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Fase do ciclo menstrual afeta sensibilidade à insulina, diz estudo

O hormônio influencia vários processos cognitivos e metabólicos que até agora não foram investigados de forma específica para cada sexo

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Carla Bleiker
DW

Novo estudo sugere que o cérebro reage de forma diferente à insulina de acordo com cada fase do ciclo menstrual. A reação tem impacto no comportamento alimentar e em todo o metabolismo.

As mulheres, em geral, conhecem bem essa experiência: todos os meses, tem uma hora que o comportamento alimentar parece mudar de repente. Por vezes, isso se manifesta por um aumento da fome, ou por um maior desejo de carboidratos.

Mulher com as mãos na barriga em alusão a cólicas
Fases da menstruação podem alterar sensibilidade à insulina - Dragana Gordic/Adobe Stock

O motivo pelo qual muitas têm vontade de comer chocolate num determinado período do ciclo menstrual ainda não foi cientificamente identificado. Mas uma equipe de pesquisa de várias universidades alemãs descobriu que o cérebro reage de forma diferente ao hormônio insulina, de acordo com cada fase menstrual. E tal reação pode ter efeitos de longo alcance.

A insulina atua diretamente em células nervosas especializadas, regulando assim o comportamento alimentar e o metabolismo. Ela desempenha, portanto, um papel decisivo no controle do peso, além de controlar o açúcar no sangue de pacientes com diabetes tipo 1.

Os pesquisadores, cujo estudo foi publicado nesta quinta-feira (21/09) na revista Nature Metabolism, presumem que a mudança na sensibilidade à insulina durante o ciclo menstrual influencia vários processos cognitivos e metabólicos que até agora não foram investigados de forma específica para cada sexo.

Ensaios clínicos necessitam de mais diversidade

A partir de tais resultados, fica clara "a importância de se incluírem mulheres nos ensaios clínicos e atentar para a progressão de seus ciclos", diz Anke Hinney, que pesquisa o papel dos genes no desenvolvimento de transtornos alimentares infanto-juvenis na Universidade de Duisburg-Essen, e não participou do estudo.

"Parece trivial que os resultados mostrados não teriam sido alcançados se só se tivessem observado homens. Porém essa é precisamente uma área central da medicina de gênero, para ajudar a melhorar a compreensão das causas de doenças em ambos os sexos."

No estudo liderado por Martin Heni, especialista em medicina interna, endocrinologia e diabetologia, os pesquisadores viram que a sensibilidade do cérebro à insulina variava durante o ciclo menstrual das participantes. Na fase folicular, que ocorre antes da ovulação, o cérebro era muito sensível à insulina. Já na fase lútea, após a ovulação, o cérebro apresentava resistência à insulina. Comparando, em homens com peso normal, a sensibilidade do cérebro à insulina em geral é constante.

"Mulheres magras, portanto, comportam-se como homens magros na primeira metade do ciclo, enquanto na segunda metade elas aparentemente apresentam resistência à insulina, como visto antes em homens com sobrepeso", diz Alexandra Kautzky-Willer, chefe de medicina de gênero da Universidade Médica de Viena, que tampouco participou do estudo.

Fase do ciclo menstrual como fator nas pesquisas

Em seu ensaio clínico randomizado, os pesquisadores examinaram 11 mulheres ao longo de seu ciclo menstrual. A fim de medir a sensibilidade à insulina do cérebro, elas foram divididas em dois grupos: um recebeu spray do hormônio pelo nariz; o outro, um placebo. Os resultados foram então comparados com outra rodada de pesquisas com mais 15 mulheres.

De acordo com os exames de ressonância magnética das participantes, no período anterior à ovulação houve maior sensibilidade à insulina no hipotálamo, região central do cérebro para a regulação dos hormônios.

Como o estudo envolveu apenas um pequeno número de participantes, ainda são necessárias mais pesquisas antes de tirar conclusões definitivas que possam ser aplicadas ao tratamento de diabetes ou de portadores de obesidade. "É muito importante levarmos mais em consideração a fase do ciclo, os níveis de hormônios sexuais e a sensibilidade à insulina em experimentos futuros, especialmente em pesquisas metabólicas e de regulação de peso", defende Kautzky-Willer.

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