Médico é condenado em Goiás acusado de deformar rosto de pacientes

Defesa de Wesley Noryuki Murakami da Silva diz que respeita decisão e que 'tomará as medidas cabíveis'

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Goiânia

A Justiça de Goiás condenou, na última terça-feira (14), o médico Wesley Noryuki Murakami da Silva a nove anos, dez meses e dez dias de prisão por lesão corporal gravíssima. Ele é acusado de deformar os rostos de nove pacientes durante procedimentos estéticos, em Goiânia. Segundo a decisão, ele poderá recorrer em liberdade.

O advogado André Bueno, responsável pela defesa de Murakami disse que "respeita a decisão do Poder Judiciário e adotará as medidas judiciais cabíveis ao caso". A decisão foi proferida pelo juiz Luciano Borges Da Silva, 8ª Vara Criminal dos Crimes Punidos com Reclusão e Detenção de Goiânia.

foto de rosto de deformado de paciente
O empresário Alexandre Garzon diz que ficou deformado após ser atendido pelo médico Wesley Murakami - Reprodução

No total, segundo o processo, Murakami foi acusado por oito mulheres e um homem. A maioria das vítimas, de acordo com a investigação, procurou Murakami para fazer procedimentos de harmonização facial. Os casos ocorreram nos anos de 2013, 2017 e 2018.

Na decisão, o juiz destaca que, após a realização dos procedimentos estéticos, "as vítimas iniciaram uma fase de recuperação extremamente dolorosa e prolongada, devido às sequelas permanentes, e outras se submeteram a procedimentos reparadores".

O magistrado lembrou, ainda, que Murakami praticou crimes idênticos, com os mesmos modos de execução, com a utilização dos produtos polimetilmetacrilato (PMM) e toxina botulínica, "sem habilitação legal para tanto". "Não procede. Ele tem habilitação e está comprovado nos autos", afirmou o advogado à reportagem.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, ele não tinha especialidade médica para a realização de procedimentos estéticos. Por isso, conforme a acusação, teria excedido os limites do exercício da medicina. Ele tem registro no órgão regional desde 2003 como médico.

Ainda segundo a decisão, laudos periciais mostram que o médico não prestou a devida assistência aos pacientes depois das complicações.

Uma das pacientes, de acordo com a decisão, procurou Murakami para realizar uma harmonização facial e disse se submeteu a procedimento estético realizado por ele, que teria injetado em sua face o produto PMMA. Ela contou que ficou com diversos nódulos no rosto, os quais lhe causam muitas dores.

Depois de ver o inchaço em seu rosto, a paciente afirmou que tentou assistência junto ao médico, que teria feito apenas uma "massagem muito agressiva".

rosto de mulher deformado com cirurgia
Uma das pacientes do médico Wesley Murakami, que foi condenado por deformação do rosto de homens e mulheres, em Goiás - Reprodução/TV Record

Ela disse, ainda, que procurou auxílio de outros médicos para amenizar o inchaço de sua face. Segundo a mulher, Murakami não solicitou nenhum exame clínico prévio à realização do procedimento.

De acordo com a denúncia, outra vítima disse que teve complicações após o médico injetar um produto nas nádegas.

Em seguida, ela teria sido informada da necessidade de retirar juntamente com o produto parte do músculo. Disse que ficou com queimaduras de segundo grau e cicatrizes, necessitando fazer tatuagens para amenizar esteticamente. Afirmou que ficou com uma nádega maior que a outra, além de diversos nódulos.

Em 2018, Murakami foi preso em Goiás, levado para prisão em Brasília e solto no dia 17 de janeiro de 2019.

Murakami teve o registro profissional suspenso e já foi condenado a pagar indenização de R$ 60 mil para uma das clientes que ficou com sequelas após um procedimento estético. Para outra, ele foi condenado a pagar quase R$ 24 mil por causa do mesmo problema.

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