Descrição de chapéu Financial Times África

Vacina contra a malária de Oxford obtém primeira aprovação regulatória em Gana

A pesquisa descobriu que a dose de reforço de R21 mostrou eficácia de até 80% em um grupo e 70% em outro

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Donato Paolo Mancini Aanu Adeoye
Londres e Lagos | Financial Times

Uma nova vacina contra a malária desenvolvida na Universidade de Oxford, no Reino Unido, obteve a aprovação das autoridades de saúde de Gana, na primeira liberação regulatória para uma vacina que promete revigorar a luta contra a doença que é uma das principais causas de mortalidade infantil em todo o mundo.

O Serum Institute da Índia, que fabrica a vacina chamada R21, disse na quinta-feira (13) que o imunizante recebeu "licenciamento nacional completo" da Autoridade de Alimentos e Medicamentos de Gana (oeste da África). O instituto disse que a R21 poderia ser lançada em "escala de massa e custo modesto, permitindo (...) que centenas de milhões de doses sejam fornecidas aos países africanos que sofrem uma carga significativa de malária".

Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner de Oxford, onde a R21 foi desenvolvida, disse que a aprovação regulatória marcou o "ápice de 30 anos de pesquisa de vacinas contra a malária". Isso permitiria que uma "vacina de alta eficácia [seja] fornecida em escala adequada aos países que mais precisam dela", acrescentou.

Campanha de vacinação contra a malária para crianças no Quênia com o imunizante RTS,S; a nova vacina da Oxford foi aprovada apenas pelos órgãos de saúde de Gana
Campanha de vacinação contra a malária para crianças no Quênia com o imunizante RTS,S; a nova vacina da Oxford (R21) foi aprovada apenas pelos órgãos de saúde de Gana - Yasuyoshi Chiba - 8.mar.23/AFP

Um estudo publicado no ano passado mostrou que uma dose de reforço da vacina R21 apresentou eficácia de até 80% em um grupo e 70% no outro.

A malária é uma das maiores causas de morte infantil em todo o mundo, com países africanos afetados de forma desproporcional. Estima-se que 247 milhões de casos de malária foram registrados em 2021, segundo a Organização Mundial da Saúde, 95% deles na África. Crianças menores de 5 anos representaram cerca de 80% das mortes por malária na África. Gana, com uma população de 33 milhões, registrou 5,7 milhões de casos em 2021, segundo seu ministro da Saúde.

A nova vacina, que Gana autorizou para uso em crianças de até 3 anos, passou por testes no Reino Unido, na Tailândia e em vários países africanos. Atualmente, é objeto de um estudo em estágio avançado com 4.800 crianças, cujos resultados são esperados para este ano, disse o Serum Institute.

O instituto indiano, maior fabricante de vacinas do mundo, disse que estabeleceu capacidades potenciais de fabricação para mais de 200 milhões de doses por ano. Hill, de Oxford, disse anteriormente que o preço da vacina seria de "alguns dólares por dose".

A R21 ainda está sendo avaliada para uso pela OMS. Em 2021, a organização recomendou outra vacina contra a malária em crianças, feita pela GSK. No entanto, a capacidade de fabricação desta é menor que a desenvolvida por Oxford.

Javier Guzmán, diretor de política global de saúde do grupo de pensadores Centro para Desenvolvimento Global, com sede nos EUA, disse que a aprovação regulatória da R21 foi "muito animadora", enfatizando que isso não significa que doadores ou compradores internacionais de vacinas, como Gavi ou Unicef, financiarão a produção.

Ele também disse que "ainda é incerto" se a R21 vale o preço, "especialmente quando comparada a outras intervenções econômicas contra malária que não foram totalmente implantadas em países endêmicos, como mosquiteiros tratados com inseticida ou pulverização residual interna".

Ele acrescentou: "Embora a vacina possa ser anunciada como uma grande vitória na luta contra a malária, não é uma bala de prata, e há pontos importantes a serem considerados antes que a vacina R21 seja lançada para uso mais amplo".

O Serum Institute foi um importante fabricante da vacina contra o coronavírus da Oxford/AstraZeneca. A R21 inclui um adjuvante farmacêutico fabricado pela Novavax, empresa que desenvolveu uma vacina contra a Covid-19.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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