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Entenda cirurgia cardíaca feita em João Carreiro; cantor morreu por complicações

Sertanejo fez procedimento para trocar válvula do coração

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Ribeirão Preto

O cantor João Carreiro, 41, morreu na noite de quarta-feira ao passar por um procedimento para trocar uma válvula do coração. Em suas redes sociais, ele havia comunicado aos fãs e amigos que passaria pela cirurgia para "fechar um prolapso, um 'sopro' no coração."

De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, na idade do sertanejo, a troca de válvula costuma ser uma prática relativamente segura. O cantor fez parte da dupla "João Carreiro e Capataz", que embalou sucessos como "Bruto, Rústico e Sistemático". Depois de 2014, o artista seguiu carreira solo e bombou hits como "O Bagulho é Louco, Mano", canção com 18 milhões de visualizações no YouTube.

O cantor sertanejo João Carreiro
O cantor sertanejo João Carreiro - Reprodução

Qual era o problema do cantor?

João Carreiro apresentava o que os médicos chamam de "prolapso da valva mitral."

"É uma condição que varia desde algo simples, no qual não é preciso fazer nada, até [um quadro] mais grave, que impõe a necessidade de uma troca valvar", diz o médico Heron Rached, doutor em cardiologia pela USP (Universidade de São Paulo).

Como é feita a cirurgia?

O procedimento, quando indicado, substitui a válvula com problema por uma prótese. Os modelos utilizados nesses casos podem ser biológicos, feitos de pericárdio bovino, ou metálicos. Até o momento, não foi divulgado qual tipo de prótese o cantor teria colocado.

Rached afirma que nesta cirurgia é feita uma abertura no tórax do paciente e, depois, outra no coração para retirada da válvula danificada e inserção da prótese.

"Em geral, as cirurgias de troca valvar mitral são cirurgias tranquilas, mas infelizmente, esse desfecho não foi favorável a levou a morte do cantor", afirma Rached.

Quais os riscos?

A cardiologista Paola Smanio, líder médica da cardiologia do Fleury Medicina e Saúde e responsável pelo setor de medicina nuclear do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, diz que a literatura aponta um risco de até 13,5% em cirurgias de troca de prótese. O grupo de maior risco, entretanto, é o de pessoas com mais de 60 anos, com comorbidades associadas, que já tiveram AVC (acidente vascular cerebral) prévio ou são fumantes.

"Indivíduos que já tenham arritmia cardíaca, fibrilação atrial, insuficiência cardíaca, ou seja, o coração não não funciona de forma adequada", afirma a médica.

A probabilidade de danos aumenta se a cirurgia não é feita isoladamente, ou seja, associada a outro procedimento simultâneo (a troca de válvula e, por exemplo, uma desobstrução das artérias coronária), o que torna as intervenções emergenciais mais arriscadas que as planejadas.

"Complicações dependem do procedimento escolhido. Na plastia, uma das que pode ocorrer é comprimir uma das coronárias, provocando o infarto. A prótese biológica [por sua vez] tem uma durabilidade menor, então o indivíduo tem que trocar ao longo da vida novamente. A mecânica geralmente dura mais, mas o indivíduo tem que tomar anticoagulante para o resto da vida, porque têm maior risco de embolia, de trombose", avalia Smanio.

Os problemas mais comuns envolvem sangramento, tempo prolongado de circulação extracorpórea (que consiste no uso de uma bomba para fazer o sangue circular artificialmente pelo paciente durante a operação), presença de êmbolos no coração ou arritmias no pós-operatório. Há ainda o risco de uma infecção, inerente a toda intervenção cirúrgica.

"Os riscos dependem muito das condições em que o coração estava", pontua Rached.

A indicação de cirurgia depende do estado de saúde do paciente e precisa ser avaliada caso a caso. Em caso de procedimentos eletivos, feitos com agendamento prévio, exames e preparo, os responsáveis aplicam um índice chamado EuroScore, pelo qual é possível determinar o grau de risco da cirurgia.

"Em caráter emergencial esse índice é calculado rapidamente e o risco cirúrgico é bem maior", diz Smanio.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior do texto dizia que a literatura científica aponta risco de 3,5% em cirurgias de troca de prótese cardíaca. O risco é de 13,5%.

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