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Gripe faz procura por atendimento em pronto-socorro infantil subir até 24% em São Paulo

Crescimento está associado à desorganização da sazonalidade dos vírus, diz pediatra

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São Paulo

Prontos-socorros infantis de São Paulo registraram alta nos atendimentos nas últimas semanas, em comparação com o período de férias, e aumento de até 24% na comparação com 2021.

Nas unidades Santana e Pompeia da Rede de Hospitais São Camilo, foram cerca de 9.900 atendimentos no mês de agosto, número 23% maior em relação ao mesmo período do ano passado, quando as restrições da pandemia estavam em vigor. De acordo com a instituição, a maioria dos casos envolve sintomas gripais.

A gripe também levou a um aumento na procura por atendimento no pronto-socorro infantil do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo a unidade, setembro e outubro são considerados meses de aumento de casos respiratórios, mas não de gripe.

Uma mulher negra olha atentamente o termômetro que segura com a mão direita. A mão esquerda abraça por trás e repousa no ombro de sua filha que está com a mão esquerda na boca, como se tossisse. A menina veste roupão branco e um cachecol grosso cinza, enquanto a mãe usa blusa azul claro.
Prontos-socorros de São Paulo registram aumento no atendimento a crianças com sintomas de gripe - Adobe Stock

O volume de pacientes no Einstein começou a subir no último dia 15 e, especificamente em relação à última semana, houve crescimento de 21% no movimento pediátrico. "Hoje, o tempo médio de espera é 25 minutos e as queixas principais são doenças virais respiratórias com adenovírus, rinovírus e influenza", diz o hospital.

"Tivemos uma desorganização da sazonalidade dos vírus respiratórios. Em 2020 e 2021, praticamente não circulou nenhum vírus além do SARS-CoV-2, o que predispôs as crianças que não se infectaram durante esses dois anos. Principalmente os menores de 3 anos de idade acabaram não contraindo esses vírus respiratórios normais, então se acumulou um grupo de suscetíveis muito grande, a ponto de no final de 2021 termos um surto de influenza e de vírus sincicial respiratório em pleno verão", explica o pediatra Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

As unidades que compõem a rede da Notredame Intermédica registraram uma elevação de 13% na procura por pediatras, que vêm atendendo principalmente pacientes com queixas respiratórias e infecção de vias aéreas superiores.

Já no Hospital Infantil Sabará, a alta foi de 11% na comparação com julho e de 24% se comparada com o mesmo período de 2021, diz o pediatra Thales Araújo, gerente médico do pronto-socorro.

"Com o aumento do fluxo, é esperado que o tempo para atendimento também aumente. Por exemplo, no caso dos pacientes pouco urgentes, estamos com uma média de 60 minutos de espera", afirma. As principais queixas das crianças atendidas na unidade são tosse, febre e congestão nasal e os principais diagnósticos incluem resfriado, infecção de ouvido, amigdalite e crises de asma.

No Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, por outro lado, não houve aumento no número de atendimentos no pronto-socorro no último mês. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, foram contabilizados 3.157 atendimentos em agosto, contra 3.191 em julho, 4.379 em junho e 4.472 em maio.

"Nas consultas médicas de urgência e emergência pediátrica dos oito prontos-socorros e quatro pronto atendimentos da capital, foram feitos 38.830 atendimentos em abril, 37.150 em maio e 33.683 em junho", informa a pasta, que credita o aumento em alguns meses à sazonalidade das doenças respiratórias, especialmente por conta das alterações das condições climáticas.

De acordo com o boletim semanal da Fiocruz sobre SRAG (síndrome respiratória aguda grave), observa-se um aumento de casos principalmente na faixa entre 5 e 11 anos de idade, com destaque para pacientes com rinovírus. "Tal resultado, caso se confirme, apontaria para retomada de vírus respiratórios usuais potencialmente em função do retorno às aulas após o período de férias escolares", indica o documento.

Kfouri lembra que manter a carteirinha de vacinação em dia e adotar cuidados como a higienização das mãos e o uso de máscaras podem contribuir para diminuir a transmissão desses vírus. Evitar enviar crianças com sintomas como febre e tosse para a escola e reduzir a quantidade de alunos por profissional de educação também seriam medidas importantes.

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