Descrição de chapéu Financial Times

Vacina contra malária de Oxford dá proteção elevada e duradoura a crianças

O reforço produziu eficácia de até 80% em um grupo, mostra estudo da Lancet

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Donato Paolo Mancini
Londres | Financial Times

Uma dose de reforço de uma vacina contra a malária desenvolvida na Universidade de Oxford, no Reino Unido, demonstrou proteção alta e duradoura em crianças, conforme um estudo que trouxe esperança para a luta contra a doença mortal.

A malária, causada por parasitas, é evitável e curável. Houve 241 milhões de casos em todo o mundo em 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que levou a uma estimativa de 627 mil mortes. A África concentra o maior número de casos e mortes, e as crianças são particularmente afetadas.

As conclusões de estágio intermediário do estudo revisado por pares foram publicadas na quarta-feira (7) no jornal de saúde The Lancet. Um total de 450 participantes com idades entre 5 e 17 meses participaram do estudo em Burkina Fasso, 409 dos quais receberam um reforço.

Criança recebe vacina contra a malária em Yala, no Quênia
Criança recebe vacina contra a malária em Yala, no Quênia; o continente africano é o local onde há mais casos e mortes pela doença - Brian Ongoro - 7.out.21/AFP

Os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos, com os dois primeiros recebendo a vacina R21 com um adjuvante —uma substância que aumenta a eficácia das vacinas— em dose alta ou baixa, produzindo maior e menor eficácia, respectivamente. O terceiro grupo recebeu uma vacina antirrábica. Cada criança recebeu uma dose adicional da mesma vacina que havia recebido anteriormente.

Uma dose de reforço da vacina contra a malária mostrou eficácia de até 80% em um grupo e de 70% no outro. A eficácia foi calculada contra os sinais clínicos da malária, disseram os cientistas, acrescentando que a vacina atendeu ao critério de eficácia da OMS de pelo menos 75%.

"Um regime padrão de imunização de quatro doses pode agora, pela primeira vez, atingir o alto nível de eficácia em dois anos que tem sido um alvo aspiracional para vacinas contra a malária há muitos anos", disse o professor Adrian Hill, que dirige o Instituto Jenner de pesquisas na Universidade de Oxford e foi coautor do artigo.

Halidou Tinto, o principal pesquisador do estudo, disse que foi "fantástico ver uma eficácia tão alta novamente após uma única dose de reforço".

Katie Ewer, de Oxford, outra coautora, disse ser "possível" que um segundo reforço não seja necessário, embora ainda seja cedo para dizer. Ela acrescentou que os dados parecem "muito sólidos" para os participantes do estudo, mas podem mudar com uma população mais ampla.

A vacina é administrada com o adjuvante Matrix-M da Novavax e é licenciada para o Serum Institute da Índia.

Hill, de Oxford, disse que o Serum Institute está "disposto e é capaz de fazer 200 milhões de doses por ano no próximo ano", mas enfatizou que o desafio seria a logística e a distribuição em cada país. Ele acrescentou que Oxford e o Serum Institute estão procurando fabricar a vacina diretamente na África, embora isso não vá "acontecer dentro de meses". Ele se recusou a fornecer um preço exato para a vacina, que, segundo ele, seria de "alguns dólares por dose".

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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