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Crianças nascidas de mães com complicações na gravidez enfrentam maiores riscos cardíacos

Estudo aponta risco aumentado de crianças de desenvolverem complicações como sobrepeso e hipertensão quando as mães apresentam estas condições na gestação

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Roni Caryn Rabin
The New York Times

Mulheres que desenvolvem pressão alta ou diabetes durante a gravidez têm mais chances de dar à luz crianças que desenvolvem condições que podem comprometer sua própria saúde cardíaca em uma idade jovem, afirma um novo estudo publicado na última segunda-feira (12).

Aos 12 anos, essas crianças têm mais chances de estar acima do peso ou serem diagnosticadas com pressão alta, colesterol alto ou índice glicêmico elevado, em comparação com crianças cujas mães tiveram gravidezes sem complicações.

Complicações na gestação da mulher podem trazer problemas à saúde da criança mais para frente, indica estudo - Adobe Stock

A pesquisa destaca a associação entre gravidezes saudáveis e a saúde das crianças, embora o estudo não prove uma relação de causa e efeito. As conclusões também apoiam a hipótese das "origens fetais das doenças adultas", que sugere que muitas condições crônicas podem ter raízes em adaptações fetais ao ambiente uterino.

Os resultados vêm de um estudo apoiado pelo governo americano que acompanhou uma grupo internacional de 3.300 pares de mãe e filho por mais de uma década. A pesquisa foi apresentada na reunião anual de gravidez da Sociedade de Medicina Materno-Fetal em National Harbor, Maryland. Um resumo foi publicado como apêndice na edição de janeiro da revista científica American Journal of Obstetrics and Gynecology.

"Isso cria um ciclo potencialmente vicioso para as crianças, onde ela tem um risco maior de doença cardiovascular e, quando essas meninas se tornam mulheres e engravidam, elas já têm mais chances de hipertensão e diabetes na gravidez", disse o Kartik K. Venkatesh, primeiro autor do artigo, obstetra e pesquisador de saúde perinatal no Centro Wexner Medical da Universidade Estadual de Ohio, em Columbus.

Os resultados indicam a urgência de cuidados preventivos e intervenção precoce, tanto durante a gravidez quanto na primeira infância, para interromper o ciclo, acrescentou ele.

"O impacto para as crianças irá aparecer só décadas no futuro, então a pergunta é: ‘o que podemos fazer aqui e agora para preservar a saúde cardiovascular delas ao longo da vida?’" indaga.

"As anormalidades na saúde cardiovascular podem ser identificadas precocemente, para que possamos tratá-las e implementar intervenções que possam mudar os resultados a longo prazo?"

As mulheres que estão planejando uma gravidez também podem se beneficiar ao buscar cuidados antes mesmo de conceber, acrescentou ele. Mais mulheres estão iniciando a gravidez com doenças crônicas —como obesidade, pressão alta e diabetes— que aumentam as chances de doenças cardíacas. E, segundo os especialistas, parte do motivo é que as mulheres estão adiando a maternidade até mais tarde em suas vidas.

Das 3.317 mulheres grávidas no estudo, 263 (8%) desenvolveram pressão alta relacionada à gravidez, 402 (12%) tiveram diabetes gestacional e 82 (2,5%) foram diagnosticadas com ambas as condições durante a gravidez.

Aos 12 anos, aqueles cujas mães tiveram pressão alta durante a gravidez apresentaram um risco 16% maior de ter um indicador de problemas cardíacos, como colesterol alto ou sobrepeso, em comparação com aqueles nascidos de mães sem complicações.

As crianças nascidas de mães com diabetes gestacional tinham 11% mais chances de ter esse indicador, afirmam os pesquisadores. E as crianças de mães com ambas as condições tinham quase 20% mais chances de ter um sinal precoce de problemas cardiovasculares.

Rachel M. Bond, cardiologista e diretora do sistema de saúde cardíaca feminina da Dignity Health em Chandler, Arizona, explica que os resultados da pesquisa foram significativos e poderiam levar a uma triagem e tratamento mais precoces de doenças cardíacas em crianças.

"Acho que isso realmente mudará as diretrizes pediátricas e mudará como cuidamos dos pacientes", afirma Bond. "Se sua mãe teve um resultado adverso na gravidez, talvez devêssemos fazer uma triagem mais cedo. Precisamos incentivar as pessoas a conhecerem seu histórico médico familiar, incluindo as complicações que suas mães tiveram durante a gravidez."

Embora ainda não existam diretrizes desse tipo, ela acrescentou: "estamos iniciando a conversa".

A chefe associada de cardiologia ambulatorial no Hospital Nacional da Criança em Washington D.C., Annette Ansong, diz que começou a incluir perguntas sobre a saúde da gravidez materna ao fazer o histórico médico de seus jovens pacientes.

"Comecei a perguntar às mães da criança: 'Quando você estava grávida, teve pré-eclâmpsia, hipertensão ou diabetes?' Eu não fazia isso antes, e minha suposição é que a maioria dos médicos também não faz", afirma Ansong.

"Com um histórico familiar, você está mais ou menos focado em pais, tios e tias, avós, e o que geralmente não perguntamos é: 'O que estava acontecendo no útero, dentro da barriga da mãe?'", acrescentou ela.

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