas, toalhas ou roupas de cama contaminadas. Utensílios compartilhados que podem portar a saliva de uma pessoa infectada também devem ser vistos como sendo de alto risco, disse Saskia Popescu, epidemiologista na Universidade George Mason e especialista em doenças infecciosas.

Médio risco

Quando se trata da transmissão por gotículas respiratórias, o contato cara a cara ou quase cara a cara é mais arriscado do que conservar alguns metros de distância. Para evitar a exposição ao vírus, autoridades de saúde recomendam que as pessoas guardem pelo menos dois metros de distância de pacientes sem máscara.

Mas alguns especialistas argumentam que essa distância é arbitrária. Mesmo assim, do mesmo modo que com a Covid, usar máscara em espaços fechados é boa ideia se você quiser se proteger da varíola dos macacos. Ir a uma festa lotada em um recinto fechado pode expor você ao risco de contrair o vírus, especialmente nas regiões do país onde o número de casos é alto. Segundo Popescu, raves em que as pessoas têm contato direto, pele contra pele, e dançam juntas por períodos de tempo longos podem representar um risco ainda maior.

Risco mais baixo

Para Popescu, é pouco provável que as pessoas contraiam o vírus por experimentar roupas numa loja ou tocar em objetos não porosos como balcões e maçanetas de portas. "Pessoalmente, acho menos preocupante experimentar roupas numa loja", disse. Para quem estiver muito preocupado, ela sugeriu que uma peça de roupa nova seja lavada antes de ser usada, apenas para tranquilizar a pessoa.

Algumas atividades que as pessoas aprenderam a limitar durante os surtos de Covid provavelmente não encerram risco igual no caso da varíola dos macacos. Por exemplo, ficar sentado num metrô, ônibus ou outro meio de transporte público ou ir à escola ou ao escritório dificilmente vão expor alguém à varíola dos macacos.

Mas especialistas avisam que essa orientação pode mudar à medida que os cientistas foram obtendo mais informações sobre o vírus. Se ele continuar a se alastrar irrestritamente, pode acabar chegando à população maior, aumentando as chances de todos de ser infectados. "Mas ainda não chegamos a isso", disse Camins.

Tradução de Clara Allain

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