Descrição de chapéu AIDS

Varíola dos macacos pode ser fatal para pessoas com HIV ou sistema imunológico fraco

Estudo nos Estados Unidos identifica que grande maioria dos doentes também possuía o vírus da Aids

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Julie Steenhuysen
Chicago | Reuters

Pessoas com o sistema imunológico gravemente enfraquecido, como as infectadas pelo vírus da Aids, podem apresentar sintomas graves e até morrer de uma infecção por varíola dos macacos, segundo um estudo americano divulgado nesta quarta-feira (26).

O estudo analisou casos de 57 pacientes americanos hospitalizados com complicações graves da varíola dos macacos. Quase todos (83%) tinham o sistema imunológico gravemente debilitado, na maioria das vezes devido à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que causa a Aids. Muitos desses pacientes não estavam sendo tratados para o vírus.

Mulher passa em frente a banner com informações sobre vacinação contra a varíola dos macacos nos EUA
O número de casos de varíola dos macacos caiu vertiginosamente nos EUA após o início da vacinação - Brendan McDermid/Reuters

"A varíola e o HIV colidiram, com efeitos trágicos", disse o doutor Jonathan Mermin, líder da reação à varíola dos macacos nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, em um comunicado. "O relatório de hoje lembra a todos nós que o acesso à prevenção e tratamento da varíola e do HIV é importante —para a vida das pessoas e para a saúde pública", disse ele.

Mais de 90 países onde a varíola dos macacos não é endêmica relataram surtos da doença viral, que a Organização Mundial da Saúde declarou uma emergência de saúde global. Os casos confirmados chegaram a 76.757.

Pouco mais de 28 mil pessoas nos Estados Unidos foram infectadas com varíola dos macacos desde o início do surto, em maio. Os casos nos EUA começaram a atingir o pico em meados de agosto e desde então caíram acentuadamente, com a ajuda da aplicação de vacinas.

As mortes fora da África, onde o vírus é endêmico, são raras, assim como as mortes causadas pela forma do vírus que agora circula nos Estados Unidos —Clade IIb.

Para o estudo, as autoridades de saúde investigaram alguns dos casos mais graves de varíola dos macacos, que se espalha pelo contato próximo com uma pessoa infectada. De modo geral, descobriu-se que 47 desses indivíduos também estavam infectados com HIV, mas apenas quatro deles recebiam terapia antirretroviral, drogas poderosas que mantêm o vírus sob controle. A maioria (95%) era do sexo masculino e 68% eram negros.

De acordo com a análise, 17 pacientes precisaram de tratamento em uma unidade de terapia intensiva e 12 morreram, incluindo cinco em que a varíola dos macacos foi um fator contribuinte ou a causa confirmada da morte.

Os pesquisadores pediram que os profissionais de saúde testassem para HIV todos os pacientes sexualmente ativos com suspeita de infecções por varíola dos macacos no momento do teste da varíola, a não ser quando a condição de HIV do paciente já fosse conhecida.

Para aqueles com suspeita de infecção por varíola dos macacos que testaram positivo para HIV, o CDC pediu que os provedores iniciassem o tratamento do paciente o mais rapidamente possível, potencialmente antes mesmo que a infecção por varíola dos macacos fosse confirmada. A agência também recomendou que os médicos iniciassem o tratamento de HIV o mais rapidamente possível para aqueles que testaram positivo para o vírus.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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