Consumo excessivo de álcool cresce e atinge 6 milhões de brasileiros

Edição da newsletter Cuide-se explica riscos à saúde e como combater abuso da substância

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São Paulo

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O abuso de álcool cresceu no Brasil e no mundo durante a pandemia e, com ele, houve um aumento também de novas internações e mortes relacionadas ao álcool.

Nesta edição, vamos falar sobre o crescimento desse que é um problema de saúde pública e a importância de ações de prevenção para combater o abuso de álcool no Brasil.

um copo de uísque segurado por um homem branco
Homem branco segurando um copo de uísque - Fiocruz Imagens

Riscos do abuso de álcool

Recentemente, a taxa da população adulta que abusa de álcool no país atingiu a triste marca de 4%, ou 6 milhões de pessoas.

  • Essa taxa chega a 6,6% nos homens (contra 1,7% em mulheres) e também é maior nas regiões Centro-Oeste e Norte (6,8%, contra 4,5%, 3,4% e 3% nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, respectivamente).

Os dados são de um levantamento inédito feito a partir de um inquérito nacional, o Covitel, junto com um teste da OMS (Organização Mundial da Saúde) para avaliar o consumo abusivo de bebida alcoólica no país.

  • O que é consumo abusivo: ingestão de mais de sete doses de álcool por semana por mulheres e mais de 14 por homens, segundo a definição da OMS.

  • A dose padrão, para a OMS, é 10g de etanol puro. No Brasil, uma dose de bebida equivale a 14g de álcool puro, o que corresponde a cerca de 350 ml de cerveja (5% de álcool), 150 ml de vinho (12% de álcool) ou 45 mil de destilado (40% de álcool).

Dados globais da organização apontam que 40% da população mundial com mais de 15 anos consome bebidas alcoólicas, ou cerca de 2 bilhões de pessoas. Em todo o mundo, o álcool é responsável por 3,3 milhões de mortes anuais.

Ainda de acordo com a OMS, os problemas de saúde ligados ao excesso de álcool são vários:

A pesquisa Covitel mostra que 5,6% dos brasileiros (3,5 milhões) já feriram alguém ou se feriram após o consumo de álcool. Na pandemia, houve um aumento de 156% nas mortes por transtornos mentais ou comportamentais causadas pelo uso de álcool na cidade de São Paulo.

A que se deve o aumento?

Nos últimos anos, diversos países registraram um aumento do consumo de bebidas alcoólicas, principalmente na população mais jovem, onde também cresceram os novos diagnósticos de problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e distúrbios do sono.

Sim, mas… O aumento do uso de álcool no Brasil não é novo. Dados de 2013 a 2019 retirados da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) mostram que a prevalência do consumo abusivo de álcool em um período inferior a 30 dias subiu de 13,7% para 17,1%.

As internações e mortes decorrentes do consumo excessivo de álcool em mulheres também cresceram nos últimos anos. Acidentes, violência interpessoal e desafios familiares são algumas das consequências sociais desse cenário.

Como prevenir?

Para além das questões pessoais, o uso abusivo de álcool tem um forte componente de escolaridade e regional e é, portanto, um problema de saúde pública.

  • No Brasil, o álcool é um dos fatores de risco mais significativos para a mortalidade, contribuindo com 5,5% do total de mortes, segundo o Ministério da Saúde.

  • Segundo a pesquisa mencionada no início, o consumo em excesso de álcool é maior na população na faixa etária de 45 a 54 anos (6,9%), preta/parda (4,7%) e com 9 a 11 anos de escolaridade (5%). Houve um aumento também na faixa etária de 18 a 24 anos (4,8%).

Por isso, é crucial educar a população sobre os riscos associados ao consumo excessivo de álcool e desafiar as normas que normalizam esse comportamento. Entre elas está a conscientização sobre as consequências que o álcool pode trazer, especialmente se combinado a outras substâncias lícitas ou ilícitas ou a comportamentos considerados de alto risco (como dirigir embriagado).

Outro fator importante é o custo à saúde do abuso de álcool. O país gasta, anualmente, cerca de R$ 187,5 bi com gastos diretos e indiretos relacionados ao álcool, que pode levar também à aposentadoria precoce ou à perda de anos de vida produtiva.

É importante também considerar isso nos programas de prevenção e campanhas de conscientização sobre o abuso de álcool encabeçadas pelo governo.


  • Conheça o blog Vida de Alcoólatra: Alice, codinome da autora, divide semanalmente na Folha relatos de medos, perdas e a verdade sobre sua trajetória com o alcoolismo. Veja aqui os textos publicados até agora.

CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e ciência

  • Cientistas encontram gene da longevidade. Pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, mapearam o gene responsável pela longevidade do rato toupeira pelado, um tipo de mamífero que vive enterrado na África e é conhecido por viver 41 anos. Ao transplantar o gene para camundongos em laboratório, eles conseguiram reverter o processo de envelhecimento celular nos animais transplantados. A pesquisa, publicada na Nature, pode indicar caminhos para pesquisas anti-idade em humanos.
  • Sensor durante o sono ajuda a identificar sinais de Alzheimer. Um aparelho com um sensor cerebral pode captar sinais precoces de Alzheimer durante o sono. De acordo com o instrumento, desenvolvido na Universidade de Colorado, o aparelho é eficaz em captar atividade de memória que é provocada durante o sono em pacientes com declínio cognitivo. O estudo foi publicado na revista Alzheimer's Association.

  • Vacinação reduz a gravidade de sequelas pós-Covid. Uma análise da Clínica Mayo, importante centro de pesquisas em saúde, identificou que a vacinação contra o coronavírus é capaz de reduzir a gravidade e o tempo de sequelas pós-Covid. A pesquisa contou com 477 participantes avaliados de maio de 2021 a julho de 2022, e cerca de metade recebeu a vacina antes da primeira infecção. Nos vacinados, os sintomas como falta de ar e tosse três meses após a infecção foram bem menores em comparação àqueles não vacinados.

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