Descrição de chapéu câncer Cracolândia

Entidade proíbe uso do nome Pérola Byington e nova unidade será batizada de Hospital da Mulher

Centro de referência será inaugurado oficialmente na quarta, mas já começou a receber pacientes

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São Paulo

O governo paulista não poderá utilizar o nome da professora, filantropa e ativista Pérola Byington no hospital que será inaugurado nesta quarta-feira (14), na avenida Rio Branco, centro da cidade.

A nova unidade vai receber e ampliar o atendimento prestado no Hospital Pérola Byington, na Bela Vista, mas a Cruzada Pró Infância não autorizou a continuidade da homenagem e a novo local será batizado de Hospital da Mulher.

A proibição foi comunicada por meio de ofício. No documento, datado de 5 de setembro, a entidade afirma que, após reuniões com familiares da professora, ficou definido que o nome Hospital Pérola Byington pertence à Cruzada Pró Infância e não poderá ser utilizado no novo espaço, cuja construção custou cerca de R$ 245 milhões.

A Cruzada Pró Infância foi fundada em 1930 por Pérola Byington e por Maria Antonieta de Castro para defender gestantes e crianças e, em 1959, inaugurou o hospital na avenida Brigadeiro Luís Antônio. A Cruzada administrou a unidade por 30 anos e, em 1989, alugou o prédio para a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, responsável pelo espaço desde então.

Fachada do Hospital da Mulher a partir da Avenida Rio Branco
Fachada do Hospital da Mulher, localizado nos Campos Elíseos - Stefhanie Piovezan/Folhapress

"No presente ano de 2022, a Cruzada Pró Infância foi informada pelo governo do estado de São Paulo que o mesmo não possuía mais interesse na manutenção do aluguel desse espaço, uma vez que havia construído um novo espaço no centro de São Paulo e que o mesmo seria rescindido ao final do presente ano visando a economia no valor do repasse do aluguel mensal", diz o ofício. Atualmente, o valor do aluguel é de R$ 380 mil, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

O documento lembra que o novo serviço será gerido não mais pelo governo estadual, mas pelo Seconci (Serviço Social da Construção Civil), em uma parceria público-privada, e pontua que a Cruzada foi informada apenas no início de agosto sobre a intenção dos novos gestores de manterem o nome Hospital Pérola Byington.

Por fim, a entidade agradece o desejo de criação de um memorial dedicado a Pérola Byington no hall do novo hospital, mas reitera a proibição e afirma que tomará medidas legais contra a divulgação de que o local seria "o novo Pérola Byington". A reportagem tentou contato com a Cruzada Pró Infância por telefone, mas sem sucesso.

Entrada de emergência do novo hospital, com placa onde se lê Centro de Referência da Saúde da Mulher
Placas do novo hospital já não fazem menção à filantropa Pérola Byington - Stefhanie Piovezan/Folhapress

Primeiro dia

O Hospital da Mulher será aberto oficialmente na quarta-feira (14), mas nesta segunda-feira (12) já começou a receber as primeiras pacientes.

A dona de casa Débora Cristina da Silva foi uma das integrantes do grupo inaugural. Em tratamento contra câncer há um ano, ela tinha consulta agendada e chegou ao novo prédio em uma van disponibilizada para fazer o trajeto entre a unidade da Bela Vista e a da Santa Cecília.

Ela espera que a qualidade do atendimento seja mantida e que, com a ampliação do serviço oncológico no novo endereço, não tenha de fazer as sessões de radioterapia em outra unidade de saúde.

De acordo com a secretaria estadual, a expectativa é de que todos os serviços migrem até outubro e que ao longo de 2023 o hospital atinja o pleno funcionamento. Nesse cenário, serão 172 leitos, sendo 92 cirúrgicos, 60 clínicos, 10 de UTI e 10 de hospital dia e capacidade anual de 12,8 mil internações, 107 mil atendimentos ambulatoriais, 21 mil sessões de quimioterapia, 23,7 mil de hormonioterapia e 19,8 mil de radioterapia.

Fachada do Hospital da Mulher
Há um posto de segurança em cada esquina do novo hospital - Stefhanie Piovezan/Folhapress

Maria de Fátima Pinto Sandoval também já foi atendida no novo endereço. Moradora de Salesópolis (SP), ela relatou que ficou com medo ao saber que o hospital seria transferido para a região da cracolândia, mas acredita que algumas mudanças, como a abertura dos portões para os pacientes que chegam de outras cidades ainda na madrugada, podem reduzir a insegurança.

O temor de pacientes e funcionários foi uma das maiores críticas feitas à transferência do serviço. Em resposta, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou em visita às obras no início de julho que havia realizado concurso para contratar mil novos guardas-civis metropolitanos e que havia aumentado o salário inicial dos GCMs em 72%.

Nesta segunda, havia quatro postos de segurança, um em cada esquina do quarteirão tomado pelo hospital. A segurança é realizada por uma empresa particular e os funcionários informaram que o monitoramento vai funcionar 24 horas.

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